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unger house radicals by chris kelso

Já está comigo a minha cópia do livro Unger House Radicals de Chris Kelso, e com ilustrações de Shane Swank. A edição está a cargo da Crowded Quarantine.

É uma excelente edição. A leitura deve ser sumarenta.

MY REVIEW…

Who says Chris Kelso don’t throw wild parties?

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unger house radicals

First: It’s complicated to describe how good this book is without sounding sociopath.
Second: I don’t do synopses.
Third: Unger House is a character per se; that has memories – “I am always the reluctant accomplice.” – and this is really shocking. See no evil hear no evil, bullshit!

Chris Kelso is an author able to offer without any complex a gripping, disturbing and claustrophobic story. He doesn’t need special effects to make things work. Many can feel that his writing is too cruel, but it is this characteristic that gives us a constant appetite, and thus he does carving in the flesh and bones of the pages.

Under House Radicals is able to maintain the thrill equation until the last moment and beyond. It’s not an easy book, to be certain! Unger House Radicals doesn’t have morality concerns… perhaps, or maybe not, because it feels really scary.
In Chris kelso’s book we dont’ have a bang, bang lay down you are dead (make-believe, no!); we do have suffering, chills; yes dude, and now it’s too late… too late: numbness is the feeling for the win.

One of those books that crucifies the mind: insane, bizarre and so fucking crazy! Yes, I’m addicted to Chris Kelso books.

vamos aprender, outra opinião!

A opinião? mais contundente feita por uma nova leitura do álbum “Vamos Aprender”. Qualquer lapso de memória é da minha inteira responsabilidade:

— pai, afinal desenhas muito bem!
— por que dizes isso?
— o crocodilo do Para a Margarida
— ó rapariga isso é a dedicatória dos autores: a Aida Teixeira e o Carlos Rocha, ele é que desenhou… já te tinha explicado isso.
(…)
— pai, como é possível o crocodilo ser tão lindo e ser o mau da história?
— este rato é demais, não é nojento como o rato morto da tua fotografia… afinal é nojento…
— repete-me lá isso…
— está a roer o pincel com os dentes, muito pouco higiénico não é pai?
— o leão faz um cara divertida, mas não deve ser bom ser mordido por um crocodilo.
— Margarida deves ler a história seguinte e não andares a saltar as folhas.
— é um livro de crianças, não é pai?
— sim é…
— então pai esta criança que faz anos HOJEEEE lê como uma criança do Japão (e soltou um valente gargalhada).
— a abelha é linda, mas continuo com medo de abelhas.
— quem esta menina das fotografias?
— é a filha da Aida Teixeira, a responsável pelos textos do livro.
— ah! é por isso que este senhor é o desenhador…
— como…?
— a menina não sabe desenhar muito bem.
— ó pai… és pitosga… (riso) pitosga…
– lê o livro e deixa-me em paz, pode ser?
— pitosga…
— Margarida…
(…)
— estás a ler ou a ver só os desenhos?
— estou a ler pai.
— é que não te ouço.
— ó pai, não és a minha professora por isso não preciso de ler alto.
— mas estás a ler mesmo, certo?
— zzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzz claro.
— se tiveres dificuldade pede ajuda, ’tá bem?
— ó pai já estou no 2º ano
(…)
— ó pai só tem quatro histórias!

o bananas

Tenho um amigo que adora bananas. Fico atarantado como é que ele consegue comer bananas em qualquer lugar, a qualquer altura; e que quantidade. A acrescentar a isto diga-se que ele não mastiga a banana, mas como que a sorve – suavemente. Um espanto. É assustador, mas não deixa de ser um espanto. Soube ontem que juntou os trapos com alguém do sexo masculino. Já devia desconfiar que o seu gosto inusitado por bananas era a ponta do icebergue de uma homossexualidade latente. Agora começou, também, a comer banana de carne – enfim! Não estou em estado choque, apenas me sinto seriamente chocado.

Desisti de comer bananas por uma questão profiláctica, principalmente por que as comia em casa cortadas às rodelas, uma latente castração, segundo o que recordo ter lido numa revista Gina dos anos 80, estas memórias subliminares de merda mais tarde ou mais cedo vêm à tona; nos restaurantes as bananas eram mastigadas depois de sofrerem o flagelo do fogo. Existirá alguma mensagem escondida na imagem do fogo? Também alastrei a dieta aos pêssegos, os carecas e os cabeludos.

De fruta como apenas cerejas, morangos e lichias que são muita eróticas. Legumes apenas couves, feijão frade devido a possíveis acusações de racismo; este é branco e preto.

