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a transformação

Hoje pela madrugada dentro estava com os pés completamente gelados e o resto do corpo a tremer que nem decrépitas bandeiras de Portugal penduradas nas varandas ao sabor do vento. Quando o frio começou a subir pelas canelas e a alastrar pelos membros inferiores temi pela saúde do meu pénis e dos meus exuberantes testículos.
Estaria a transformar-me em vampiro? Claro que no clássico vampiro que pede licença para entrar em casa e não aquele que come vegetais ou anda à luz do dia. Um dos motivos que me leva a adorar os vampiros é esta refinada educação. O vosso deus, por exemplo, está em todo o lado e nem pediu permissão para estar neste preciso momento a ler o que estou a escrever por cima dos meus ombros.
Esta ideia romântica de transformação foi afastada pela resposta da minha mais-que-tudo, após ter bocejado um arrepiado “Estou cheio de frio e a tremer. O que se passa?”. “Olha que eu estou cheia de calor.” foram as suas palavras jocosamente apunhaladas nos meus ouvidos.

Assustei-me.

Estaria a minha energia vital a ser sugada? Passados estes anos todos seria a minha companheira de cama uma real Sil? Uma parasita cibernética do planeta “estou-realmente-lixado-da-cabeça“?
“Agora é que não me safo”, sussurrei para a minha almofada.
Senti uma mão a penetrar-me nas costas, a subir até ao pescoço e a dizer “Estás cheio de febre.” A mão e corpo saiu da cama e foi para a cozinha preparar qualquer poção diabólica ao melhor estilo de chá de Santo Daime. Soube isto quando me foi oferecido um copo de líquido branco e efervescente com um irritado “toma isto e vê se me deixas dormir”. Bebi calado e bem caladinho. Não me lembro de adormecer.

Acordei. A fêmea alfa já não estava na cama. Teria sido tudo um pesadelo?

joão amaral, a entrevista a quatro visões

João Amaral foi a minha grande descoberta no panorama da banda desenhada portuguesa nos finais da década de 90 através da revista Selecções BD. Fiquei fascinado pelos seus desenhos hiper-realistas e pelo facto de não existirem na prancha vinhetas estanques. As imagens corriam livres – uma delícia.

O autor continua a surpreender com uma capacidade ímpar para digerir novos estilos. É o caso do seu Fred e, mais recentemente do álbum “Cinzas da Revolta” no qual explora sem dificuldade um estilo diferente.

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cinzas da revolta: textos de miguel peres, desenhos de jhion (joão amaral)

Pelo que tenho em rascunho, indico os seus trabalhos por ordem cronológica:

  • A Voz dos Deuses (1994)
  • Quid Novi in Imperium? – Que Há de Novo no Império? (1999-2000)
  • O Fim da Linha (2000-2001)
  • Missão Quase Impossível (2003)
  • O Menino Jesus fez-se homem (2004) – ilustrações
  • A História de Manteigas no Coração da Estrela (2006)
  • Bernardo Santareno-Fragmentos de uma Vida Breve (2006)
  • Príncipe Valente no século XXI (2007)
  • A Espada Desaparecida (2008) – ilustrações
  • História de Fornos de Algodres (2008)
  • O Gui, a Nô… e os Outros (2006-2008)
  • Ok Corral (2008)
  • Fred & Companhia (2010-)
  • Cinzas da Revolta (2012)

Acho que não me escapou nada. Se existir algum lapso, corrijam-me sff.

Mas João Amaral, depois de desenhar bem e contar histórias com mestria, ainda se dá ao luxo de criar easter eggs nas suas pranchas. Neste desenho que faz parte do álbum “Bernardo Santareno-Fragmentos de uma Vida Breve” podemos descobrir com algum esforço um João Amaral, como ele bem diz e muito bem, “numa aparição hitchcockiana no meio da multidão“.

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bernardo santareno – fragmentos de uma vida breve

E agora sem mais delongas a entrevista.

