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a praia de manhattan de jennifer egan

Os anos 1940. Anos de guerra e de esforço de guerra nos estaleiros navais de Brooklyn. No mesmo espaço geográfico, os sindicatos e as lutas pela supremacia das várias máfias: italiana, irlandesa, outras. Anna Kerrigan é a figura central do romance. Trabalha nos estaleiros (como centenas de outras raparigas) e deseja ardentemente ser a primeira mulher mergulhadora. Isto num tempo em que a vida das mulheres era ainda muito circunscrita. Mas Anna quer sobretudo saber o que aconteceu ao pai, que desaparecera anos antes, sem deixar rasto.

Edições Asa

Brilhante. Adorei. Tem tudo o que adoro num livro e ainda por cima tem o mar, também, como personagem.

no interior: “a praia de manhattan”

Vinheta existente no interior do livro “A Praia de Manhattan” de Jennifer Egan, publicado pela Quetzal. A imagem de um capacete de escafandro.

jennifer egan

Breve biografia de Jennifer Egan extraída do livro “A Praia de Manhattan” publicado pela Quetzal.

sal-gema

O que tive fazer para ajudar…

Fui à praia para encontrar
uma rocha especial,
com sabor a sal.

Descobri muitas rochas.
Umas em forma de ovelhas,
outras em forma de borrachas.
Umas eram velhas.
Outras pareciam novas:
polidas e brilhantes,
muito elegantes.

Fiquei com pena
por não encontrar
uma rocha sal-gema.


mas não era isto que se desejava… nova tentativa:

O sal-gema é uma rocha
especial
com sabor a sal.


Forma-se pela evaporação
das águas marinhas.
E a isto chama-se precipitação.


É uma rocha sedimentar
com aplicação alimentar
que fui encontrar na cozinha
a temperar a sardinha!

adormecer ao estilo piloto de testes

Hoje utilizei todas as técnicas conhecidas pela humanidade para adormecer e dormir e outras tantas mais desenvolvidas por mim.

Engoli um comprimido. Apaguei a luz e afaguei a cabeça na almofada de padrão florido – ainda primavera. Fechei os olhos. Iniciei a preparação para o relaxamento. Pensei… pensei que estava debaixo de uma palmeira embutida na areia que traçava uma elegante sombra sobre uma cadeira de praia na qual moi estava refastelado a ler um livro enquanto era embalado pelo som e cheiro da brisa marinha. Já sentia o cérebro a abrir as portas para Morfeu. Ah! a doce sensação de desprendimento invadia o quarto… bem-vinda!

Tudo corria bem. O vento desfraldava as velas com constância. A viagem antevia-se prometedora até pensar o quanto seria divertido se de repente a água do mar congelasse (não impliquem com a impossibilidade científica; estava a preparar um sonho, ou, melhor dizendo, o preâmbulo de um sonho) e todas as pessoas seriam fatiadas pelo gelo: as que estavam a banho, a surfar, a arrancar mexilhões; enfim todas as pessoas envolvidas com o mar de qualquer forma. Sangue, entranhas por todo e qualquer lado, crianças a chorar – desespero total. Resultado, acordei sem estar a dormir. O que se passou com o comprimido para não actuar dentro do tempo regulamentar: dez segundos, o limite para castrar pensamentos parasitas.

Acendi a luz e olhei para dentro do copo para confirmar se continha água. Estava vazio. Confirmei que tinha bebido a água, mas fiquei na dúvida se a acompanhei com o comprimido. Deveria arriscar tomar outro? Assumindo que o meu organismo já tinha absorvido um. Decidi-me pelo não. Não porque tinha receio do que me poderia acontecer com a toma de dois comprimidos, mas sim porque não me apetecia ir à cozinha encher o copo com água. E se afinal o problema não estava na medicação, mas na minha cabeça. O que se passa comigo? foi a segunda questão que coloquei. Sou realmente um máximo a colocar questões.

Duas questões. Zero respostas. Ganhou o inquisidor. Insónia foi a ordem do dia. Encerrada a sessão.

no serás nadie de alberto gonzález ortiz

Se em El Amargo Despertar Alberto González Ortiz temos um livro mais fácil de ler, apesar de nos apresentar um mundo apocalíptico, com No Serás Nadie o autor vai muito mais longe. Deixamos de ter uma leitura, digamos despreocupada, e passamos a ter um livro cebola – cheio de camadas e mais camadas. E quando pensamos que na última camada tudo fica resolvido – não – ainda levamos na cabeça com uma caixa de pandora.

No Serás Nadie faz-nos pensar… verdadeiramente. Aqui el amargo despertar é realmente amargo. Acabaram-se os passeios na praia.

lol, camouflage 7.0 – bus 88

This story will be published in Le Scat Noir #217.

I began to write a story about lol but the story forced me to be more than what I wanted.
Sources of inspiration:
– Le Scat Noir #215 by Black Scat Books
– Waiting for Beckett by Jason E. Rolfe
– Waiting for Godot by Samuel Beckett

lol, camouflage 6.0 – orange juice

lol is sitting in a chair while nibbling, indecisively, between a croissant and a pains au raisins. From the balcony of one of the rooms on the third floor of the hotel Plage des Pins he enjoys a beautiful view of the blue sea and concludes that the smell of the Mediterranean Sea in Argelés-sur-Mer has a distinct fragrance. He finishes a delicious orange juice and decides to throw some balls – A game of pétanque is taking place on the beach.
‘Bonjour! Il y a une place pour une personne? J’ai mes propre boules.’
‘Bien sûr. Nous sommes jusqu’à fini ce match.’

lol smooths his mustache, fixes the béret and waits – satisfaction.

[… an excerpt …]

lol, camouflage 2.0 – yelapa

lol didn’t miss the old days; when he knew he was the abbreviation of laughter – easy and mechanical laughter. Now seated, arms outstretched, on a beach on the Pacific coast, he enjoyed a well deserved holiday in perfect anonymity. His biggest rival Roflol felt an unexpected success emerging, without constraints. Dispair hit lol like a bazooka. After posting a photo, in total relaxation, his location was discovered – Yelapa. He had no choice but to get himself a new camouflage.

my muse

My muse is the hatred, the obsession, the anguish, the death, the night, the nightmares, the dreams, the fear, the joy, the doubt.

10341943

o mar pode inspirar..

My muse is not amusing, but it does its purpose – inspires creation.