Artigos

longe de manaus de francisco josé viegas

Depois de iniciar uma investigação sobre a morte de um homem desconhecido encontrado num apartamento dos arredores do Porto, Jaime Ramos é levado a percorrer caminhos que o transportam entre Portugal, o Brasil e a memória de Angola. Nesse triângulo vivem personagens solitárias que desaparecem sem deixar rasto e cujas biografias tenta reconstruir a partir do nada, socorrendo-se apenas da sua imaginação. Esse percurso transportará o leitor da Beirute do século XIX até ao coração da Amazónia e à Manaus contemporânea, do Porto a São Paulo, de Luanda ao Rio de Janeiro e ao Amapá, da guerra de Angola e da Guiné aos apartamentos vazios onde são recolhidos cadáveres, memórias e silêncios. Este cruzamento de geografias e de tipos humanos provoca alucinações no próprio narrador, que ora escreve em português de Portugal, ora em português do Brasil, e no investigador Jaime Ramos, que é obrigado a inventar histórias de perdição para que o seu mundo tenha algum sentido.

Terminei, ontem, a minha segunda leitura de Francisco José Viegas e do seu Inspector Jaime Ramos e não fiquei nada desiludido.

a rainha ginga de josé eduardo agualusa

O novo romance de José Eduardo Agualusa, A Rainha Ginga, conta a vida fantástica de Dona Ana de Sousa, a Rainha Ginga (1583-1663), cujo título real em quimbundo, “Ngola”, deu origem ao nome português para aquela região de África.
É a história de uma relação de amor e de combate permanente entre Angola e Portugal, narrada por um padre pernambucano que atravessou o mar e recorda personagens maravilhosos e esquecidos da nossa história – tendo como elemento central a Rainha Ginga e o seu significado cultural, religioso, étnico e sexual para o mundo de hoje.  

Quetzal Editores

A Rainha Ginga é o ponte de partida e o ponto de chegada de todas histórias narradas por Francisco José da Santa Cruz, um padre Pernambucano. Ginga deslumbra com a sua postura e nesse seu andar contagia pessoas fascinantes que se cruzam e entrecruzam entre Portugal-Brasil-Angola.

Nos dias antigos, acrescentou, os africanos olhavam para o mar e o que viam era o fim. O mar era um parede, não uma estrada. Agora, os africanos olham para o mar e veem um trilho aberto aos portugueses, mas interdito para eles. No futuro, assegurou-me, aquele será um mar africano. O caminho a partir do qual os africanos inventarão o mundo

página 16

A Rainha Ginga é muito mais do que o coração desta obra é todo um universo:

O Paraíso deixara de ser para mim algo abstrato e remoto. O Inferno também. O Paraíso era ela e o ar que ela respirava, e o Inferno a ausência dela. A toda a volta só havia demónios.

página 68

Outro fantástico e muito sólido livro de José Eduardo Agualusa. A Rainha Ginga oferece uma leitura fácil e muito agradável.

nação crioula de josé eduardo agualusa

Nação Crioula conta a história de um amor secreto: a misteriosa ligação entre o aventureiro português Carlos Fradique Mendes – cuja correspondência Eça de Queiroz recolheu – e Ana Olímpia Vaz de Caminha, que, embora tenha nascido escrava, foi uma das pessoas mais ricas e poderosas de Angola. Nos finais do século XIX, em Luanda, Lisboa, Paris e Rio de Janeiro, misturam-se personalidades históricas do movimento abolicionista, escravos e escravocratas, lutadores de capoeira, pistoleiros a soldo, demiurgos, numa luta mortal por um mundo novo.

Quetzal Editores

Outro livro de grande qualidade – José Eduardo Agualusa no seu melhor.