1. afinal quem é João Carlos Saraiva Amaral aka Joca aka Jhion? qual o sentido de tantos nomes? é por uma questão de estilo? ou para criar confusão no leitor?
Assim, até parece que somos muitos, não é verdade? A questão dos nomes é fácil de explicar. Em relação ao Jhion, pensei que estava na altura de arranjar um pseudónimo, uma vez que este álbum, As Cinzas da Revolta, em termos gráficos, muito pouco ou nada tem a ver com os meus trabalhos anteriores. Ora, eu já tinha usado este pseudónimo uma vez que concorri juntamente com o Jorge Magalhães, com uma banda desenhada a Moura (o OK Corral). Aí, éramos obrigados a usar pseudónimo e eu, na altura, inventei este que penso ter uma sonoridade parecida com João e já o usei noutras coisas que fiz e que apareceram no blogue. Agora, pela razão que já disse, pensei que fazia todo o sentido utilizá-lo e gosto por ser um nome curto. Além, de que, se procurares na net João Amaral é um nome terrivelmente comum (risos). Quanto ao Joca é uma junção dos meus vários nomes e utilizo-o para as coisas humorísticas que, de vez em quando, vou fazendo.

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2. qual é a sensação de ter um filho, Fred, mais velho do que tu? afinal já tem mais de 100 tiras publicadas e li em qualquer lado que uma tira é um ano de vida?
Bem, por essa ordem de ideias, o puto está mesmo velhote. E, vendo bem as coisas, já percebo porque é que, por exemplo, o Quino é eterno. É, provavelmente à conta dos bons milhares de tiras que fez. Pois, não sei… O que sei é que o Fred foi um desafio que fiz a mim próprio há já alguns anos, no sentido de fazer qualquer coisa de diferente num formato que até então não tinha utilizado: a tira. Isto já foi nos idos anos 90. Mas a coisa, na altura, ficou-se apenas por uma ou duas tiras. Há cerca de dois anos, e depois de ter publicado no blogue alguns postais que fiz utilizando a personagem, tive boas reações e acabei por voltar outra vez ao desafio, sem saber muito bem o que é que se iria passar e de lá para cá já lá vão mais de cem tiras…

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bernardo santareno

3. como consegues desenhar mulheres lindas, elegantes e sensuais? não perdes a concentração?
Não, pelo contrário. As mulheres lindas levam-me muito mais tempo e exigem-me o dobro da concentração, pois são mais difíceis de desenhar (risos). E lembro-me de, quando era miúdo desenhar mulheres que metiam medo ao susto, por mais bonitas que eu quisesse que ficassem. Por isso, para chegar a uma figura feminina aceitável, tive que trabalhar muito. Os homens são muito mais fáceis. Qualquer carantonha ou corpito servem. Eu penso, e isso é uma opinião pessoal, que às desenhadoras é muito mais fácil desenhar mulheres, enquanto que a nós homens se passa exactamente o mesmo em relação às figuras masculinas. Claro que, depois, com a técnica isso se vai diluindo…

4. adoras o género western, para quando uma banda desenhada com cowgirls ao melhor estilo do rancho das coelhinhas?
É capaz de ser uma boa ideia. Eu, uma vez até pensei em fazer precisamente um western em que a protagonista e a vilã fossem mulheres. Mas até ver, ainda está em águas de bacalhau. Pode ser que um dia me dedique a isso, até porque isso era uma bd que reunia duas coisas de que eu gosto muito: o western e desenhar meninas.

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o que se passa na cabeça das mulheres?

5. cinzas da revolta é o teu ultimo trabalho assinado com o nome Jhion, no próximo trabalho também vais criar outro pseudónimo?
Não, para já, chega de pseudónimos, até, porque se continuar assim, qualquer dia e, como tu dizes, o pessoal fica confuso, sem saber muito bem quem é quem (risos).

