Artigos

babilónia por yasmina reza

Tudo começa com uma festa de primavera em casa de Elisabeth e Pierre. Os convidados são sobretudo casais de meia-idade e, de entre eles, os vizinhos de cima formam o mais singular: o homem, Jean-Lino, de ascendência italiana e judaica, é uma pessoa comum, tímida, que conversa frequentemente com a vizinha de baixo; a mulher, Lydie, é uma figura exuberante que canta jazz num bar e é terapeuta em variadíssimas disciplinas new-age. Ainda que tão diferentes, parecem ser um casal relativamente equilibrado e feliz. A noite avança e com ela a festa, bem como a nossa observação dos convivas e seus comportamentos, acentuados pelo álcool, pelo desejo ou pela ocasião social.

Quetzal Editores

Livro delirante. Cínico, escorregadio, perturbador, sarcástico.

Uma boa leitura.

Tradução de Sandra Silva

peso pesado por scott snyder e greg capullo

Peso Pesado é a continuação a história iniciada no volume anterior e colocou em cena elementos que nunca imaginaria que funcionariam: um Batman sem Bruce Wayne.

Bloom a nova personagem é realmente espectacular. Os desenhos continuam a ser excelentemente sombrios.

a nuvem de smog e a formiga argentina por italo calvino

“A Nuvem de Smog” é um conto continuamente tentado a tornar-se outra coisa qualquer: ensaio sociológico ou diário íntimo. Imagem e ideograma do mundo que temos de enfrentar é o smog, a névoa fumegante e carregada dos detritos químicos das cidades industriais. “A Formiga Argentina”, que o autor quis juntar a “A Nuvem de Smog” por uma afinidade estrutural e moral. Aqui, o “mal de vivre” vem da natureza: as formigas que infestam a Riviera.

Editorial Teorema

Dois excelentes contos que se colam ao leitor e o incomodam pela inquietude que transmitem.

A angústia apenas ataca o jornalista da cidade e o casal do meio rural. As personagens sentem-se incomodados pelo meio em que caíram apenas por que não o aceitam.

Em ambas as histórias o que parece ser uma ameaça à vida das pessoas, o cinzento desolado da poeira ou a invasão das formigas, é percebido como parte integrante da vida das pessoas excepto para aquelas que não se adaptam à nova realidade

a morte do comendador por haruki murakami (a ler)

Terminei a leitura do livro “A Morte do Comendador” (vol. I) por Haruki Murakami e foi uma leitura… uau. Excelente.

Já tenho o volume II d’ “A Morte do Comendador”, mas vou esperar um par de dias para começar a lê-lo. Quero adiar o prazer único que vou sentir.

Entretanto vou ler dois contos do mestre Italo Calvino “A Nuvem de Smog” e “A Formiga Argentina” editados pela Teorema. Vai ser uma leitura e pêras.

os poços em haruki murakami

Se já em “Crónica do Pássaro de Corda” de Haruki Murakami, lido em Maio de 2017, o escritor utiliza um poço como “comburente” da narrativa, no qual Toru Okada desce para pensar. Agora em “A Morte do Comendador” um poço torna-se, também, um dos elementos da história.


Imagem retirada daqui.

porto-sudão por olivier rolin

Em Porto-Sudão, nas margens do Mar Vermelho, onde desempenha vagas funções de capitão de porto, o narrador é informado de que A., seu amigo de juventude, se suicidou. Juntos, na Paris de 68, tinham desenhado sonhos de um mundo mais justo, mais aventuroso, mais poético. A. tornara-se escritor; ele refugiara-se num exílio marítimo: ambos talvez procurando escapar às garras do mundo tal como ele é. Vinte e cinco anos depois do seu último encontro, o narrador decide regressar a Paris e procurar explicações para o gesto do amigo. Descobre uma história de amor infeliz, de um vazio avassalador, de um sofrimento de corpo e espírito, que por fim parece falar a um só tempo de Paris e de Porto-Sudão, cidades de todos os naufrágios. Maravilhoso relato de um amor onde «falta um corpo cuja marca invisível continua a fazer-se sentir», Porto-Sudão foi galardoado com o Prémio Femina 1994.

Livros do Brasil

Depois de ter lido três livros de Olivier Rolin de “viagens” este “Porto-Sudão” foi uma boa surpresa – primeiro estranha-se, depois entranha-se…

Muito agradável.


Tradução de João Duarte Rodrigues

homem-aranha, caído entre os mortos

Se já não fazia ideia de coleccionar a “A Colecção Definitiva do Homem-Aranha”, porque como pode ser definitiva se há histórias sempre on going, muito menos depois de ler o primeiro número da colecção comprado ao preço de 2,99€, preço promocional.

História sem sabor. Com apenas uma pitada de sal aqui e ali tem como resultado, naturalmente, uma cena insossa.

barroco tropical por josé eduardo agualusa

Uma mulher cai do céu durante uma tempestade tropical. As únicas testemunhas do acontecimento são Bartolomeu Falcato, escritor e cineasta, e a sua amante, Kianda, cantora com uma carreira internacional de grande sucesso. Bartolomeu esforça-se por desvendar o mistério enquanto ao seu redor tudo parece ruir. Depressa compreende que ele será a próxima vítima. Um traficante de armas em busca do poder total, um curandeiro ambicioso, um antigo terrorista das Brigadas Vermelhas, um ex-sapador cego, que esconde a ausência de rosto atrás de uma máscara do Rato Mickey, um jovem pintor autista, um anjo negro (ou a sua sombra) e dezenas de outros personagens cruzam-se com Bartolomeu, entre um crepúsculo e o seguinte, nas ruas de uma cidade em convulsão: Luanda, 2020.

Quetzal Editores

Será uma opinião telegrama. Adorei. Agualusa nunca me deixa de espantar.

comer/beber por filipe melo e juan cavia

Dois contos que se cruzam na relação — simultaneamente universal e pessoal — entre o paladar e a memória.

Tinta da China

Outro pequeno grande livro no qual o champanhe e a tarte de maçã são personagens por mérito próprio.

O que começou por ser um convite para a revista Granta 9 (Maio de 2017) na qual foi apenas publicada a história Sleepwalk (comer) Comer/Beber presenteia dois contos de uma beleza gráfica e narrativa a todos os níveis.

jogo final por scott snyder e greg capullo

O 80.º aniversário de Batman foi o ponto de partida para a nova colecção da Levoir, distribuída com o jornal o Público.

Terminei ontem de ler o primeiro volume de 10 e fiquei aturdido pela fantástica história de mistério e terror oferecida. Os desenhos sombrios que acompanham a história combinam na perfeição – casamento feliz.