a substância do amor e outras crónicas de josé eduardo agualusa

A crueldade feminina fascina os homens. Amar uma mulher sem veneno é como jogar à roleta-russa com uma pistola fulminante. A obscura força que leva um sujeito a lançar-se da Pedra da Gávea, no Rio de Janeiro, preso a uma frágil lona (um parapente ou um asa-delta), em direção ao imenso abismo azul, aos prédios aguçados, às areias luminosas da praia do Pepino, é a mesma que o precipita, indefeso e nu, para os braços de uma mulher.
Quando o louva-a-deus encontra a sua deusa e esta lhe diz vem, vou-te comer, o infeliz sabe que aquilo não é uma metáfora. Mesmo assim, seguro de que depois do amor será servido ao jantar, o louva-a-deus persigna-se e vai. É o que nós fazemos – homens e mulheres -, à procura do amor, em fuga do amor, desencontrados.Wook
Sei que já li em livros anteriores de José Eduardo Agualusa:
- A Velha Esperança morreu sentada (conto)
- O Último Andar (conto)
- Dançar outra vez (crónica)
- e outras referências
Qual a importância disso? Nenhuma e alguma – serve para sossegar a minha obsessão por pormenores, pois claro.
E quanto ao livro A Substância do Amor de José Eduardo Agualusa? Uau formidável; delirante – fantástico. Tanta coisa boa em poucas páginas.