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o pequeno deus cego

Já li muitas críticas sobre a obra “O Pequeno Deus Cego”, história de David Soares, desenhos de Pedro Serpa, umas más, outras menos más, outras sem sentido, umas boas, outras muito boas, mas grande parte das críticas negativas têm uma coisa em comum: o leitor sentiu-se chocado. Fico feliz por isso.

Se o livro que lemos não nos acorda com um murro no crânio, para quê lê-lo? Para que nos faça felizes, como escreves? Por Deus. Sê-lo-íamos da mesma maneira se não tivéssemos livro nenhum, e, se fosse necessário, poderíamos escrever os livros de que precisamos para sermos felizes. Muito pelo contrário, necessitamos de livros que sobre nós exerçam uma acção idêntica à de uma desgraça que muito nos tenha afligido, tal como a morte de alguém que amássemos mais do que nós mesmos, como se fôssemos proscritos, condenados a viver nas florestas, afastados de todos os nossos semelhantes, como num suicídio – um livro deve ser o machado que quebre o mar congelado em nós. É assim que eu penso.

Frank Kafka, Carta a Pollak, 27 de Janeiro de 1904

 

Gosto de ler livros que me fazem passear na praia, sentir a areia a fugir por entre os dedos, mas adoro acima de tudo livros que me fazem reflectir, pensar, questionar.

David Soares consegue em cada história esse objectivo e neste “O Pequeno Deus Cego” ainda tenho os excelentes desenhos de Pedro Serpa. “O Pequeno Deus Cego” é um refrescante dry martini, temperado aqui e ali com uma azeitona verde, com a descoberta de novos sabores a cada sorvedela – fantástico.

“O Pequeno Deus Cego” pode ser lido sentado, deitado, de bruços; não obstante, qualquer que seja a posição, permite várias leituras e revela que David Soares explora a natureza humana com uma mestria acutilante. Ninguém fica indiferente a “O Pequeno Deus Cego” pelo argumento e pelo trabalho visual de Pedro Serpa (desenhador a seguir com muita atenção).

a dúvida, a exclamação, a solução

Aqui estão mais duas tentativas de desenho do master wizard.

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thorgal, o senhor das montanhas (álbum 15)

“O Senhor das Montanhas”, que teve a sua primeira publicação em out.1989 é o segundo álbum da colecção Thorgal editada pela Asa/Público.

“O Senhor das Montanhas” da dupla Grzegorz Rosinski (desenhos) e Jean Van Hamme (texto) é sempre uma boa leitura, até para quem não conhece as anteriores aventuras de Thorgal visto não existir na história qualquer referência importante a acontecimentos anteriores.

orull – o senhor das nuvens

“Orull, le souffleur de nuages” é uma série da responsabilidade de Tiburce Oger (desenhos) e Denis-Pierre Filippi (textos) que teve editada em francês 5 álbuns, 1 deles fora de colecção.

  1. Rêves de nuages
  2. Le Géant Oublié
  3. Elline
  4. Le souffleur de feu

O álbum “Orull – O Senhor das Nuvens” (Orull, le souffleur de nuages, de 1998), fora de colecção, foi o único álbum, salvo erro meu, editado pela Meribérica em 2001 e também o único que li.

No álbum tudo é perfeito, os desenhos são delirantes, o texto está bem urdido. É uma série para descobrir mais aventuras.

as extraordinárias aventuras de dog mendonça e pizzaboy – apocalipse

Filipe Melo (texto), Juan Cavia (desenhos) oferecem uma nova aventura de Dog Mendonça e Pizzaboy.
Agora deixaram de ser umas incríveis aventuras e passaram a ser extraordinárias.

E com isto está tudo dito. O primeiro volume é incrível. O segundo é extraordinário.

Para descobrirem a diferença, comprem e leiam: não vão ficar desapontados.

black stone, les magiciens (tome 1)

Adorei “Black Stone, Les Magiciens” (tome 1) com história de Éric Corbeyran e desenhos a cargo de Éric Chabbert.

lido na L’Immanquable n.º 13 e 14

hugo teixeira

Integrado no programa da Semana da Leitura 2012 da Escola Secundária de Barcelos que decorre de 5 a 8 de Março houve no dia 6 a apresentação do livro de BD “MAHOU, Na origem da Magia” com a presença do desenhador Hugo Teixeira – foi, com toda a naturalidade, o momento mais alto do programa.

mahou, na origem da magia

mahou, na origem da magia

A paixão pelo trabalho de Hugo Teixeira ocorreu com a leitura das revistas Zonas e intensificou-se com “Bang-Bang Ultimate 1“.