5. e agora uma pergunta mais séria e pessoal: és uma pessoa circunspecta de sorriso fácil por que usas óculos? ou serve para assustar potenciais chatos? ou até és uma pessoa relaxada que usa óculos?
Ah, isso é que é uma pergunta séria? Bem, uso óculos por culpa das muitas horas que passo ao computador e, provavelmente, por culpa do PDI. Ainda consegui viver trinta e tal anos sem óculos, mas agora, nada feito. Agora, não serei, com toda a certeza, uma pessoa mais ou menos simpática ou relaxada por causa disso. Os óculos, como as canetas. os lápis ou o computador são apenas uma ferramenta, no caso para ver o que estou a fazer um pouco melhor e não, não se destinam a afastar potenciais chatos.

O meu sincero agradecimento a João Amaral por ter a paciência e amabilidade para responder às minhas perguntas malucas.
Aproveitam para comprar o maravilhoso álbum Cinzas da Revolta e informo que alguns dos seus trabalhos anteriores ainda podem ser comprados em livrarias online.
João Amaral é um autor que merece ser lido, porque apresenta trabalhos com qualidade, e acarinhado porque, apesar das dificuldades que existem em lançar novas bandas desenhadas em Portugal, não desiste.[1] a fotografia foi rapinada do site Tex Willer Blog
[2] por indicação de João Amaral, informo que a menina que aparece ao seu lado no desenho de “Bernardo Santareno-Fragmentos de uma Vida Breve” é a sua mulher.
Todas as imagens são propriedade de João Amaral e são utilizadas apenas para fins informativos no contexto do post joão amaral, a entrevista a quatro visões

venda de sangue

Qual a minha surpresa, mas não total, era mais que previsto, ao ver em Barcelos a primeira loja franchisada de compra de sangue e de órgãos.
Como estava a ser sangrado pelo Estado mais que “social“, pelos bancos e outros parasitas, sem a aplicação de um qualquer hirudo medicinalis ao melhor estilo medieval, até que perdi qualquer vontade de viver, vender um pulmão e um rim para liquidar a totalidade dos meus débitos foi uma decisão fácil de tomar.

Vi-me passados 30 dias com uma conta do hospital impossível de suportar. Hoje venderei o meu coração para ser cremado e atirado aos quatro ventos.

ana vidazinha, uma visita ao forno

Hoje realizo a Ana Vidazinha uma necrópsia ao melhor estilo sofista. Para quem não sabe Ana Vidazinha escreveu em perfeita simbiose com Hugo Teixeira o álbum de banda desenhada “Mahou Na Origem da Magia” e tem no forno em modo grill simples o segundo volume – não tenham medo o forno tem um bloqueio de segurança. Sei de fonte segura que teremos um segundo álbum com “uma bela mistura de amoras, framboesas, morangos e cerejas.” A originalidade foi combinar isto tudo com “uma bola de gelado stracciatella estrategicamente colocada no topo de tudo” – simples? sem dúvida, mas quem se iria lembrar disto? quem?? pois… Ana Vidazinha.

E ao contrário de Hugo Teixeira que gosta de cenas ela gosta de coisas. Tem uma queda para a tortura médica, considerada in por quem visita dólmenes; é bafejada por um palato fora do comum.

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mahou, na origem da magia

Foi a entrevista possível tendo em conta que o microondas tinha acabado de fazer beep – altura para levar o caldo de legumes ao bichano da casa.

1. acreditas que atrás de um homem está sempre uma mulher pronta a lhe fustigar com o rolo da massa ou é mais um mito urbano? já que qualquer homem come com prazer as vossas experiências culinárias?
– Não sei, eu não sou mulher para fustigar com rolos da massa. Em caso de necessidade de armamento prefiro o bisturi, a serra oscilante e o berbequim ortopédico. E uma seringa de quetamina.

2. sabendo que tu és uma grande mulher achas que por essa ordem de raciocínio Hugo Teixeira é um grande homem? ou só de perfil é que engana?
– Não, não, cá em casa sou só eu que sou gorda. Bem, eu e o gato.

