Artigos

as minhas leituras de 2012

rhys hughes

rhys hughes

Este ano não foi um grande ano de leituras. Na minha teimosia li livros que sabia à partida não serem a minha onda – mas o que tem de ser tem muita força.

De qualquer forma destaco de uma pouca extensa lista alguns; a ordem é sem ordem:

david soares

david soares

O escritor português de eleição continua a ser David Soares – adoro as suas palavras e a sua imaginação saudavelmente doentia. Andar a ler pelas orelhas foi a grande boa novidade do ano. Recomendo Os Anormais: Necropsia De Um Cosmos Olisiponense e o seu Compêndio. David Soares é um escritor abelha que nunca pára na mesma flor e nos oferece obras em registos diferentes.

Apesar de ter descoberto novos autores estrangeiros Rhys Hughes é o que me dá mais gozo ler. Os seus escritos continuam surreais, paranóicos, delirantes, absurdos, cómicos – e isso é positivamente bom.

2013 vai ser um ano mais melhor bom; tenho programado para ler (uns comprados, outros ainda não):

  • The Brothel Creeper
  • The Truth Spinner
  • The Abnormalities of Stringent Strange
  • The Daylight War
  • O Reino mais Além das Ondas
  • David Soares tem lançamentos previstos para 2013
  • e muitos outros [ordem sujeita a alteração sem pré-aviso]

facets of faraway

Mais histórias, mais diversão, mais momentos bem passados, mais Rhys Hughes.

Excelente.

compêndio de segredos sombrios e factos arrepiantes

“Compêndio de Segredos Sombrios e Factos Arrepiantes” de David Soares não é um romance, nem uma colectânea de contos, nem um novela, nem ficção de tuitos, é um LIVRO, com todas as letras em maiúsculas.

Como primeiro apontamento, não deixa de ser engraçado, quando o meu filho me pediu uma frase que revele a importância de Sócrates, o ateniense, eu ter logo arrojado “Sócrates comporta-se como um ‘moscardo’; espicaça as consciências adormecidas no sono fácil das ideias feitas.” de François Châtelet, frase que adoro e que demonstra a luta contra o dogmatismo, ter encontrado na introdução do “Compêndio de Segredos Sombrios e Factos Arrepiantes” as palavras “são fãs de conhecimento e não receiam procurar a verdade sobre os assuntos, mesmo que isso signifique arruinar concepções enraizadas, mas erradas.

Chegado aqui não sei o que escrever sobre o livro. Tanta coisa para escrever e sem saber como começar. Vou, utilizar, a dica seis de João Barreiros:

Perante o horror de uma página em branco, escrevam nela qualquer coisa para começar. Tipo “O Zezinho era nhónhó”. Esta edificante frase poderá ser utilizada como alavanca inspiradora.

João Barreiros

Aqui está, pois O Zezinho era nhónhó

Ler o “Compêndio de Segredos Sombrios e Factos Arrepiantes” de David Soares é descobrir um livro dos diabos, no bom sentido do termo… claro, fácil de ler, apesar de ter alguns temas nada ligh, e que revela que o autor nos hipnotiza, facilmente, com palavras (deve ser um discípulo sombrio de Mesmer) – sabe contar histórias.

“infecção” por scott sigler

Até que gostei deste livro de Scott Sigler cheio de adrenalina, com uma narração sem pausas. É um livro onde a violência e o horror são excelentemente bem narrados; uma maravilha, talvez não indicado para pessoas sensíveis – talvez?

Combina horror, ficção cientifica.

Uma obra que recomendo para quem gosta de ler boas palavras. Irei comprar o livro Contagious, a sequela de “Infecção” e que presumo não ter sido publicado em Portugal.

fifty shades of grey

Sou curioso por natureza e tentei descobrir o motivo de Fifty Shades of Grey de E. L. James ter já em Portugal uma 6ª edição e para isso nada como ler o dito cujo. Comprei, por isso, Fifty Shades of Grey, na sua versão original, que foi lido com muito esforço (dolorosamente com muito esforço), mais ou menos, até à página em que descobri aquilo que sabia já desde o primeiro ruborescer, da primeira mordidela no lábio.

Raramente escrevo opiniões negativas, passo por cima da leitura, mas, desta vez, não posso deixar dizer que é um livro de uma qualidade medíocre, sem surpresas, e repetitivo, repetitivo, repetitivo.

Recomendo, para melhor leitura, qualquer livro da Colecção Sabrina; é que estes ao menos não enganam pela embalagem. Vejam este resumo:

Cuidado Caroline, voce está brincando com fogo. Para um homem rico como Adam Steinbeck, as mulheres não passam de brinquedos. E você está caindo direitinho na armadilha. Além disso é impossível que um homem charmoso como ele não seja casado e com um bando de filhos” – diziam as amigas de Caroline, preocupadas com seu envolvimento cada vez mais íntimo com o poderoso chefão da empresa onde trabalhava. Porém Adam não era casado, mas viúvo e pai de um rapaz da mesma idade de Caroline e que não hesitou um só momento em mostrar seu interesse por ela.

Passaporte para o amor, Anne Mather
 

the sticky situations of zwicky fingers

I just read The Sticky Situations of Zwicky Fingers by Rhys Hughes and I do not even know what to say.

