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nunca

“Nunca lambi os dedos para virar folhas.”

“Nunca comi sushi.” “Nunca…” e estas afirmações são ditas com um orgulho desmedido. Pessoalmente nunca comi bisonte, nem centopeias, nem cão (acho eu), mas mosquitos já foram muitos os ingeridos involuntariamente. Gosto especialmente dos que afirmam “Nunca disse um palavrão.” A sério foda-se! Fantástico! Merecida medalha. Eu acho que um bom palavrão, o uso de calão em certas e determinadas situações compensa ter ouvido alguém, com coragem, afirmar “Nunca li Guerra e Paz, mas vi o filme.”

O “nunca” seguido de um “mas” é puro deleite. Pois quem o afirma sente-se mal pela anunciação do “nunca” e acrescenta o “mas” para mitigar o dano. É dar uma no tiro e outra na ferradura, é um soneto sem rima.

“Nunca fiz uma directa, mas já fumei ganza.” “Nunca dei um peido na cama, mas já arrotei.” Atitudes típicas de sociopatas.

Nunca digas nunca é o meu conselho.

no cemitério père lachaise

Esta escultura cemiterial, em bronze, no cemitério Père Lachaise, representando uma criança sentada numa poltrona com seu cão é referida no livro “Rei dos Espinhos” de Mark Lawrence.

O cemitério alongava-se por distância escondida, uma necrópole oculta. Chamam-lhe Perechaise em livros poeirentos (…)
Vi-a pela primeira vez no outono, muito tempo antes, quando as folhas caídas se empilhavam, escondendo o cão de pedra que perseguia.

página 69

aqui tinha falado desta nova Terra. Com este novo pormenor talvez possa arriscar dizer que o Castelo Alto é a Torre Montparnasse.

tour montparnasse

malchik

Um dos habitantes mais populares da estação de Metro Mendeleyevskaya era um rafeiro apelidado de Malchik. O que o destacava dos outros canídeos era o facto de ter escolhido aquela estação de metro como residência definitiva. Protegia a estação e os seus frequentadores contra a presença de outros animais e bêbedos.

Em 2001, Yulia Romanova, matou à facada Malchik. Este incidente provocou uma revolta generalizada. Mais tarde, em 2007, através de uma recolha de fundos, foi erigida uma escultura em memória de Malchik chamada “Compaixão”.


Episódio narrado por Claudio Magris em “O rafeiro e uma modelo” no livro Instantâneos.

página 98

contrastes

Ontem vi um homem gordo. Realmente gordo. Orgulhosamente gordo. Esse gordo passeava-se com um cão esquálido preso a uma elegante correia. O contraste era tanto surrealista como anedótico. Imaginem um gigante Stay Puft de braço dado com uma ressequida girafa Geoffrey vítima da falência da Toys”R”Us.

defeated dogs by quentin s. crisp

Estou a ler (reler) este livro, Defeated Dogs, extraordinário de Quentin S. Crisp. Uma leitura, como gosto de dizer, sumarenta.

Um verdadeiro festim para a mente, where imagination triumphs over reason and logic or vice versa – outstanding!

Another memorable book published by Eibonvale Press.

lol, camouflage 8.1 – ishmael

The ship raced fast and the Jolly Roger waved proudly. Kissed by a steady wind the “Black” galleon caressed the waves sensuously – elegant. The buccaneers, led by Black Dog, knew that they would find good fortune as soon as they left the Bristol Harbor behind. Black Dog always had an ace up his sleeve, but this time he had the full deck. Black Dog obtained from Walter Raleigh, his great friend still imprisoned in the Tower of London for having seduced a handmaid of Queen Elizabeth I, the indication that El Dorado was located in the area of Guyana; in the tropical rain forest that extends from the mouth of the Orinoco to the Amazon: a better tip than this, impossible. Black Dog did not need great encouragement to aim to confirm firsthand the confidential information. If this proved to be true, Walter Raleigh would be a great friend; if it were false, Raleigh would not go through the shame of having been deceived. There are currently not many friends, true friends, like Black Dog: right? A golden friendship!
They landed on Tortuga for a light decompression and refueling. When they spotted Barbados, Black Dog ordered the crew to assemble on the deck. From the top of the castle, he told them they were going in search of the mythical El Dorado. His companions of fortune shouted sonorous “Hurrahs” and in joy sang the song:
‘Fifteen men on the dead man’s chest
Yo-ho-ho, and a bottle of rum!
Drink and the devil had done for the rest
Yo-ho-ho, and a bottle of rum!’

[… an excerpt …]

freedom

He took the dog on a leash, but it was the dog that guided him. The dog was old. The old man who accompanied him was much older. The only difference is that the dog was dragging on the ground two fat testicles and could defecate freely on the neighbor’s grass.

um pedido nada usual (excerto)

A fachada da companhia de multi-serviços 1.2rc2 é uma autêntica manta de retalhos. Reflexo da sobrevivência a três 1/2 terramotos, a dois tufões, a um ataque de harpias e, talvez a pior ocorrência, ter sido vítima inocente, na esquina octogonal lateral direita, logo a seguir à actualização 1.b, da mordida de Cerberus. Será, certamente devido a esses ataques, o motivo para a fachada não ter uma versão definitiva e actualizada.

É um edifício que aparenta estar a cair a qualquer momento, mas que é mais seguro do que um pudim molotov. E não deixa ser uma sublime visão arquitectónica para uns, ou uma aberração assustadora para outros. Acrescente-se o facto de ter, pelo que é dado a conhecer, duas portas de entrada e uma delas, introduzida na actualização rc1.b, estar colocada a trinta e cinco metros do chão. Podem dizer que a porta superior é apenas de saída, mas todos nós sabemos que primeiro as portas servem para entrar e só depois para sair.

Foi, pois, através da porta do rés-do-chão, na sua versão v1.0, que um homem de idade indecifrável entrou no edifício e se dirigiu com passo determinado ao balcão F1.
‘Quero encomendar um suicídio.’


informações: apenas um extracto da história

perguntas e mais perguntas

Exemplo de como responder com perguntas ou irritar exponencialmente uma pessoa.
Esta conversa aconteceu hoje de manhã entre a minha modesta pessoa e um palerma metido à burro.

— Estás chateado comigo Big?
— Fizeste ou disseste alguma coisa que me faça estar chateado contigo?
— Que eu saiba não.
— Então porque haveria de estar chateado contigo?
— Por nada. Foda-se que tu às vezes és parvo. Só complicas.
— Já reparas-te que agora é que tenho motivos para estar aborrecido contigo?
— Vai mas é à merda.
— À merda vou, mas só se te for ao cu. Posso?

A dita pessoa virou-me as costas e eu ganhei o dia.

Mais uma lição

do vosso bom falante: BigPole

as extraordinárias aventuras de dog mendonça e pizzaboy – apocalipse

Filipe Melo (texto), Juan Cavia (desenhos) oferecem uma nova aventura de Dog Mendonça e Pizzaboy.
Agora deixaram de ser umas incríveis aventuras e passaram a ser extraordinárias.

E com isto está tudo dito. O primeiro volume é incrível. O segundo é extraordinário.

Para descobrirem a diferença, comprem e leiam: não vão ficar desapontados.