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a substância do amor e outras crónicas de josé eduardo agualusa

A crueldade feminina fascina os homens. Amar uma mulher sem veneno é como jogar à roleta-russa com uma pistola fulminante. A obscura força que leva um sujeito a lançar-se da Pedra da Gávea, no Rio de Janeiro, preso a uma frágil lona (um parapente ou um asa-delta), em direção ao imenso abismo azul, aos prédios aguçados, às areias luminosas da praia do Pepino, é a mesma que o precipita, indefeso e nu, para os braços de uma mulher. 

Quando o louva-a-deus encontra a sua deusa e esta lhe diz vem, vou-te comer, o infeliz sabe que aquilo não é uma metáfora. Mesmo assim, seguro de que depois do amor será servido ao jantar, o louva-a-deus persigna-se e vai. É o que nós fazemos – homens e mulheres -, à procura do amor, em fuga do amor, desencontrados.

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Sei que já li em livros anteriores de José Eduardo Agualusa:

  • A Velha Esperança morreu sentada (conto)
  • O Último Andar (conto)
  • Dançar outra vez (crónica)
  • e outras referências

Qual a importância disso? Nenhuma e alguma – serve para sossegar a minha obsessão por pormenores, pois claro.

E quanto ao livro A Substância do Amor de José Eduardo Agualusa? Uau formidável; delirante – fantástico. Tanta coisa boa em poucas páginas.

o bosque dos pigmeus de isabel allende

Depois da Amazónia e dos Himalaias – cenários dos primeiros livros da trilogia -, desta vez a aventura decorre em África, onde Nadia e Alexander acompanham a avó Kate em mais uma expedição da International Geographic. Uma série de peripécias e os ciúmes de um elefante vão animar a semana que o grupo passa num safari. Mas o aparecimento de um padre espanhol vai alterar completamente os planos de terminar a reportagem e voltar para a capital, arrastando todo o grupo para um bosque misterioso habitado por pigmeus. Aí, e seguindo o rasto de dois missionários desaparecidos, instalam-se numa aldeia governada pelo rei Kosongo, pelo comandante Mbembelé e pelo bruxo Sombe, um triunvirato assustador que escraviza os pigmeus e o seu próprio povo para enriquecer com o contrabando. 

Porto Editora

A trilogia “As Memórias da Águia e do Jaguar” termina com chave de ouro com este livro. Adorei as aventuras de Nadia e Alexandre.


Os outros livros da trilogia:


Tradução de Maria Helena Pitta

lucky luke, a terra prometida

História com momentos divertidos. Continua a ser uma leitura recompensadora.

Os desenhos continuam a cargo de Achdé; o texto desta feita é da responsabilidade de Jul, autor da BD Silex and the City.

spirou e fantásio de franquin #4

Lido o quarto volume, O Refúgio da Moreia / Os Piratas do Silêncio da colecção integral Spirou e Fantásio de Franquin. Histórias que não perderam qualquer vivacidade. Divertidas quanto basta. O marsupilami foi uma excelente adição.

palavras repetidas, mas verdadeiras…

Neste número #4 temos:

  • O Refúgio da Moreia (1957), textos e desenhos de Franquin
  • Os Piratas do Silêncio (1958), textos e desenhos de Franquin

o fantasma de canterville e outras histórias de oscar wilde

Livro composto por quatro excelentes contos de Oscar Wilde.

  • O Fantasma de Canterville
  • A Esfinge sem Segredo
  • O Crime de Lorde Arthur Savile
  • O Milinonário Modelo

Esta edição da Alêtheia Editores falha pela não indicação do tradutor.

as mulheres do meu pai por josé eduardo agualusa

Ao morrer, o famoso compositor angolano Faustino Manso deixou sete viúvas e dezoito filhos. A filha mais nova, Laurentina, realizadora de cinema, tenta então reconstruir a atribulada vida do falecido músico. Em As Mulheres do Meu Pai, realidade e ficção correm lado a lado, a primeira alimentando a segunda. Nos territórios que José Eduardo Agualusa atravessa, porém, a ficção participa da realidade. As quatro personagens do romance que o autor escreve, enquanto viaja, vão com ele de Luanda, capital de Angola, até Benguela e Namibe. 

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Outro livro de José Eduardo Agualusa de grande qualidade, mas com um registo diferente. Uma história em que o parece que vai ser não o é.

