nunca

“Nunca lambi os dedos para virar folhas.”

“Nunca comi sushi.” “Nunca…” e estas afirmações são ditas com um orgulho desmedido. Pessoalmente nunca comi bisonte, nem centopeias, nem cão (acho eu), mas mosquitos já foram muitos os ingeridos involuntariamente. Gosto especialmente dos que afirmam “Nunca disse um palavrão.” A sério foda-se! Fantástico! Merecida medalha. Eu acho que um bom palavrão, o uso de calão em certas e determinadas situações compensa ter ouvido alguém, com coragem, afirmar “Nunca li Guerra e Paz, mas vi o filme.”

O “nunca” seguido de um “mas” é puro deleite. Pois quem o afirma sente-se mal pela anunciação do “nunca” e acrescenta o “mas” para mitigar o dano. É dar uma no tiro e outra na ferradura, é um soneto sem rima.

“Nunca fiz uma directa, mas já fumei ganza.” “Nunca dei um peido na cama, mas já arrotei.” Atitudes típicas de sociopatas.

Nunca digas nunca é o meu conselho.