Álbum editado pela Levoir em parceria com o jornal o Público, Memórias de um Homem em Pijama de Paco Roca é uma leitura divertida. Sobre a capa do mundano as situações apresentadas são delirantes.
Tradução: Pedro Cleto
https://portaviii.barcelos.info/blog/wp-content/uploads/2020/11/IMG_0377.jpg488650porta VIIIhttps://portaviii.barcelos.info/blog/wp-content/uploads/2019/01/logo-portaviii.pngporta VIII2020-11-19 09:46:092020-11-19 09:46:10memórias de um homem em pijama de paco roca
O Facebook tem uma funcionalidade em que converte uma página de alguém falecido numa página de homenagem.
“O que acontece à minha conta do Facebook em caso de falecimento?” é a pergunta.
A resposta: Se não optares pela eliminação permanente da tua conta, será criado um memorial da mesma se tivermos conhecimento do teu falecimento. Contas em memória de alguém. As contas em memória de alguém são lugares onde a família e os amigos podem reunir-se e partilhar memórias depois do falecimento de uma pessoa. As contas em memória de alguém possuem as seguintes funcionalidades principais:A expressão Em memória de vai ser apresentada junto ao nome da pessoa no seu perfil.
É a imortalidade virtual sem custos para toda uma morte.
Esta leitura, ao contrário das outras histórias de Jaime Ramos, tem muito pouco de Jaime Ramos. Não deixa, contudo, de ser um livro brilhante e mesmerizante.
Com uma narrativa sensual e poética viajamos por vidas, memórias, tragédias; 20% de investigação, 80% de reflexões – 100% de qualidade.
https://portaviii.barcelos.info/blog/wp-content/uploads/2020/09/IMG_0247.jpg600800porta VIIIhttps://portaviii.barcelos.info/blog/wp-content/uploads/2019/01/logo-portaviii.pngporta VIII2020-09-10 15:38:492020-09-11 18:49:04o colecionador de erva de francisco josé viegas
Depois de iniciar uma investigação sobre a morte de um homem desconhecido encontrado num apartamento dos arredores do Porto, Jaime Ramos é levado a percorrer caminhos que o transportam entre Portugal, o Brasil e a memória de Angola. Nesse triângulo vivem personagens solitárias que desaparecem sem deixar rasto e cujas biografias tenta reconstruir a partir do nada, socorrendo-se apenas da sua imaginação. Esse percurso transportará o leitor da Beirute do século XIX até ao coração da Amazónia e à Manaus contemporânea, do Porto a São Paulo, de Luanda ao Rio de Janeiro e ao Amapá, da guerra de Angola e da Guiné aos apartamentos vazios onde são recolhidos cadáveres, memórias e silêncios. Este cruzamento de geografias e de tipos humanos provoca alucinações no próprio narrador, que ora escreve em português de Portugal, ora em português do Brasil, e no investigador Jaime Ramos, que é obrigado a inventar histórias de perdição para que o seu mundo tenha algum sentido.
Terminei, ontem, a minha segunda leitura de Francisco José Viegas e do seu Inspector Jaime Ramos e não fiquei nada desiludido.
https://portaviii.barcelos.info/blog/wp-content/uploads/2019/01/logo-portaviii.png00porta VIIIhttps://portaviii.barcelos.info/blog/wp-content/uploads/2019/01/logo-portaviii.pngporta VIII2020-06-08 14:04:072020-06-08 14:04:08longe de manaus de francisco josé viegas
Jules Moreau tem onze anos quando os pais morrem num acidente de carro. Nessa noite, a sua infância termina. Segue-se a ida para um colégio interno, juntamente com os dois irmãos mais velhos. Pouco a pouco, os laços que os unem quebram-se. Jules isola-se, alimentando-se das suas memórias; Marty refugia-se ferozmente nos estudos; e Liz procura todas as formas de evasão possíveis para preencher o vazio.
O único consolo do protagonista advém dos momentos que passa na companhia de uma menina ruiva chamada Alva. As duas crianças lêem, ouvem música, partilham o silêncio das tardes no colégio. E nunca falam sobre si mesmas.
Quinze anos mais tarde, os irmãos afastaram-se irremediavelmente uns dos outros. Jules, que continua a reviver o passado interrompido, apenas encontra alento no sonho de se tornar escritor e na ânsia de reencontrar Alva. E quando, por uma vez, tudo parece subitamente possível, uma força invisível – talvez o destino – volta a intervir.
O fim da história de Jules está ainda por acontecer.
Edições Asa
Excelente livro. Depois do rotundo falhanço do “The Last Emperox” (que nem serviu como aperitivo) nada como sentir uma escrita profunda, perturbadora e bela na ousadia como trata as relações humanas.
Aqui o autor fala do amor, da amizade, das perdas, da solidão, do silêncio, dos encontros e reencontros com uma delicadeza que transcende as páginas e toca no coração do leitor. Recomenda-se sem ressalvas.