3. na altura de dar mimos ficas durante quanto tempo indecisa entre os dois bichanos da casa? e sempre que escolhes o mais fofo é por causa dos bigodes?
– Enquanto decido o gato não espera e instala-se logo no meu colo. Não são os bigodes, é o ronron que me vence.

4. não achas que se Hugo Teixeira tivesse uma dieta à base de brócolos pintalgados com bacon estaria menos virado para certas cenas e inclinado para as cenas que realmente interessam?
– Não resulta, tenho experimentado. Melhores resultados têm as pataniscas de bacalhau. Acabam é depressa.

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ana vidazinha

5. sei que escreves mais rápido do que o Hugo Teixeira tenta desenhar. Já pensaste em lhe colocar um ultimato tipo “ou avanças com essa prancha ou passo eu a desenhar as tuas cenas?” ou achas que com isso ele regressava à infância que realmente nunca deixou e passaria todo o tempo a brincar com legos?
– Uia, isso era uma ameaça mais para mim que para ele. Não, cada página que escrevo é uma estratégia de fuga. Faço-a, entrego-lha, ele atira-se a ela e enquanto está ocupado, eu posso esquecer que tenho mais pra escrever e dedicar-me a outras coisas.

6. quanto à banda desenhada achas que vais à frente do Hugo Teixeira ou atrás dele? ou tudo depende de quem leva a chave do carro?
– Os nossos carros só têm dois lugares: não dá para ir ninguém atrás. Ainda assim, se um dia tivermos um carrinho de mão prefiro que ele vá atrás a conduzi-lo enquanto eu vou refastelada à frente, no veículo, a ler um livro de BD.

Fiquei a saber que Ana Vidazinha com coisas faz magia na cozinha e com palavras magia nos livros.
Se não tiverem a oportunidade de visitar a cozinha de Ana Vidazinha, temos pena; comprem o seu livro Mahou, Na Origem da Magia e mergulhem numa receita que faz bem ao coração.

[1] a imagem de Crumble de Frutos Vermelhos foi rapinada do blog A Casa da Vidazinha
[2] a imagem do dólmen rapinada do perfil da Ana Vidazinha no Facebook
Bom apetite!

hugo teixeira, a cena de uma entrevista

Hoje acordei com uma ideia a moer-me cá na orelha esquerda. Quem é Hugo Teixeira? O que se passa dentro daquela carola que ele teima em embelezar com headphones todos marados? Terá uma mente perversa que tenta disfarçar com fotos, enviadas via express Instragam, de um gato mais fofo que a Madre Teresa? E a barba servirá para esconder marcas de guerra de paintball? Ou desde que começou a ver Dr. House acha que uma barba mal aparada é sinal de gajo que domina diferenciais?

Foi com a ideia de perceber quem é Hugo Teixeira que lhe coloquei uma série de perguntas armadilhadas, porque na realidade é um teste psicotécnico. Espero provar que Hugo Teixeira é um anão disfarçado que assassina caracóis em manteiga 100% reciclada como combustível para criar magia.

Bora lá:

1. já sei que não sabes desenhar, por isso qual o teu truque para ofereceres pranchas de imensa qualidade?
eh pá, questão difícil, ainda hoje disse isso, eu não sei desenhar, mas sei fazer cenas, cenas tas a ver, aquilo que eu QUERO realmente fazer… só não me venham com matemática!

2. não tens medo de ser sequestrado para apresentares o mais breve possível o volume II MAHOU, Na origem da Magia – por que a existir culpado és tu e não Ana Vidazinha?
Pá não sei qual é a idade dos raptores, se forem os miúdos das imensas escolas que ando por esse país afora era mesmo curtido, podia melhorar a história mil vezes… agora imagina se fossem os meia dúzia de nerds portugueses O_O

3. quando comes caracolis atacas o bicho morto com um grafo ou um um palito?
Com os dentes às vezes ou então faz-se aquele barulho específico, shlep! ao chupar.

