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01 a 10, as perguntas

01. Qual a origem do seu nome?
— Os meus pais copiaram o meu nome de um saco de plástico.

02. Qual a última vez em que chorou?
— Hoje, após perder uma corrida contra um caracol.

03. Qual é a sua carne favorita?
— Carne morta.

04. Ainda tem as suas amígdalas?
— Sim, num frasco.

05. Acha que é forte?
— Sou forte e pesado. Pesadamente forte.

06. Qual a primeiro coisa que repara nas pessoas?
— A sombra.

07. Futebol ou basebol?
— Xadrez.

08. Cheiro favorito?
— Um livro aberto.

09. Filmes de terror ou filmes com finais felizes?
— Bons filmes.

10. Dia favorito da semana?
— Todos os dias são santos dias.

são cheiros

Desde que se recorda o cheiro das fezes incomoda-o. Foi tentando reduzir os odores nauseabundos experimentando mudanças alimentares. Apenas frutas, aqui apenas laranjas, maças, bananas, etc… e depois combinações de várias frutas; apenas insectos, combinações de insectos, insectos com frutas, com carne, com peixe, marisco, vegetais; apenas lacticínios, águas, vinhos, licores. Imaginem todas as variantes possíveis e imaginárias de comida e de qualquer coisa remotamente comestível. Nada resultou, os dejectos mudavam a consistência, mas o odor continuava a ser asqueroso.

Até que a solução lhe surgiu tão cristalina como o gelo. Desde que eliminou os receptores no nariz responsáveis pelo olfacto nunca mais teve problemas. Agora o mundo tem o cheiro ideal.

haverá

Haverá algo melhor do que sentir a chuva a cair no guarda-chuva ao som da Lacrimosa de Mozart, debitada directamente nos ouvidos, enquanto o cheiro da terra molhada te impregna o nariz, a humidade e o frio te rodeia e embala, além de estar sentado na cama, quente, aconchegado pelos lençóis e pelo corpo sensual que se entrelaçou no teu, enquanto sorves um golo de chá quente e te preparas para iniciar a leitura do Romance de Genji e vês no parapeito o gato a brincar com a chuva que bate hipnoticamente nos vidros da janela?

no smell

Um brincadeira inocente.

lol, camouflage 11.0 – spicy

Wearing a turban, his body covered with sandalwood ashes and painted with dye, his face decorated with an outline of a black beard, precariously wrapped in a ragged saffron robe, fastened on a piece of rope is a loincloth that pretends to hide his nakedness, with sacred beads and sequins around his neck, a gold chain looped on his right ankle, which makes him appear to be a young sadhu although he does not have any tilaka on his forehead, he walks through Rishikesh towards Haridwar.
A smile of pure satisfaction radiates from his face as his senses embrace the colors, smells and flavors of the spice stands that surround him.
Sitting near the bank of the Ganges River, wearing the shade of a tree, after having crossed the Laxman Jhula Bridge, he realizes how magnificent the smells of Rishikesh are and is proud to have chosen this pilgrimage route to the Maha Kumbha Mela. ‘It is incredible how in a crowd one can better perceive healthy solitude’ is the thought that arises before the undulating mystique of the Ganges River. It is this refuge that he needed and also the absorption of millennial energies.
It is almost sunset. The young sadhu rises and as he leaves behind the Ganges the aquatic magic is diluted harmoniously in the bustle of the metropolis and he feels like the link that unites the two landscapes. His readings taught him that there may be no chaos in chaos, as there may be no order in order, but these maxims begin to be broken when he is surrounded by a group of tourists who had hitherto been photographing the exterior of Trayambakeshwar.
‘A HOLY MAN!’ they shouted.
‘Holy? Where?’ he questions himself, but as he is pointed out by cell phones, he suspects that they think he is the saint, ‘crazy people!’

[… an excerpt …]

lol, camouflage 6.0 – orange juice

lol is sitting in a chair while nibbling, indecisively, between a croissant and a pains au raisins. From the balcony of one of the rooms on the third floor of the hotel Plage des Pins he enjoys a beautiful view of the blue sea and concludes that the smell of the Mediterranean Sea in Argelés-sur-Mer has a distinct fragrance. He finishes a delicious orange juice and decides to throw some balls – A game of pétanque is taking place on the beach.
‘Bonjour! Il y a une place pour une personne? J’ai mes propre boules.’
‘Bien sûr. Nous sommes jusqu’à fini ce match.’

lol smooths his mustache, fixes the béret and waits – satisfaction.

