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no cemitério père lachaise

Esta escultura cemiterial, em bronze, no cemitério Père Lachaise, representando uma criança sentada numa poltrona com seu cão é referida no livro “Rei dos Espinhos” de Mark Lawrence.

O cemitério alongava-se por distância escondida, uma necrópole oculta. Chamam-lhe Perechaise em livros poeirentos (…)
Vi-a pela primeira vez no outono, muito tempo antes, quando as folhas caídas se empilhavam, escondendo o cão de pedra que perseguia.

página 69

aqui tinha falado desta nova Terra. Com este novo pormenor talvez possa arriscar dizer que o Castelo Alto é a Torre Montparnasse.

tour montparnasse

o homem que escrevia azulejos de álvaro laborinho lúcio

A Cidade e a Montanha vigiam-se mutuamente, num jogo de espelhos e de contrários, numa geometria de centros e periferias, num enredo de poderes e de ocultações, onde muitas são as maneiras de viver a clandestinidade e muitas são as clandestinidades: escondidas, distantes; umas, vividas; outras, à vista de todos. Dois homens, Marcel e Norberto, atravessam, juntos, todo o tempo de uma vida. Escolheram, para viver, a ficção, e é nela que são clandestinos. Com eles vêm encontrar-se João Francisco e Otília. Ele, violinista e professor de música, ela, a sua jovem neta, ambos na busca incessante do sublime, também eles recusados pela realidade. Um homem que escrevia azulejos – que reencontrou a utopia e gostava da sátira – reparou neles e pintou-os com palavras.

Quetzal Editores

Gostei do que li. Um livro que convida à reflexão de “nós e dos outros” e do conhecimento como instrumento de, digamos… redenção.

madrox, o homem-múltiplo

Aventuras sem muito sabor. Deu para discorrer o tempo entre um livro e outro e descobri uma personagem que desconhecia e pouco mais… ah! excepto que a imagem desta personagem – Fortão – me levou a recordar o fantástico RanXerox, criação máxima de Stefano Tamburini e Tanino Liberatore – histórias lidas na saudosa revista espanhola “El Víbora”, comprada na livraria Bertrand no Porto (Rua 31 de Janeiro).

fortão

A imagem supra levou à seguinte recordação…

ranxerox

Uma personagem com histórias mais do que espectaculares.

posologia

Quando estou a ler um romance estou quase sempre a ler um livro de contos e um livro de não-ficção. Presentemente estou a ler:

Nos últimos 45m antes de ser abraçado por Morfeu estou refastelado a ler no mínimo um conto e um capítulo.

sucesso de martin amis

É um livro de mentirosos. De mentiras. De enganos. Desenganos. Os dois narradores Terry e Gregory mentem com quantos dentes têm e sem dentes. Enganam-se a si próprios e ao leitor. O leitor é o recipiente último das loucuras, divagações, preocupações dos dois narradores.

a narração de Terry:

— Olá — disse eu. — Como te sentes? Como foi o teu dia?
— Qual dia? — perguntou ele.
— A coisa está má, hein?
— Absolutamente um horror. A manhã de hoje parece tão longe como a infância. Sinto-me tão fraco que não posso fazer nada para passar o tempo. E assim o tempo não passa.
Perante o belo incentivo deste queixume agradavelmente ensaiado, quase deixei cair o meu saco do álcool quando o Gregory disse a seguir, num tom interrogativo:
— Terry, fica cá em cima esta noite e anima-me. Vá lá. Nem sei dizer como estou deprimido. Por exemplo, conta-me o teu dia. Como foi? Anda, serve-te de um copo e senta-te (…)

página 134

e a de Gregory:

— Greg, estas acordado? — chama ele.
— Acho que sim respondo.
— Olá. Como estás? Como to sentes?
— Sobe?
Comovente, isto. A minha doença parece ter tornado fácil ao Terry expressar a sua total preocupação comigo. Todas as outras coisas que empecilham as nossas relações, toda a inveja, espanto e culto do herói passaram para segundo plano por uns tempos.
(…)
E arrancou… para uma história miserável sobre um ou outro daqueles cretinos, labregos e pseudogente que trabalham no mesmo chiqueiro tenebroso que ele.

página 139

No meio de esperanças, narração de sonhos perdidos, conquistas não conseguidas o leitor vai descobrindo duas personagens que se odeiam mutuamente, mas que perfidamente precisam uma da outra para se odiarem – o ódio é o que as une; ódio a si, aos outros.

O humor, o sarcasmo, a ironia são as notas constantes – uma maravilha este “Sucesso” de Martin Amis.

Tradução de Telma Costa

the subjugate by amanda bridgeman

Leitura, na escala de classificação cinematográfica de Paxo, catita. Este livro da australiana Amanda Bridgeman coloca, sem dificuldade, KO a última trilogia de John Scalzi (que é uma coisa fraca, pior de que filmes de Série B).

Apesar de o enredo estar longe de ser original, mas o que é actualmente original? este “The Subjugate” tem uma história que envolve e que agrada e diverte sem pretensões de qualquer espécie.

Não é The Wire, nem Blade Runner, mas vale por si.

os vivos e os outros de josé eduardo agualusa

Outro livro maravilhoso de José Eduardo Agualusa.

Livro poético, apaixonante – de vozes tão diferentes, mas harmoniosas. Uma sinfonia de palavras.

com borges de alberto manguel

Este livro maravilhoso oferece aos leitores uma chave para abrir mais do que uma das portas secretas para o mundo encantado de Borges.

Mahmoud Darwish

Um livro muito pequeno, mas grandioso.

Rita Almeida Simões

best served cold by joe abercrombie

Esta história de Joe Abercrombie no mesmo mundo da Primeira Lei é excelente e não desaponta. Tem personagens muito interessantes, violência, sexo, humor – tudo muito bem equilibrado.

Gostei.

o homem corvo de david soares

Conheçam o Homem Corvo: um ladrão de lágrimas, que entra à noite nos quartos de meninos tristes. Mas numa noite especial, em que cada barulhinho parece um barulhão, ele espanta-se por encontrar uma coisa que sempre desejara ter: um coração.

Wook

História fantástica; fotografias deslumbrantes.

Os criadores David Soares, Ana Bossa e Nuno Bouça criaram uma aventura mágica.