Elvira Dark recorda-se do seu primeiro filme como se fosse hoje. Uma adolescente percorre um abandonado parque de estacionamento quando é vítima de um ataque tecnológico inaudito: é enforcada com um telefone sem fios até a cabeça ser decapitada. O arrojo de sangue marrom que besuntou a tela branca foi tão intenso que Elvira ficou nesse momento fascinada por sangue e por bifes tártaros.
O hoje é o dia da semana em que vai à reunião. Entrou sem qualquer receio na sala contígua à sacristia da Igreja Matriz em Barcelos, sem antes ter visitado o pelourinho. Sentia um dilacerante prazer ao imaginar o sofrimento e o sangue que aquelas pedras tinham testemunhado e bebido.
Na sala já se encontravam sentados em círculo Carl Maia, Francis Barnard, Cataline Stone, o orientador Hezekiah e surpresa… um novo membro.
‘Como já repararam temos hoje entre nós um novo membro’, iniciou a conversa Hezekiah após Elvira ter ocupado a cadeira remanescente, ‘e é altura de lhe desejar as boas vindas.’
‘Olá!’, responderam os membros em sincronia.
‘Olá. O meu nome é Bruce, Bruce Campbell e sou… não consigo, desculpem!’
‘Bruce se desejares podes apenas ouvir, não precisas de participar. Vai com calma. Todos nos sabemos o quanto é difícil’, aconselhou Hezekiah.
Elvira ficava constantemente extasiada pelo pescoço à touro seminal que Hezekiah exibia em cima de uns largos ombros. A imagem que se projectava, sempre, no seu pensamento era ela vestida apenas de luvas de mirtilo em azul a fazer carving na carne e ossos do portentoso Hezekiah com uma moto-serra STIHL MS 192 T. O seu delicioso devaneio durou pouco tempo; foi interrompido pelo gorgolejar a seco do novo membro.
‘Queres dizer alguma coisa Bruce?’, questionou Hezekiah.
‘Sim. O meu nome é Bruce Campbell e sou viciado em filmes Série B.’