[… an excerpt …]

erro de sistema

Pequenos textos sobre “erro de sistema”.


erro de sistema!

o erro de sistema à distância de um click!


upDATE_17.09.2016
o erro de sistema nunca está de férias!


upDATE_18.09.2016
o erro de sistema trabalha 365 dias e descansa no 366, ou talvez não!


upDATE_19.09.2016
erro de sistema ao minuto.

o erro de sistema vai arrebentar pelas costuras.

‘Há muitas maneiras de me dizerem as coisas e como as coisas são transmitidas e como eu venho a saber, depois na realidade, repare: estava um caos, estava coisa, há quanto tempo foi? e não fizeram nada, então não estava assim tão mau, isso então não explodiu, nem foi pelo ar agora eu também digo assim, é necessário pedir as peças?’
Talvez sim… devido ao erro de sistema.


upDATE_20.09.2016
e não é que todos vamos ouvir… Carmina Burana!
à espera que o erro de sistema entre em licença sabática.

o erro de sistema não é humilde.
o erro de sistema extermina todos os processos cognitivos.
o erro de sistema é “Temor e Tremor”.


upDATE_21.09.2016
‘mas quem deu ordem para isso?”
‘um erro de sistema impede acesso à resposta.’
/>a recuperar de um erro grave…
/>a realizar uma manutenção cerebral… sem sucesso
/>a identificar o ficheiro danificado… sucesso
/>a identificar o ficheiro executor… sucesso
/>a reinstalar o cérebro em modo de segurança…
/>
/>erro de sistema


upDATE_22.09.2016
o erro de sistema não previne estrias corporais, estruturais e outras que tais.

o erro de sistema não é marca branca.

se o erro de sistema imprimir só a preto em folha branca é racismo.
se o erro de sistema imprimir só a preto em folha preta é redundância.

o erro de sistema é um lobo solitário, excepto quando imprime páginas em branco.


upDATE_23.09.2016
o erro de sistema não permite saídas à noite.

a lista Y deslocou-se para a pasta X porque pensou que o erro de sistema não estava operacional; ilusão! o erro de sistema estava em hibernação e logo exibiu uma mensagem: ‘deslocação sem permissão!’


upDATE_26.09.2016
o erro de sistema gosta de ti.


upDATE_27.09.2016
o erro de sistema não te vira as costas.

o erro do sistema não conhece a palavra “bug”.


upDATE_28.09.2016
o erro de sistema não processa caracóis.

o erro de sistema não precisa da ajuda do justiceiro, nem dos sete magníficos; ele é lei, juiz e carrasco.

cerveja artesanal do minho – sabores tradicionais

O objectivo único de ir a Vila Verde foi descobrir em primeira mão as cervejas produzidas pela Cerveja Artesanal do Minho que tem ao seu comando Filipe Macieira e Francisco Pereira. O restante programa oferecido pela Festas das Colheitas veio a reboque.

cervejas

as cervejas

O que dizer então das cervejas que partem desta ideia:

A “Cerveja Artesanal do Minho” é uma cerveja especial cujo método artesanal de fabrico e o uso de matéria-prima 100% natural dão origem a uma cerveja mais aromática, com um sabor mais intenso e uma ligeira turvação devido à filtração parcial da levedura. Pretende-se oferecer ao consumidor a possibilidade de poder apreciar novos sabores e texturas, diferenciando-se da cerveja actualmente produzida e consumida em Portugal.

0733

os arrebatamentos

Degustei em ambiente aprazível um tipo de cerveja – ou, para ser mais correcto, três sub-tipos dentro do mesmo estilo, ale. Sei que o ideal era não fazer misturas, mas que se lixe o ideal e que venha o êxtase de sabores.
Tenho de agradecer a Francisco Pereira a sua amabilidade e paciência, numa altura de grande confusão, em disponibilizar uns bons minutos de conversa para falar um pouco do projecto, das cervejas, dos planos futuros e do que se prevê ser um fantástico Oktoberfest a 20 de Outubro em Moinhos, Gême, Vila Verde.