Um livro de amor e desamor no qual a música é o fio condutor e o unificador comum.

devias ter-te ido embora por daniel kehlmann

Um escritor, a sua mulher e a filha de ambos, de 4 anos, alugam uma casa nos Alpes, mas alguma coisa não está bem. Ele trabalha arduamente na sequela do seu argumento cinematográfico mais famoso, mas repara que coisas estranhas se passam ali. As divisões da casa não estão no lugar onde deviam e começam a aparecer no seu caderno palavras que não foram escritas por si. Como foi que o mundo começou a perder o sentido? As próprias leis da física parecem ter sido subitamente suspensas.

Devias Ter-te Ido Embora lê-se de uma penada. Volta-se umas páginas atrás e segue-se em passo de corrida.

O suspense construído é perfeitamente sustentado pelos esforços do escritor em tentar perceber os acontecimentos, cada vez mais misteriosos, que o cercam. Mesmo não tendo certeza de que ele possa estar a ter ou não alucinações, ficamos intrigados para descobrir o que está a despoletar os acontecimentos.

Devias Ter-te Ido Embora, apesar de ser um livro pequeno, é complexo e estruturalmente sólido. É surrealista e perturbador, mas igualmente libertador. Um livro poderoso.


Tradução de Ana Falcão Bastos.

um coração simples de gustave flaubert

Um excelente conto, Un cœur simple, do autor de três excelentes obras que tive o prazer de ler: Madame Bovary, Salambô e A Educação Sentimental. Um Coração Simples foi publicado em 1877 no livro Trois Contes em conjunto com “La Légende de Saint Julien l’Hospitalier” e “Hérodias” .

“Um Coração Simples” de Gustave Flaubert espelha minuciosamente a vida monótona e sem amor de uma criada pobre e sem instrução. Flaubert neste poderoso conto elabora um estudo doloroso das limitações humanas e da solidão que elas criam.

Em “Um Coração Simples” Flaubert deixa espaço suficiente para permitir interpretações diferentes. Mas seja qual for a interpretação a conclusão é única: “Um Coração Simples” é uma obra de arte profundamente comovente e extremamente bela.

regresso à patagónia de bruce chatwin e paul theroux

Este pequeno livro raro e de culto resulta do encontro de dois dos mais importantes autores de literatura de viagens. Bruce Chatwin escreveu a obra de referência Na Patagónia, que Theroux levava em mente e na bagagem quando partiu para a Terra do Fogo na viagem que deu origem a The Old Patagonian Express (O Velho Expresso da Patagónia). Em Regresso à Patagónia reúnem-se textos dos dois autores, num guia relâmpago das histórias da região (segundo o The Independent), juntos em temas tão diversos quanto “Animais e pássaros estranhos” e “A perplexidade de Darwin”.

Quetzal Editores

Para ser sincero este livro não foi uma leitura que me divertiu por aí além. Os textos dos dois autores são um pequeno guia de histórias sobre a região. Enfim, uma referência bibliográfica.

Mas Paul Theroux ainda consegue escrever algumas frases que destoam e ainda bem.


Tradução de Maria do Carmo Figueira

o reino do dragão de ouro por isabel allende

A estátua do Dragão de Ouro permanece oculta num pequeno e misterioso reino encravado na Cordilheira dos Himalaias. Segundo reza a lenda, este magnífico objeto, um poderoso instrumento de adivinhação incrustado de pedras preciosas, guarda a paz destas terras. Uma paz que agora, devido à cobiça na alma dos homens, pode vir a ser perturbada.
Em O Reino do Dragão de Ouro, Isabel Allende convida-nos a entrar numa dupla aventura. Alexander Cold, a sua avó Kate e Nadia Santos, os protagonistas de A Cidade dos Deuses Selvagens, voltam a reunir-se. O leitor viverá com eles as suas peripécias e vicissitudes, na beleza nua e límpida das montanhas e vales dos Himalaias, agora na companhia de novos amigos.

Wook

Lido com imenso prazer o segundo volume da trilogia As Memórias da Águia e do Jaguar. Apesar de poder ser considerada uma leitura para jovens adultos, para quem gosta de colagens, não deixa de ser uma história que se lê sem qualquer dificuldade e que diverte.

As personagens criadas ficam na memória.


Lido:


Tradução de Maria Helena Pitta