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sepulturas dos pais de david soares e andré coelho

Primeira nota:
a nível gráfico é um livro ímpar; Mário Freitas encarregado da edição, da paginação e da legendagem está de parabéns – a Kingpin Books pode se orgulhar de ter editado um livro invejável.

Outra notas:
André Coelho responsável pelos desenhos conseguiu criar uma atmosfera negra, onírica, sensual. Existem pranchas verdadeiramente espectaculares.
As seis pranchas em que Borges nos oferece um solilóquio têm uma perfeita combinação de texto e imagem e a última das seis pranchas é uma doce surpresa.

Em “Sepulturas dos Pais” temos um David Soares igual a si próprio: ímpar, irrepreensível, sem papas na língua – o que é o pudor? uma palavra castradora da imaginação, que David Soares não teme -, cruel na exploração da natureza humana, modelador de magia, criador de uma narrativa com melodia (o livro a ser lido em voz alta oferece outra leitura porque David Soares utiliza as palavras certas para criar um ritmo de fundo; é como estar a ler e ouvir o som das ondas). Ele, sem qualquer maquilhagem, produziu uma história em que o real não é o que parece e em que o sobrenatural é o real – doce arrepio.

André Coelho e David Soares são o par perfeito. Um com um traço negro, outro com palavras cruas (provocadoras) conseguiram em pouco (62 páginas) contar muito num livro em que a obsessão é, maravilha das maravilhas, a ordem do dia.

Adorei o livro. É disto que eu preciso.

vamos aprender, a moral da história!

Este livro, “Vamos Aprender”, está rotulado com um livro de banda desenhada para crianças o que é uma estratégia de marketing perfeita. Como sabemos existe, sempre, uma criança dentro de cada um de nós; a criança dentro de mim tem a sorte de ter muito espaço para brincar. Pelo que fica dito é um álbum para todos.
Se existir alguém que já não tem uma criança dentro de si estaremos com toda a naturalidade perante um sociopata.

E quanto ao livro? Vale a pena o investimento? As histórias têm moral? O desenhador sabe desenhar? E sem espanto o sim surge com naturalidade.

Gostei das histórias que li.

vamos aprender

vamos aprender

Destaco em primeiro lugar o facto de as palavras usadas serem “normais” e não descerem para o patamar do facilitismo “porque poderá haver crianças que não percebem certos termos”; há muita boa gente que parte de principio de que as crianças ou são estúpidas ou não precisam aprender o gosto pelo aprender. Neste aspecto aplaudo, Aida Teixeira, a autora dos textos.

Em segundo lugar os desenhos estão simplesmente excelentes e podem “quase” ser lidos sem o recurso às palavras. Façam esse exercício, é divertido. Não exagerando nos pormenores, alguns estão lá a personalizar cada prancha, como a joaninha e o caracol com a faixa “FIM”, Carlos Rocha criou pranchas perfeitas.

O melhor exemplo é a primeira prancha do álbum. Aí temos a imagem, o texto e a legendagem por Mário Freitas – poderosa combinação!

Um livro que recomendo vivamente.