  • red ale: sub-tipo da cerveja ale, é oferecida com boa cor, espuma cremosa, cheiro delicado e um sabor furtado harmonioso; é fácil ficar enamorado por ela. Gostei da aposta nesta cerveja ale. O que me faz ficar ansioso por provar a sua irmã mais clara, a india pale ale, que se encontra neste preciso momento a descansar no frigorífico.
  • weiss: outra boa surpresa, e que é mais uma vez uma ale, feita à base de trigo, em que se destaca uma adorável cor turva; o seu sabor é persistente e permanece ainda durante bastante tempo, por isso a cerveja deve ser bem distribuída na boca para que tenha um bom contacto com a língua; achei-a bem encorpada e bastante refrescante.
  • stout: é outra ale, mas de cor preta, com um forte sabor a chocolate, café e malte torrado. Fiquei, ainda, com a sensação de um ligeiro travo a caramelo, mas já não tenho certeza; amei o amargo deixado na boca. Nesta altura ataquei uma fatia de bolo de cerveja para tentar limpar o paladar (hehehe, impossível limpar o paladar com um bolo à base de cerveja – é o momento de humor deste meu registo) e dei duas, ou três amostras do bolo ao meu amigo Rui ao melhor estilo “olha o avião“, não confundir com a estupidez musical “Anda Comigo Ver os Aviões“, okay!

Tenho para provar a pilsener, a única lager, que deve ter o característico sabor suave (e amarga) e a belgian ale que será maravilhosa pelo seu sabor intenso (mas pouco amarga) – que espectacular dualidade.

paulo, cervejas

eu e as cervejas

Os dois mestres-cervejeiros estão de parabéns e têm aqui, neste sujeito que está a terminar este sequioso texto, um admirador. Espero que a minha positiva experiência seja multiplicada exponencialmente por muitas mais pessoas.

a_minha_compra

a minha compra

mc chouffe

lachouffe

la chouffe

Mc Chouffe, cerveja fabricada pela destilaria Brasserie d’Achouffe (Bélgica), é uma bebida de grande elegância.
Mc Chouffe faz parte da família Ale (Strong Dark Ale), com um teor de álcool de 8,0% e deve ser servida a uma temperatura entre 8 e 12 graus.

De cor castanha escura, em tons avermelhados, cheiro bastante agradável, deixa uma sensação cremosa na boca.

O aroma oferece um moderado malte tostado, café, lúpulo leve e álcool.

O seu sabor muito aromático e rico convida que sejam encontradas muitas ocasiões para a beber.
Hoje poderá ser um desses dias.

lapdance 1.01

Num abrir e fechar de olhos LapDance chegou ao destino. Claro que para quem tem dois dedos de testa, enfim, para qualquer entendedor mediamente inteligente LapDance nunca fechou os olhos; isso seria o convite ao suicídio. É um sujeito doido, até desleixado, mas não kamikaze. O que interessa para a nossa história é o facto de que viajou mais rápido do que uma lesma vítima inocente da toma de viagra.

Desligou a mota no parque reservado aos VIP. Levantou a viseira do capacete, adorava especialmente este momento mágico; enquanto posicionava o descanso admirou-se com os pneus esfarelados, sintoma de boas curvas e ardente velocidade; o crepitar do escape abriu-lhe o apetite para umas castanhas assadas na brasa. Ali de preto iluminado apenas pela luz do candeeiro público auto alimentado sentiu-se um homem capaz de enfrentar sem dificuldade qualquer problema que Nectarina tivesse ou viesse a ter.

Só depois deste inócuo narcisismo é que tirou o capacete, deixando-o a repousar no depósito de gasolina, e observou pasmado e com uma total incompreensão a Bolo-Rei. Olhava como uma vaca para o vazio deixado por um TGV que ora estava ali, ora já não. Os seus olhos presenciavam a ausência de luz onde esta deveria existir. Se estivesse com o capacete alojado na cabeça poderia usar como desculpa a massa anónima de insectos colados à viseira. A verdade é que os enormes tubos de néon que compunham em voltas e reviravoltas as letras da palavra Bolo-Rei estavam completamente às escuras – seria agradável um suave piscar, até uma faísca. O facto da Bolo-Rei ter a forma de um rectângulo de ouro não sossegava LapDance; e a agravar o quadro nem a luz piloto, amarela, que assinalava a campainha das traseiras emitia qualquer luminosidade. Estranho, muito estranho, pensou. Estaria a sonhar? Um calafrio seria algo que não desgostaria LapDance; sempre era a prova de que estava bem acordado, mas o seu fato Alpinestars entre outras funcionalidades mantinha-o a uma temperatura corporal constante.

Cautelosamente aproximou-se da porta. As botas faziam estalar a gravilha; o tubo de escape copiava o som. Sentiu que estaria melhor no sofá a curtir um filme e a comer pipocas. A sua tara por comida era lendária, e qualquer motivo servia de pretexto para provocar todas as suas papilas gustativas.

Empurrou a porta que estava ligeiramente entreaberta. Entrou, e o que sentiu de imediato foi um cheiro que lhe trouxe agradáveis recordações de orgias, o cheiro adocicado de vómito; mas por mais preparado que pudesse estar não estava para aquele cenário.

[em continuação…]