É uma boa altura para mudar alguns hábitos alimentares. Sou a favor da mudança.


o vosso temerário BigPole

o raio dos maios

A minha apavorante vizinha do décimo quarto andar não se cansa de depositar surpresas encostadas à porta blindada de entrada para o meu apartamento. São donuts, pães árabes, pães ázimos, pães franceses, pães integrais, decorados ora com uma vela, um palito colorido, um stick luminoso, pêssegos paraguaios, marmelos, mas também deixa artigos não comestíveis, como um fálico candeeiro lâmpada de lava vermelha, um broche em prata e outras coisas de que já não tenho memória. Não sei o que se passa naquela cabeça. Não consigo compreender, e tenho dois dedos de testa, o que ela quer conseguir com aquelas oferendas.

Já lhe disse com a menor simpatia que tenho que deve mudar de atitude, que é uma exagerada, que o que faz não tem qualquer sentido, que se deseja ter sexo comigo isso nunca vai acontecer, não porque seja feia (também não é bonita, até tem um corpo de pedir por mais), apenas odeio saber que tenho uma amante no prédio onde habito obcecadamente possessiva.

– A sua sorte é eu ainda ser boa pessoa e isto ser saboroso – respondi-lhe, na sexta-feira passada, após dar uma última trincadela na oblação, um donut caramelizado. Viro-lhe as costas e subo em passo de corrida pelo elevador até ao meu reduto.

Passados que foram dois dias do último donut olho para o espanto dos espantos; completamente apalermado fiquei a encarar um pito amarelo, de laço vermelho ao pescoço, num cesto de vime repleto de ovos de chocolate. Pego no cartão preso à asa e leio “Big, ofereço-lhe esse inocente pito como prova do meu apreço. A sua vizinha 14C“. Aquela prenda tinha a mensagem mais clara de todas. Senti que tinha de terminar com os abusos. As dádivas atingiram outro patamar pela ausência de subtileza; de inocente não tinha nada e o pito, ou mais correctamente o frango, da oferecida, que deve ser tudo menos cândido, foi-me oferecido em vermelho.

Mal sabia que o pior estava para vir. Hoje, 30 de Abril, lá descobri refastelado no chão um cesto de verga castanho com imensas maias ou maios, enfim ramos de giestas amarelas. Fiquei assustado. Odeio rituais, até os pagãos. Iniciei um laborioso processo mental, só como eu sou capaz, e concluí que o ritual tem como objectivo último impedir a entrada do Burro, do Maio ou do Carrapato nas casas; afastar as entidades maléficas, os demónios. Chegado a esta ilação uma paz interior colou-se ao corpo. Finalmente a 14C ia deixar-me em paz. Coloco os maios e desvio a vizinha carrapata da minha porta – pensei. Grande burra acabou de dar um tiro no pé; deu, mas foi, um tiro nos dois pés e caiu de frente. O susto já era uma miragem e comecei a gargalhar todo satisfeito quando o tiimmm do elevador antecipando a abertura das portas interrompeu a quarta risada e vi lá dentro a 14C vestida de branco, coroada com flores, descalça, diáfana, a exalar fertilidade. As portas fecharam-se e o elevador desceu. Se eu fosse o Reed Richards os queixos tinham-me caído literalmente ao chão.

Que se fodessem os maios, que não eram precisos. O diabo já estava dentro de casa, dentro de mim. E o demónio em mim entrou em parafuso. Tresloucado desci, imagine-se, pelas escadas, abalroei a porta do 14C para a encontrar sentada, sensual, num trono de flores. Lancei-me a ela de arpão em riste, rasguei-lhe a parca cobertura; de costas para mim e com as mãos apoiadas nos braços da poltrona florida enfiei numa líquida vulva um sequioso pénis com tanta facilidade que quase perdi o equilíbrio não me tivesse agarrado a dois seios tesos, ausentes de artificialismos. Com a coluna a arquear a cada investida minha senti que estava a gostar da viagem de tobogã; e quando comecei a despejar 117 milhões de demónios, contagem do meu último espermograma, ri-me em deliciosos sobressaltos da imagem mental que me surgiu, assim do nada: um pito amarelo, de laço vermelho a afogar-se num taça cheia de manteiga.

Abandonei-a sufocada por suspiros, sabendo que os meus demónios irão morrer pacificamente em suave agonia em 24 horas – maios para quê.

Finalmente exorcizei-a.

o vosso exorcista: BigPole

a caminho do desconhecido

Un ami qui meurt, c’est quelque chose de toi qui meurt.

Gustave Flaubert

 

Hoje a negritude passeia comigo de mãos dadas.

Adeus amigo. Ficas-me na memória para todo o sempre.

andar de mota, com efeitos especiais…

Um inocente pai apanhado por dois filhos diabos. E que descobriu isso apenas hoje ao limpar o cartão de memória da máquina.