Rhys Hughes continues to amaze me with his ability to tell stories that are always new, delirious, absurd, fantastic, sick, beautiful: use the word you want to define.

One thing is guaranteed: each story is a magical moment.

What goes on inside Rhys Hughes brains for such creativity, I wonder? Or rather, I do not even want to know. What I want is more stories.

The book can be purchased here (just folow the link).

o pequeno deus cego

Já li muitas críticas sobre a obra “O Pequeno Deus Cego”, história de David Soares, desenhos de Pedro Serpa, umas más, outras menos más, outras sem sentido, umas boas, outras muito boas, mas grande parte das críticas negativas têm uma coisa em comum: o leitor sentiu-se chocado. Fico feliz por isso.

Se o livro que lemos não nos acorda com um murro no crânio, para quê lê-lo? Para que nos faça felizes, como escreves? Por Deus. Sê-lo-íamos da mesma maneira se não tivéssemos livro nenhum, e, se fosse necessário, poderíamos escrever os livros de que precisamos para sermos felizes. Muito pelo contrário, necessitamos de livros que sobre nós exerçam uma acção idêntica à de uma desgraça que muito nos tenha afligido, tal como a morte de alguém que amássemos mais do que nós mesmos, como se fôssemos proscritos, condenados a viver nas florestas, afastados de todos os nossos semelhantes, como num suicídio – um livro deve ser o machado que quebre o mar congelado em nós. É assim que eu penso.

Frank Kafka, Carta a Pollak, 27 de Janeiro de 1904

 

Gosto de ler livros que me fazem passear na praia, sentir a areia a fugir por entre os dedos, mas adoro acima de tudo livros que me fazem reflectir, pensar, questionar.

David Soares consegue em cada história esse objectivo e neste “O Pequeno Deus Cego” ainda tenho os excelentes desenhos de Pedro Serpa. “O Pequeno Deus Cego” é um refrescante dry martini, temperado aqui e ali com uma azeitona verde, com a descoberta de novos sabores a cada sorvedela – fantástico.

“O Pequeno Deus Cego” pode ser lido sentado, deitado, de bruços; não obstante, qualquer que seja a posição, permite várias leituras e revela que David Soares explora a natureza humana com uma mestria acutilante. Ninguém fica indiferente a “O Pequeno Deus Cego” pelo argumento e pelo trabalho visual de Pedro Serpa (desenhador a seguir com muita atenção).

o braço esquerdo de deus

O Braço Esquerdo de Deus, livro editado pela Porto Editora, do escritor Paul Hoffman, primeiro de uma trilogia, convenceu-me. Adorei como que o universo paralelo em que os seguidores de uma religião continuam a combater os infiéis de forma poderosa e com sucesso. Pode ser um livro de alguma forma perturbador – viciante, violento, apaixonante.

Não é quanto a mim um verdadeiro livro de fantasia, mas enfim, é a minha opinião. Poderia dizer mais, mas não digo. Estou de férias.

O titulo do livro é-nos explicado mesmo no fim do fim. Iniciei a leitura do segundo livro. Obrigado mãe pela oferta.

a forca por joe abercrombie

Como defenderá alguém uma cidade rodeada por inimigos e infestada de traidores, quando os seus aliados não merecem confiança e o seu antecessor desapareceu sem deixar rasto? Bastará para fazer um torturador sentir vontade de fugir (mesmo que conseguisse caminhar sem bengala) e o inquisidor Glokta precisará de encontrar as respostas antes que o exército gurkês lhe bata aos portões. Os nortenhos passaram a fronteira de Angland e espalham fogo e morte pelo território gelado. O príncipe Ladisla pretende rechaçá-los e cobrir-se de glória eterna. Há apenas um problema: ele comanda o exército com o pior armamento, a pior preparação e a pior liderança em todo o mundo. E Bayaz, Primeiro dos Magos, lidera um grupo de aventureiros arrojados numa missão pelas ruínas do passado. A mulher mais odiada do Sul, o homem mais temido do Norte e o rapaz mais egoísta da União poderão ser estranhos companheiros de viagem, mas, se conseguissem deixar de se odiar, seriam também companheiros potencialmente letais. Segredos ancestrais serão expostos. Batalhas sangrentas serão ganhas e perdidas. Inimigos declarados serão perdoados… mas não antes da forca.

Edições Asa

A Forca, segundo volume da trilogia “A Primeira Lei”, por Joe Abercrombie é uma leitura sólida. Não há surpresas, e como tal é lida sem sobressaltos. Se o uso de capítulos intercalados, que nos obrigam a perceber as aventuras de várias personagens ao mesmo tempo, para forçar a leitura, é um método poderosamente condicionante, e que na “Lâmina” foi uma mais valia, o ponto alto da narrativa aconteceu, mesmo, quando personagens aparentemente sem nada em comum se encontram, n’A Forca, isto, aborreceu-me um pouco.

Tirando as cenas de cariz sexual, fracas e quanto a mim descontextualizadas, o resto do livro vale por ser mais do mesmo: violência, magia, mais violência, linguagem sem papas-na-língua e violência, e traição.

les grands stratèges d’alexandre le grand à moshe dayan

Outro excelente número especial da revista francesa Historia: “Les grands stratèges d’Alexandre le Grand à Moshe Dayan”.

Foi comprada em Setembro de 2011 e terminei como que a sua leitura ontem.