Só dei conta que Hugo Teixeira, em parceria com Ana Vidazinha, tinha lançado um álbum de banda desenhada quando o vi nas estantes da Fnac de Braga (depois besuntei-me de raiva quando descobri que alguma blogesfera já o tinha nas mãos). O álbum foi folheado ligeiramente e a frase que explodiu nos meus lábios foi “olha-me esta!” – as pranchas tinham o nome de Hugo Teixeira, mas o que eu lhe conhecia até então dizia-me que aquelas cores, as texturas, as pranchas não eram Hugo Teixeira. Ontem, após, uma suculenta apresentação da obra, das personagens, descobri o porquê.

Hugo Teixeira não é apenas excelente naquilo que faz, mas consegue sem dificuldade transmitir em amena cavaqueira o seu amor pela banda desenhada. Sem gaguejar explicou muito do processo mágico que está por trás de “MAHOU, Na origem da Magia”. Desenha, escreve, monologa e dialoga com mestria – parabéns. A sua apresentação foi, pois, espectacular em todos os sentidos.

Foi humilde, o que revela grande coragem, em afirmar que está em constante aprendizagem e que a sua teimosia o leva a experimentar coisas novas.

Os dois criadores, não posso enaltecer apenas os desenhos e deixar de lado o maravilhoso texto de Ana Vidazinha, de “MAHOU, Na origem da Magia” oferecem uma história para ser lida, vista, sonhada de inúmeras formas. Ainda ontem li o álbum com outros olhos. E não deixa de ser fascinante como o disse ontem que é uma história tão mágica que a minha filha, ainda sem saber ler, já se apaixonou pela magia das cores – de vez em quando pede-me para ler os textos que já sabe de cor.

Agora ela tem o seu MAHOU e eu tenho o meu, entregue directamente via Hugo Teixeira – fiquem com inveja.

hugo_teixeira

a passagem do testemunho!

le pilote à l’edelweiss: valentine (tome 1)

“Le Pilote à l’Edelweiss: Valentine” (tome 1) com desenhos de Romain Hugault e história de Yann não me convenceu muito.
A pouca originalidade da história e a dificuldade em distinguir os dois irmãos são para mim os dois aspectos negativos do álbum.

De positivo é a existência de pranchas verdadeiramente sublimes e realistas. Romain Hugault desenha aviões como ninguém – os combates aéreos, a luz no metal são de grande beleza.

O álbum faz parte de uma mini-série de três álbuns a editar pelas edições Paquet na colecção cockpit.

História lida nas revistas: L’Immanquable N° 11, 12 e 13

les enquêtes insolites des maîtres de l’etrange: l’ange tombé du ciel (tome 1)

“Les enquêtes insolites des maîtres de l’étrange: L’ange tombé du ciel (tome 1)” é o primeiro álbum de uma história em dois volumes com desenhos e argumento de Li-An, cores de Laurence Croix.

découvrez Aglaëe Aglaé et les Maîtres de l’Étrange enquêtant sur la mort mystérieuse d’une jeune femme trouvée dans la neige sans aucune trace de pas autour d’elle ! Visitez les tavernes louches des extérieurs de Paris ! Tremblez devant le grand singe blanc !
Une histoire en hommage à Sherlock Holmes et Arsène Lupin, deux personnages dont je dévorais les aventures dans ma jeunesse.

via Li~An

Li-An, baptizado como Jean-Michel Meyer (o responsável pelos desenhos dos oito álbuns “Le Cycle de Tschaï” (baseados em histórias de Jack Vance) e pelo excelente “Gauguin, Deux voyages à Tahiti”) oferece uma história cheia de mistério e humor que se lê muito bem.

História lida nas revistas: L’Immanquable N° 10, 11 e 12

demolidor: amor e guerra

“Daredevil: Love and War” (1986) tem tudo para ser uma leitura sempre fácil.
– argumento de Frank Miller
– desenhos de Bill Sienkiewicz

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demolidor: amor e guerra, página 5

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demolidor: amor e guerra, página 38