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madrox, o homem-múltiplo

Aventuras sem muito sabor. Deu para discorrer o tempo entre um livro e outro e descobri uma personagem que desconhecia e pouco mais… ah! excepto que a imagem desta personagem – Fortão – me levou a recordar o fantástico RanXerox, criação máxima de Stefano Tamburini e Tanino Liberatore – histórias lidas na saudosa revista espanhola “El Víbora”, comprada na livraria Bertrand no Porto (Rua 31 de Janeiro).

fortão

A imagem supra levou à seguinte recordação…

ranxerox

Uma personagem com histórias mais do que espectaculares.

sucesso de martin amis

É um livro de mentirosos. De mentiras. De enganos. Desenganos. Os dois narradores Terry e Gregory mentem com quantos dentes têm e sem dentes. Enganam-se a si próprios e ao leitor. O leitor é o recipiente último das loucuras, divagações, preocupações dos dois narradores.

a narração de Terry:

— Olá — disse eu. — Como te sentes? Como foi o teu dia?
— Qual dia? — perguntou ele.
— A coisa está má, hein?
— Absolutamente um horror. A manhã de hoje parece tão longe como a infância. Sinto-me tão fraco que não posso fazer nada para passar o tempo. E assim o tempo não passa.
Perante o belo incentivo deste queixume agradavelmente ensaiado, quase deixei cair o meu saco do álcool quando o Gregory disse a seguir, num tom interrogativo:
— Terry, fica cá em cima esta noite e anima-me. Vá lá. Nem sei dizer como estou deprimido. Por exemplo, conta-me o teu dia. Como foi? Anda, serve-te de um copo e senta-te (…)

página 134

e a de Gregory:

— Greg, estas acordado? — chama ele.
— Acho que sim respondo.
— Olá. Como estás? Como to sentes?
— Sobe?
Comovente, isto. A minha doença parece ter tornado fácil ao Terry expressar a sua total preocupação comigo. Todas as outras coisas que empecilham as nossas relações, toda a inveja, espanto e culto do herói passaram para segundo plano por uns tempos.
(…)
E arrancou… para uma história miserável sobre um ou outro daqueles cretinos, labregos e pseudogente que trabalham no mesmo chiqueiro tenebroso que ele.

página 139

No meio de esperanças, narração de sonhos perdidos, conquistas não conseguidas o leitor vai descobrindo duas personagens que se odeiam mutuamente, mas que perfidamente precisam uma da outra para se odiarem – o ódio é o que as une; ódio a si, aos outros.

O humor, o sarcasmo, a ironia são as notas constantes – uma maravilha este “Sucesso” de Martin Amis.

Tradução de Telma Costa

the subjugate by amanda bridgeman

Leitura, na escala de classificação cinematográfica de Paxo, catita. Este livro da australiana Amanda Bridgeman coloca, sem dificuldade, KO a última trilogia de John Scalzi (que é uma coisa fraca, pior de que filmes de Série B).

Apesar de o enredo estar longe de ser original, mas o que é actualmente original? este “The Subjugate” tem uma história que envolve e que agrada e diverte sem pretensões de qualquer espécie.

Não é The Wire, nem Blade Runner, mas vale por si.

os vivos e os outros de josé eduardo agualusa

Outro livro maravilhoso de José Eduardo Agualusa.

Livro poético, apaixonante – de vozes tão diferentes, mas harmoniosas. Uma sinfonia de palavras.

com borges de alberto manguel

Este livro maravilhoso oferece aos leitores uma chave para abrir mais do que uma das portas secretas para o mundo encantado de Borges.

Mahmoud Darwish

Um livro muito pequeno, mas grandioso.

Rita Almeida Simões

best served cold by joe abercrombie

Esta história de Joe Abercrombie no mesmo mundo da Primeira Lei é excelente e não desaponta. Tem personagens muito interessantes, violência, sexo, humor – tudo muito bem equilibrado.

Gostei.

o homem corvo de david soares

Conheçam o Homem Corvo: um ladrão de lágrimas, que entra à noite nos quartos de meninos tristes. Mas numa noite especial, em que cada barulhinho parece um barulhão, ele espanta-se por encontrar uma coisa que sempre desejara ter: um coração.

Wook

História fantástica; fotografias deslumbrantes.

Os criadores David Soares, Ana Bossa e Nuno Bouça criaram uma aventura mágica.

sete para a eternidade, vol 1 de remender e opeña

Uma banda desenhada realmente brutal, visceral, nos textos, nos desenhos e nas cores.

Sete Para a Eternidade de Rick Remender, Jerome Opeña & James Harren (que desenha os #7-8 de Sete para a Eternidade e aqui os desenhos perdem quando a mim um pouco de fôlego) tornou-se numa leitura tensa, estranha, memorável.

A ideia, até pode não ser nova, mas a execução é brilhante.

G Floy para quando o segundo volume?

Tradução de Filipe Faria

o papagaio de faulbert de julian barnes

Amo Gustave Flaubert. Os romances Madame Bovary, Educação Sentimentale e Salammbô, o conto Um Coração Simples são magistrais.

Quando descubro assim como en passant o livro O Papagaio de Flaubert de Julian Barnes sabia que o tinha de ler. Não desaponta. Vai além do esperava.

Tradução de Ana Maria Amador

dois anos, oito meses e vinte e oito noites de salman rushdie

No futuro próximo, depois de Nova Iorque ser assolada por uma tempestade, principiam acontecimentos estranhos, como por exemplo, um jardineiro descobrir que os seus pés já não tocam no chão, ou uma bebé identificar a corrupção com a sua mera presença. Sem o saberem, todos eles são descendentes dos seres fantásticos, caprichosos e lúbricos conhecidos como jinn, que vivem num mundo separado do nosso por um véu. Há séculos, Dunia, uma princesa dos jinn, apaixonou-se por um ser mortal, um homem racional. Juntos, tiveram um número espantoso de filhos, que se espalharam ao longo de gerações pelo mundo humano e não têm consciência dos seus poderes fantásticos.

Quando a linha entre os mundos se quebra a grande escala, os filhos de Dunia e outros desempenharão um papel numa guerra épica entre a luz e as trevas ao longo de mil e uma noites — ou seja, dois anos, oito meses e vinte e oito noites. Uma época de enorme perturbação, na qual as crenças são postas em questão, as palavras funcionam como veneno, o silêncio é uma doença e um ruído pode conter uma maldição oculta.

Wook

O primeiro livro que li de Salman Rushdie foi uma leitura memorável. Realmente surpreendente e brilhante – fantástico.

Tradução de Ana Saldanha