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2 metros

— Meu… por que não usas máscara quando sais de casa?
— Só a uso quando percebo que terei pessoas num raio de dois metros – medido a olho, claro. Até agora só me cruzei com gatos, cães e outros animais que tais.
— A sério?
— Viste que consegui fazer uma rima com ais. Lindo. Mesmo lindoooo!
— Houve lá, não estás comigo desde que deixas a tua casa?
— E?
— E? Então não sou uma pessoa e não estou a menos de dois metros?
— Ah! Ah! Vejamos. Sinceramente. Ah! Nunca te vi muito bem como uma pessoa. Para mim és mais um rato, uma lesma. Uma perturbação na força.
— És doente. Sabias?
— Nem te respondo caracol, mas coloco um máscara – satisfeito? Tens aí uma que me emprestes?
— Uma máscara não se empresta e não, não tenho mais máscaras.
— Então temos de nos afastar dois metros.
— E coomooo se estamos num carrrrroooo.
— Que violência man. Simples.
Parei o carro e pedi educadamente ao caracol que abandonasse a viatura. Fê-lo a exibir uma cara de radiante espanto a raiar a estupidez.
— Satisfeito? — não me respondeu. Não entendo aquelas pessoas que nunca estão satisfeitas.

coisas sonhadas

Não tenho dormido quase nada. A insónia é constante, mais devidos a sonhos que me obrigam a acordar do que a outra coisa qualquer.

E qual o motivo dos sonhos forçarem o meu acordar?

Simples, tenho uma cabeça que quando não entende o que está a passar no mundo de Morfeu me acorda, simples como isso.

Ontem fui obrigado, primeiro a correr 100 metros e 20 minutos e depois 20 minutos em 100 metros e perante isto… pois… acordei!

De seguida tive de fazer umas análises ao sangue, mas as indicações no hospital estavam todas em chinês – perdi-me constantemente e… acordei.

o cagão

O Coronavírus – COVID-19 fez aparecer uma nova espécie, sub-espécie, uma nova “coisa”: o Cagão, capaz de gastar 159 embalagens, 2.300 metros de papel higiênico em apenas 10 minutos. O mundo está a ser um lugar de merda para viver.

obelisco inacabado de assuã

O obelisco inacabado de Assuã é um obelisco do Antigo Egito cuja extracção não foi concluída, provavelmente devido ao aparecimento de rachaduras na rocha. Está deitado de lado em uma grande pedreira de granito rosa a cerca de 2 km ao sul da cidade de Assuã, no Egito. O lado inferior não foi destacado da rocha devido ao abandono do projeto. Com quase 42 metros, teria sido o mais alto do mundo se tivesse sido completamente extraído e erguido. Seu peso é estimado em cerca de 1.200 toneladas. Acredita-se que remonta ao reinado do faraó Tutemés III e foi parte de um par de obeliscos cujo segundo exemplar, o Obelisco Laterano, originalmente localizado em Carnaque e agora em Roma, em frente à Arquibasílica de São João de Latrão. A área onde está localizado o obelisco foi declarada como um museu a céu aberto pelo governo egípcio e é visitada continuamente por milhares de turistas.

Wikipédia


O que mais me encantava em África era a circunstância de parecer inacabada, muda mais imponente, como o gigantesco obelisco da pedreira de Assuão – uma pedra bela e imperfeita incorporada na rocha, que se fosse erigida, teria uma altura de 15 metros; para mim, era o símbolo mais adequado da África que eu conhecia.

Viagem por África de Paul Theroux (página 392)

nilómetro

imagem @ szabolcs gebauer

O nilómetro na ilha Elefantina. Os degraus levam ao Nilo, enquanto as marcas de corte horizontais nas paredes (à esquerda dos degraus) registam as alturas das inundações anteriores.

No Antigo Egito, um nilómetro era um poço de grande largura, provido de uma escada que descia até ao nível do lençol freático para permitir a medição das flutuações do nível da água do rio Nilo. Cada templo tinha um destes instrumentos, destinado a determinar a intensidade da inundação anual e, em consequência, o valor dos impostos devidos neste ano. Os nilómetros podem ser vistos ainda hoje ao longo do Nilo. Os mais famosos encontram-se em Com Ombo, Assuã, na ilha Elefantina e no Cairo.

Wikipédia

lol, camuflagem 10.0 – desvio

Apesar de ter criado uma história. Não a publico. Fica apenas a imagem de um lol tirolês.

lol, camouflage 8.0 – the steps

lol goes up the stairs … 1, 2, 3, 4, 34 … He is 10 meters above the ground – verticality. Once he reaches the platform he travels its six meters of length. Inhales, exhales, inhales, sighs. He turns his back. lol is standing perched on the edge of the platform. He takes a deep breath. He boosts himself and jumps. And so we see him travelling in seconds the distance to the water with his legs bent, glued to his chest and his arms holding his shins. At the last moment he opens himself up in such a disorderly manner that the aim of entering the liquid in blue at a 90 degree angle falls apart. He plummets (a perfect “belly-flop”) into the water in a cross position: arms open, legs open – X marks the SPLASH!

[… an excerpt …]

lol, camouflage 7.0 – bus 88

This story will be published in Le Scat Noir #217.

I began to write a story about lol but the story forced me to be more than what I wanted.
Sources of inspiration:
– Le Scat Noir #215 by Black Scat Books
– Waiting for Beckett by Jason E. Rolfe
– Waiting for Godot by Samuel Beckett

chá

Virei elitista.
Só bebo chá, nada do vulgar café e de leite; e vou deixar crescer a unha do dedo mínimo até 10 centímetros para apontar o norte.

salmonelas

Sinto que tenho de dizer alguma coisa iluminada; que quebre a monotonia do quotidiano. Uma frase cheia de sentido, cruzamentos e becos. Algo que me mime. Algo que se entenda. Algo que seja confuso. Algo que me permita dar uma gargalhada e espirrar alguns saudáveis perdigotos.

Acho que mereço… Aqui vai:

Como a estupidez não traz data de validade, para verificar a sua qualidade, coloque a pessoa dentro de uma piscina com 3 metros de profundidade. Se a pessoa for ao fundo, não está contaminada por salmonelas.