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blueberry #25 – sombras sobre tombstone de charlier e giraud

“Jogador profissional abatido pelas costas”, anuncia a edição especial do Tombstone Epitaph. Nada de extraordinário, não fosse o jogador chamar-se Blueberry, uma verdadeira celebridade, segundo Campbell, jornalista em Boston. Mas mesmo com três balas no corpo, Blueberry não morre! Mal abre um olho, Campbell precipita-se para a sua cabeceira a fim de resgatar as memórias do herói. A coisa começa mal, porém: o seu primeiro feito consiste em apanhar uma bebedeira, acabando a chafurdar numa pocilga com os porcos… Entretanto, Strawfield celebra, com grande aparato, a partida para Tucson do seu carregamento de prata, que os Clanton planeiam atacar, disfarçados de Apaches. E é com a sombra de Gerónimo a pairar sobre as colinas que o ataque se consuma…

Bandas Desenhadas

É o segundo álbum do ciclo Mister Blueberry, no qual Giraud continua a série; assegura o desenho e também o argumento.

Os desenhos continuam deslumbrantes. A história caminha para uma violenta apoteose – cheia de flashbacks.

Tradução de Paula Caetano

o coração é o último a morrer de margaret atwood

Charmaine e Stan estão desesperados: sobrevivem de pequenos trabalhos menores e vivem no carro. Portanto, quando veem um anúncio a Consiliência, uma «experiência social» que oferece empregos estáveis e casa própria, inscrevem-se imediatamente. A única coisa que têm de fazer em troca é ceder a sua liberdade mês sim, mês não, trocando a sua casa por uma cela da prisão. Não tarda, porém, que Stan e Charmaine, sem o saberem um do outro, comecem a desenvolver obsessões apaixonadas pelos seus «Alternantes», o casal que ocupa a sua casa quando estão na prisão. E assim mergulham num pesadelo de desconfiança, culpa e desejo.

Bertrand

História que não me deslumbrou. Não estou a acertar com a autora. Já só tenho um livro para ler da autora na palete.

Tradução de Ana Falcão Bastos e Cláudia Brito

viagem a itália de johann wolfgang von goethe

Nesta viagem aprendo certamente a viajar; se aprendo a viver, isso não sei. As pessoas que parecem sabê-lo são tão diferentes de mim na sua natureza e nas suas maneiras, que não creio que possa aspirar a esse talento.

página 292

Viagem a Itália é um livro de viagens muito diferente do que já li. É, claro, um relato de uma experiência num país estrangeiro, mas acima de tudo um registo autobiográfico. Goethe deixa transparecer para o leitor as suas dúvidas, os seus desejos, e também, as suas idiossincrasias. Viagem a Itália acaba por contribuir para a construção de uma nova estética goetheana.

No livro ainda consta o ensaio sobre o “Carnaval romano“.

Tradução de João Barrento

os despojados de ursula k. le guin

Em Anarres, um planeta conhecido pelas extensas áreas desérticas e habitado por uma comunidade proletária, vive Shevek, um físico brilhante que acaba de fazer uma descoberta científica que vai revolucionar a civilização interplanetária. No entanto, Shevek cedo se apercebe do ódio e desconfiança que isolam o seu povo do resto do universo, em especial, do planeta gémeo, Urras.
Em Urras, um planeta de recursos abundantes, impera um sistema capitalista que atrai Shevek, decidido a encontrar mais liberdade e tolerância. Mas a sua inocência começa a desaparecer perante a realidade amarga de estar a ser usado como peão num jogo político letal.
Que esperança e idealismo restam a Shevek, aprisionado entre dois mundos incapazes de ultrapassar as diferenças? E ao desafiar ambos os regimes políticos, conseguirá ele abrir caminho para os ventos da mudança?

Lido pela primeira vez com 17 anos (1985), numa edição das Publicações Europa-América, quando estava em França a passar umas longas férias, “Os Despojados, Uma Utopia Ambígua” de Ursula K. Le Guin foi um livro que me marcou.

edição pelas publicações europa-américa em dois volumes

Quando a Saída de Emergência decidiu reeditar esta obra magistral comprei-a, sem sobressaltos, assim que lhe coloquei os olhos em cima. Adiei foi o prazer da sua releitura até que, enfim, tive de pegar no livro.

Terminei-o hoje e continua a ser um livro cheio de vivacidade, com personagens marcantes – uma história intemporal.

Tradução de Fernanda Semedo

A revisão podia ser mais cuidada. O livro apresenta algumas gralhas desnecessárias.

