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dois anos, oito meses e vinte e oito noites de salman rushdie

No futuro próximo, depois de Nova Iorque ser assolada por uma tempestade, principiam acontecimentos estranhos, como por exemplo, um jardineiro descobrir que os seus pés já não tocam no chão, ou uma bebé identificar a corrupção com a sua mera presença. Sem o saberem, todos eles são descendentes dos seres fantásticos, caprichosos e lúbricos conhecidos como jinn, que vivem num mundo separado do nosso por um véu. Há séculos, Dunia, uma princesa dos jinn, apaixonou-se por um ser mortal, um homem racional. Juntos, tiveram um número espantoso de filhos, que se espalharam ao longo de gerações pelo mundo humano e não têm consciência dos seus poderes fantásticos.

Quando a linha entre os mundos se quebra a grande escala, os filhos de Dunia e outros desempenharão um papel numa guerra épica entre a luz e as trevas ao longo de mil e uma noites — ou seja, dois anos, oito meses e vinte e oito noites. Uma época de enorme perturbação, na qual as crenças são postas em questão, as palavras funcionam como veneno, o silêncio é uma doença e um ruído pode conter uma maldição oculta.

Wook

O primeiro livro que li de Salman Rushdie foi uma leitura memorável. Realmente surpreendente e brilhante – fantástico.

Tradução de Ana Saldanha

tradutor: josé vieira lima

José Vieira de Lima nasceu em 1951, em Almada, cidade onde – na adolescência – esteve ligado à criação de um cineclube. Licenciado em Filologia Românica pela Faculdade de Letras de Lisboa, a sua experiência profissional incluiu quinze anos de jornalismo (na agência de notícias France-Presse) e, finalmente, várias décadas de tradução literária (desde 1986), que começou com Sam Shepard e abarcou uma grande variedade (quase uma centena de títulos) de autores, de V.S. Naipaul a Henry James, passando por Julian Barnes, Edith Wharton, Martin Amis, Edmund White, John Le Carré, Marguerite Duras, Hanif Kureishi, Colm Tóibín, Dick Bogarde, Isabel Allende, Salman Rushdie, Allan Hollinghurst, Colleen McCullough, Paul Auster, David Leavitt ou Samuel Beckett. Beckett (sobretudo Happy Days) foi precisamente, como em tempos afirmou, o autor que mais gostou de traduzir.

Quetzal


Breve biografia sobre o tradutor José Vieira Lima extraída do livro “Hotel Silêncio” de Auður Ava Ólafsdóttir, editado pela Quetzal.