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mahou, na origem da magia

4. não andas a perder tempo demais com o Instagram quando podias avançar mais no mundo da magia?
Através do instagram incito magia, já reparaste, tudo tem a sua magia, mesmo que seja…uma foto a um esqueleto…
Quando era puto (ainda sou, mas o reumático está a querer instalar-se) gostava imenso de ver locais de onde os outros desenhavam e coloriam, aí sim era um mundo mágico para mim. Quero oferecer isso.

5. quando não brincas de DJ, ou tentas enfrentar um dólmen, tens tempo para pensares em banda desenhada? ou achas que aqui neste país é um caso perdido?
esta é difícil. pá! Dolmens é só nas férias, brincar de dj é uma coisa que já cá está desde que oiço música, agora para me acalmar e concentrar brinco com isso, ah e legos também. O país não mas eu sou um caso perdido, completamente entregue a mim mesmo.

6. não tens medo de te tornares um cromo da BD sempre de barba por desfazer? ou achas que isso é o teu estilo?
Sempre chamei preguiça à barba. Pronto tenho que marcar mais sessões de tosquia com a veterinária, mas diz lá, dá um certo estilo não?

7. hum não existe 7, mas eu respondo: pá porque é que perdi tempo com isto e daqui a pouco vou perder ali tempo no national geográfic com a tv em temporizador e acordar amanhã à tarde
E voltar a repetir tudo… ah! não! É amanhã, (hoje? sempre perdido no tempo) o Amadora BD, vou ver pessoal que não vejo há bue, vai ser porreiro!

Comprem um livro e pranchas originais fantásticas que eu tenho para venda, não sei desenhar mas sei fazer cenas, montes delas.


Afinal quem é Hugo Teixeira?
Uma coisa é certa é um tipo que tem um fetiche por cenas realmente mágicas!
Por isso comprem o seu livro Mahou, Na Origem da Magia e mergulhem sem dificuldade num mundo de verdadeira magia feita de palavras e imagens. Aproveitem que ele vai estar presente no Amadora BD; para o encontrar nada mais fácil, basta seguir as setas.

maria mariquitas, a entrevista

Maria Mariquitas teve a coragem, diga-se de louvar, de responder a algumas questões que me iam na alma, alma em sentido literário, já que sou ateu, o que só demonstra que é uma grande mulher medida em termos cúbicos – serei magnânimo e acrescento ao melhor estilo Dupond et Dupont que é uma grande mulher que leva à letra “Liebe Ist Für Alle Da“.

Aqui temos a entrevista possível tendo em conta que esta semana encontramos Sol em Escorpião com Ascendente em Leão.

1. Mariquitas é um nome com algum sentido escondido ou é apenas um nome pensado para se ficar com a ideia de coisa “fofa“?
Mariquitas significa Joaninha em espanhol, que em certos países da américa latina, é mais sinónimo de praga do que de coisa fofa, por isso se à primeira vista tem um ar fofo, pode mais aprofundadamente ser verdadeiramente assustador…

2. E voltando ao nome não o achas pernicioso tendo em conta que pode evocar mariquices?
É certo que me chamam muitas vezes de Mariquinhas, mas nunca me ofendeu…

3. Amor ao quadrado 25cmx25cm. Não achas que com essas medidas estás a colocar o amor numa moldura de vidro. Amor que deve ser livre e sem medidas?
Nunca tinha visto as coisas sobre esse prisma, mas vou lançar uma colecção xxl de tamanho 50×50 para “dar mais espaço” ao Amor.. a outra hipótese é retirar o vidro e deixar o amor livre e desimpedido.