O livro é composto por 13 capítulos identificados de Capítulo 1 ao Capítulo 13.
Na edição das Publicações Europa-América os 13 capítulos têm a seguinte denominação:

  1. ANARRES. URRAS
  2. ANARRES
  3. URRAS
  4. ANARRES
  5. URRAS
  6. ANARRES
  7. URRAS
  8. ANARRES
  9. URRAS
  10. ANARRES
  11. URRAS
  12. ANARRES
  13. URRAS. ANARRES

blueberry #24 – mister blueberry de charlier e giraud

Tombstone, 1881. Chegado há uma semana no hotel Dunhill, um misterioso jogador incendeia todas as noites as mesas de póquer e todos os homens abastados da região se acotovelam para o defrontar. Mas esta figura enigmática acaba por suscitar o interesse de muitas outras pessoas, por razões variadas que vão muito para além do mero póquer. Blueberry – pois não é ele senão a intrigante personagem – ganhou alguns cabelos brancos e a sua vida resume-se agora a estas partidas de cartas, que se sucedem umas atrás das outras. Ele que já não quer senão calma e tranquilidade, acaba por se ver colocado no centro das atenções, com a sua mesa de póquer a transformar-se num redemoinho que pode acabar por o engolir…

Bandas Desenhadas

É o primeiro álbum, de 1995, do ciclo Mister Blueberry, no qual Giraud continua a série após o falecimento de Charlier, passando, também a assumir o argumento, apesar de em 2007 ter sido editado o álbum Apaches, que cronologicamente decorre antes de Mister Bluberry.[1]


[1] Tem como ponto de partida flashbacks contidos nos volumes 24 a 28, para formar uma única história linear, e contem, igualmente, algumas novas pranchas. Essas pranchas serão as últimas produzidas por Jean Giraud para a série Blueberry.

Tradução de Paula Caetano

blueberry #05 – a pista dos navajos de charlier e giraud

Blueberry, com a ajuda de MacClure e Crowe, tentar convencer os chefes apaches a porem fim à guerra contra os brancos. Em atenção a Crowe, que em tempos o havia salvado, Cochise aceita encontrar-se com Blueberry. Mas Quanah, entretanto chegado ao acampamento índio e disposto a impedir esse encontro a qualquer preço, anuncia que as armas prometidas pelo governador Armendariz seriam entregues dentro de seis dias. Trata-se nada mais nada menos do que 200 espingardas modernas, que seguramente colocariam os índios em vantagem face aos caras-pálidas. A notícia acaba por chegar ao conhecimento de Blueberry e de MacClure, que decidem impedir a entrega das ramas e defrontar Quanah numa derradeira batalha…

Bandas Desenhadas

A conclusão da história iniciada em Forte Navajo. É o quinto e último álbum do primeiro ciclo da série, denominado Ciclo das Primeiras Guerras Índias.

Tradução de Paula Caetano

a espada do destino de andrzej sapkowski

Aqui se apresentam várias histórias excelentes. Nas duas últimas, “A Espada do Destino” e “Algo Mais” é apresentada a personagem Cirilla e são plantadas as sementes para a Saga do Bruxo.

Andrzej Sapkowski continua a não desiludir com histórias bem escritas e personagens cada vez mais memoráveis.

Tradução de Tomasz Barcinski

nação crioula de josé eduardo agualusa

Nação Crioula conta a história de um amor secreto: a misteriosa ligação entre o aventureiro português Carlos Fradique Mendes – cuja correspondência Eça de Queiroz recolheu – e Ana Olímpia Vaz de Caminha, que, embora tenha nascido escrava, foi uma das pessoas mais ricas e poderosas de Angola. Nos finais do século XIX, em Luanda, Lisboa, Paris e Rio de Janeiro, misturam-se personalidades históricas do movimento abolicionista, escravos e escravocratas, lutadores de capoeira, pistoleiros a soldo, demiurgos, numa luta mortal por um mundo novo.

Quetzal Editores

Outro livro de grande qualidade – José Eduardo Agualusa no seu melhor.

Fradique Mendes é uma personagem tão real como as melhores invenções.

a sociedade dos sonhadores involuntários de josé eduardo agualusa

O jornalista angolano Daniel Benchimol sonha com pessoas que não conhece. Moira Fernandes, artista plástica moçambicana, radicada em Cape Town, encena e fotografa os próprios sonhos. Hélio de Castro, neurocientista brasileiro, filma-os. Hossi Kaley, hoteleiro, antigo guerrilheiro, com um passado obscuro e violento, tem com os sonhos uma relação ainda mais estranha e misteriosa. Os sonhos juntam estas quatro personagens num país dominado por um regime totalitário à beira da completa desagregação.

Wook

Realmente fantástico. José Eduardo Agualusa nunca deixa de surpreender.

Com uma narrativa poética e comovente, viajando entre o passado e o presente da vida das personagens o autor apresenta um mundo cruel e caótico. O sonho será o mecanismo que permitirá transformar esse mundo em queda, num mundo mais equilibrado; enfim erguer uma Angola mais sensata.

O sonho é libertador?!

blueberry #02 – tempestade no oeste de charlier e giraud

Os Apaches reuniram todas as suas tribos para decidirem se vão ou não entrar em guerra com os caras-pálidas, e entretanto montaram um cerco a Forte Navajo, onde vários chefes apaches se encontram aprisionados. A angústia é grande no interior do Forte, que assim se encontra isolado do resto do mundo. Após uma traição do tenente Crowe tudo parece irremediavelmente perdido e Blueberry decide partir para Tucson em busca de reforços e de medicamentos para salvar o coronel Dickson, entre a vida e a morte. Conseguirá ele sobreviver a esta travessia do deserto? E se sim, conseguirá ele regressar a tempo? Os Apaches uniram-se entretanto a traficantes de armas mexicanos e parecem ter-se apoderado de toda a região…

Este álbum, continuação da história iniciada em Forte Navajo, continua a fazer-se valer.

Tradução de Paula Caetano