Tradução de Paulo Rêgo
https://portaviii.barcelos.info/blog/wp-content/uploads/2019/01/logo-portaviii.png00porta VIIIhttps://portaviii.barcelos.info/blog/wp-content/uploads/2019/01/logo-portaviii.pngporta VIII2020-05-20 09:06:242020-05-20 12:16:56o fim da solidão de benedict wells
Um clássico é um livro atemporal, que consegue sobreviver para além da época em que foi escrito. Não implica ser, necessariamente, um livro antigo, apesar de isto estar, quase, implícito, porque actualmente os livros falham em qualidade do texto. Claro que a determinação do que é belo é um juízo subjectivo do leitor, com os seus gostos e valores próprios. Mas é fácil concluir que nunca são livros vulgares, são sim livros complexos, inusitados; não que sejam difíceis de ler.
Um clássico teve e continua a ter, sempre que é lido ou relido, uma repercussão na história literária e, porque não, na cultura popular – fica gravado de uma maneira ou outra na memória colectiva pelos temas universais que geralmente abordam.
Um livro editado hoje não pode ser considerado um clássico, porque ainda não resistiu ao teste do tempo.
Numa lista simples posso colocar:
O Romance do Genji (1005-1014) de Murasaki Shikibu
Dom Quixote de la Mancha (1605-1615) de Miguel de Cervantes
Moby Dick (1851) de Herman Melville
Os Maias (1888) de Eça de Queirós
O Retrato de Dorian Gray (1891) de Oscar Wilde
Em Busca do Tempo Perdido (1913-27) de Marcel Proust
O Processo (1925) de Franz Kafka
Admirável Mundo Novo (1932) de Aldous Huxley
1984 (1949) de George Orwell
As Cidades Invisíveis (1972) de Italo Calvino
O Nome da Rosa (1980) de Umberto Eco
Memorial do Convento (1982) de José Saramago
https://portaviii.barcelos.info/blog/wp-content/uploads/2019/01/logo-portaviii.png00porta VIIIhttps://portaviii.barcelos.info/blog/wp-content/uploads/2019/01/logo-portaviii.pngporta VIII2020-02-24 17:10:262020-03-30 22:03:18clássico eis a questão
Sou uma pessoa de rotinas e quando me deito, à hora do costume, gosto de ter pensamentos positivos. Não é que uma destas noites veio-me à memória um poema (?) lido há mais de 30 dias numa casa-de-banho em Coimbra. Foram minutos e minutos de gargalhadas. Ora veja-se:
A cagar fiz um charro A cagar o acendi A fumar caguei para ti.
Um dos habitantes mais populares da estação de Metro Mendeleyevskaya era um rafeiro apelidado de Malchik. O que o destacava dos outros canídeos era o facto de ter escolhido aquela estação de metro como residência definitiva. Protegia a estação e os seus frequentadores contra a presença de outros animais e bêbedos.
Em 2001, Yulia Romanova, matou à facada Malchik. Este incidente provocou uma revolta generalizada. Mais tarde, em 2007, através de uma recolha de fundos, foi erigida uma escultura em memória de Malchik chamada “Compaixão”.
Episódio narrado por Claudio Magris em “O rafeiro e uma modelo” no livro Instantâneos.
Primeiro: não me empolgam as conquistas de futebol da equipa portuguesa. Fico mais entusiasmado com o Campeonato Mundial de Corrida de Caracóis.
Segundo: vivo com alegria num país em que todos os políticos e agentes são mais que gente séria e idónea. Talvez seja o motivo para não me impressionar com os feitos futebolísticos. Só a seriedade solidária é um feito.
As pessoas sérias têm duas características:
Todos dizem de si mesmo e dos outros “é pessoa séria”
apesar de sofrerem todos eles de “falta de memória“
Será, possivelmente, a falta de memória que os faz ser pessoas sérias? A amnésia selectiva é actualmente a doença profissional galopante entre esta gente.
Apesar de todos se sentirem ser gente séria acredito cada vez menos nesta gente e mais no Pai Natal.
_update: 15h13 Agora que visito um dos meus blogs de referência encontro isto.
https://portaviii.barcelos.info/blog/wp-content/uploads/2019/01/logo-portaviii.png00porta VIIIhttps://portaviii.barcelos.info/blog/wp-content/uploads/2019/01/logo-portaviii.pngporta VIII2019-06-11 11:03:182019-06-11 14:06:04coisas de futebol e de portugal
Lisboa no Ano 2000 recria uma Lisboa que nunca existiu. Uma Lisboa tal como era imaginada, há cem anos, por escritores, jornalistas, cientistas e pensadores. Mergulhar nesta Lisboa é mergulhar numa utopia que se perdeu na nossa memória colectiva.
Recomecei a leitura desta antologia coordenada por João Barreiros. Reli o seu conto “O Turno da Noite”, inicialmente publicado na Bang! n.º 10 que serve de aperitivo ao que promete ser um conjunto de histórias electrizantes.
Selo de garantia João Barreiros!
https://portaviii.barcelos.info/blog/wp-content/uploads/2019/01/lisboa-2000.jpg781600porta VIIIhttps://portaviii.barcelos.info/blog/wp-content/uploads/2019/01/logo-portaviii.pngporta VIII2018-03-14 09:50:302021-01-26 15:17:07lisboa no ano 2000