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amor ao quadrado em moldura 25×25 (uma visão epistemológica do sentimento, amor)

4. Se eu te encomendasse um amor ao quadrado no qual quisesse ver exibido o amor que tenho à minha virilidade eras artista para encarar o projecto com seriedade? Ou ficarias constrangida ao descobrires que ainda existem coisas tão pujantes que iriam certamente castrar a tua musa?
Como artista tenho de estar aberta a novos desafios, mesmo que me deixem de tal forma assustada que não consiga responder ao resto das perguntas.

5. O teu mercado é totalmente feminino ou tens algum macho que ainda não assumiu a sua feminilidade?
O meu mercado, é quase exclusivamente feminino, mas tenho muitos fãs homens na comunidade o que revela certamente uma sensibilidade grande da parte deles.

6. Estás satisfeita ao cubo com as tuas realizações artísticas?
Completamente, mas estou sempre a pensar que não consigo fazer melhor o que me angustia profundamente.

7. Já pensaste em alargar os quadrados a um mercado mais gótico? Ou vais permanecer nesta cena de que o amor é que está a dar?
Acho o amor estará sempre presente naquilo que faço, mesmo que um dia troque o cor de rosa pelo preto.

Paulo, foi a entrevista mais maluca que já dei na minha vida!!!!

Obrigada!

Não tens de quê. Eu adoro provocar convulsões únicas.

cerveja artesanal do minho – sabores tradicionais

O objectivo único de ir a Vila Verde foi descobrir em primeira mão as cervejas produzidas pela Cerveja Artesanal do Minho que tem ao seu comando Filipe Macieira e Francisco Pereira. O restante programa oferecido pela Festas das Colheitas veio a reboque.

cervejas

as cervejas

O que dizer então das cervejas que partem desta ideia:

A “Cerveja Artesanal do Minho” é uma cerveja especial cujo método artesanal de fabrico e o uso de matéria-prima 100% natural dão origem a uma cerveja mais aromática, com um sabor mais intenso e uma ligeira turvação devido à filtração parcial da levedura. Pretende-se oferecer ao consumidor a possibilidade de poder apreciar novos sabores e texturas, diferenciando-se da cerveja actualmente produzida e consumida em Portugal.

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os arrebatamentos

Degustei em ambiente aprazível um tipo de cerveja – ou, para ser mais correcto, três sub-tipos dentro do mesmo estilo, ale. Sei que o ideal era não fazer misturas, mas que se lixe o ideal e que venha o êxtase de sabores.
Tenho de agradecer a Francisco Pereira a sua amabilidade e paciência, numa altura de grande confusão, em disponibilizar uns bons minutos de conversa para falar um pouco do projecto, das cervejas, dos planos futuros e do que se prevê ser um fantástico Oktoberfest a 20 de Outubro em Moinhos, Gême, Vila Verde.

  • red ale: sub-tipo da cerveja ale, é oferecida com boa cor, espuma cremosa, cheiro delicado e um sabor furtado harmonioso; é fácil ficar enamorado por ela. Gostei da aposta nesta cerveja ale. O que me faz ficar ansioso por provar a sua irmã mais clara, a india pale ale, que se encontra neste preciso momento a descansar no frigorífico.
  • weiss: outra boa surpresa, e que é mais uma vez uma ale, feita à base de trigo, em que se destaca uma adorável cor turva; o seu sabor é persistente e permanece ainda durante bastante tempo, por isso a cerveja deve ser bem distribuída na boca para que tenha um bom contacto com a língua; achei-a bem encorpada e bastante refrescante.
  • stout: é outra ale, mas de cor preta, com um forte sabor a chocolate, café e malte torrado. Fiquei, ainda, com a sensação de um ligeiro travo a caramelo, mas já não tenho certeza; amei o amargo deixado na boca. Nesta altura ataquei uma fatia de bolo de cerveja para tentar limpar o paladar (hehehe, impossível limpar o paladar com um bolo à base de cerveja – é o momento de humor deste meu registo) e dei duas, ou três amostras do bolo ao meu amigo Rui ao melhor estilo “olha o avião“, não confundir com a estupidez musical “Anda Comigo Ver os Aviões“, okay!

Tenho para provar a pilsener, a única lager, que deve ter o característico sabor suave (e amarga) e a belgian ale que será maravilhosa pelo seu sabor intenso (mas pouco amarga) – que espectacular dualidade.

paulo, cervejas

eu e as cervejas

Os dois mestres-cervejeiros estão de parabéns e têm aqui, neste sujeito que está a terminar este sequioso texto, um admirador. Espero que a minha positiva experiência seja multiplicada exponencialmente por muitas mais pessoas.

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a minha compra

a normalidade do anormal

Para se escrever uma boa ou má história basta iniciar a sua escrita. O que depois salta para o papel é que marca a diferença. Saber logo agora que a história é uma anormalidade é normal, especialmente para mim, e quando o assunto trata “agrafos” não haverá dúvidas. Tenho pois de agradecer ao responsável deste blog a possibilidade que ele me dá para eu escrever alguns devaneios… de má qualidade.

Como já indiquei hoje falarei de agrafos, do ódio que tenho a esses pedaços de metal. Corrijo-me, do ódio que tenho à utilização do agrafador. Descobrir que o agrafador está vazio sem qualquer pré-aviso. Pimba! Pumba! – nada de agrafos, e agora que aquelas folhas de papel ficaram milimetricamente posicionadas para serem unidas é para dizer pouco, frustrante.

A única coisa que pode ser colocada quase e pé de igualdade de ódio é descobrir que aquela caixa de preservativos apenas está a ocupar espaço na gaveta. Nesta situação não odeio nem o preservativo, nem o seu uso. O meu ódio é redirecionado para a besta, eu, que foi suficientemente desleixada para perder uma queca potencialmente boa.

Recordo-me que houve uma altura, era eu mais novo, em que estive perante a ausência do acessório de látex exigido pela minha parceira, mas esta teve a amabilidade e esperou na minha cama enquanto eu fui adquirir uma caixa. Infelizmente não encontrei qualquer estabelecimento farmacêutico aberto e as caixas anónimas de distribuição de preservativos ou estavam vazias ou não funcionavam.
Infelizmente a parceira já não estava à minha espera para receber a triste notícia e partilhar a descoberta de uma solução de satisfação mútua. Matei o acumulado desejo ao mais puro estilo onanista.

Qual a ideia deste desvario? perguntam. Respondo: desde quando uma história precisa de indiciar uma conduta ou servir para reflexão futura? O que posso afirmar é que ficar sem agrafos é uma foda, e sem preservativos não há foda. Que tal isto para moral?

o vosso pouco proactivo: BigPole

zona gráfica, volume ii

A Zona continua a ser uma leitura sempre agradável. A capa por Manuel Alves está excelente

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zona gráfica ii, mais rabiscos!

A sua mais valia é sem dúvida a variedade de estilos e personagens que descobrimos ao virar de cada página.

nu-men – guerre urbaine (tome 1)

Com “Nu-Men – Guerre Urbaine” (Tome 1) temos um novo? Fabrice Neaud a cores. A(s) sua(s) última(s) história(s), “Les Riches Heures” de 1995 a 2002 é (são) a preto e branco.

Nu-Men desenrola-se num adorável mundo distópico:

Num futuro próximo, um vulcão destruiu o continente norte-americano, um vírus eliminou 99% da população Africano e as tensões são elevadas na Europa, onde as eleições terão lugar em um cenário de tensões culturais. No meio de toda esta algazarra surje, Csymanovski Anton, um soldado do exército europeu.

Quadrants Solaires

Fabrice Neaud continua com um estilo muito próprio e neste seu novo álbum continua a contar uma história com um ritmo soberbo – a seguir.

O album “Nu-Men – Guerre Urbaine” (Tome 1) foi editado em Janeiro pelas edições Quadrants Solaires.

História lida nas revistas: L’Immanquable N° 12 e 13