Fradique Mendes é uma personagem tão real como as melhores invenções.

a sociedade dos sonhadores involuntários de josé eduardo agualusa

O jornalista angolano Daniel Benchimol sonha com pessoas que não conhece. Moira Fernandes, artista plástica moçambicana, radicada em Cape Town, encena e fotografa os próprios sonhos. Hélio de Castro, neurocientista brasileiro, filma-os. Hossi Kaley, hoteleiro, antigo guerrilheiro, com um passado obscuro e violento, tem com os sonhos uma relação ainda mais estranha e misteriosa. Os sonhos juntam estas quatro personagens num país dominado por um regime totalitário à beira da completa desagregação.

Wook

Realmente fantástico. José Eduardo Agualusa nunca deixa de surpreender.

Com uma narrativa poética e comovente, viajando entre o passado e o presente da vida das personagens o autor apresenta um mundo cruel e caótico. O sonho será o mecanismo que permitirá transformar esse mundo em queda, num mundo mais equilibrado; enfim erguer uma Angola mais sensata.

O sonho é libertador?!

estação das chuvas de josé eduardo agualusa

Biografia romanceada de Lídia do Carmo Ferreira, poetisa e historiadora angolana, misteriosamente desaparecida em Luanda, em 1992, após o recomeço da guerra civil, transporta-nos desde o início do século até aos nossos dias através de um cenário violento e inquietante. Um jornalista (o narrador) tenta descobrir o que aconteceu a Lídia, reconstruindo o seu passado e recuperando a história proibida do movimento nacionalista angolano; pouco a pouco, enquanto a loucura se apropria do mundo, compreende que o destino de Lídia já não se distingue do seu.

Quetzal Editores

Obra dolorosa da José Eduardo Agualusa.

As diversas personagens do livro são apanhadas no turbilhão do movimento nacionalista angolano e acompanham a violência que ele produz. E se o objectivo do livro não é responder ao que origina a violência é fácil compreender que para uns é a sobrevivência, para outros a fuga de uma vida no inferno, para outros a família, a ganância e até a ilusão.

Estação das Chuvas perturba e choca o leitor. Mas a narração é bem equilibrada. Nos momentos em que o autor escreve sobre a vida de Lídia do Carmo Ferreira temos uma narrativa lúcida (poética). Quando narra episódios relacionados com a guerra civil é-nos apresentada realistamente a loucura da guerra e do ódio..

as mulheres do meu pai por josé eduardo agualusa

Ao morrer, o famoso compositor angolano Faustino Manso deixou sete viúvas e dezoito filhos. A filha mais nova, Laurentina, realizadora de cinema, tenta então reconstruir a atribulada vida do falecido músico. Em As Mulheres do Meu Pai, realidade e ficção correm lado a lado, a primeira alimentando a segunda. Nos territórios que José Eduardo Agualusa atravessa, porém, a ficção participa da realidade. As quatro personagens do romance que o autor escreve, enquanto viaja, vão com ele de Luanda, capital de Angola, até Benguela e Namibe. 

Wook

Outro livro de José Eduardo Agualusa de grande qualidade, mas com um registo diferente. Uma história em que o parece que vai ser não o é.

Um livro de amor e desamor no qual a música é o fio condutor e o unificador comum.

no interior: “as mulheres do meu pai”

Vinheta no interior do livro “As Mulheres do Meu Pai” de José Eduardo Agualusa editado pela Quetzal.

passageiros em trânsito por josé eduardo agualusa

Passageiros em Trânsito é outro excelente livro de contos por José Eduardo Agualusa.

Adorei especialmente as histórias:

  • A armadilha
  • É doce morrer no mar
  • e outras mais

Mais um livro que não desaponta.

barroco tropical por josé eduardo agualusa

Uma mulher cai do céu durante uma tempestade tropical. As únicas testemunhas do acontecimento são Bartolomeu Falcato, escritor e cineasta, e a sua amante, Kianda, cantora com uma carreira internacional de grande sucesso. Bartolomeu esforça-se por desvendar o mistério enquanto ao seu redor tudo parece ruir. Depressa compreende que ele será a próxima vítima. Um traficante de armas em busca do poder total, um curandeiro ambicioso, um antigo terrorista das Brigadas Vermelhas, um ex-sapador cego, que esconde a ausência de rosto atrás de uma máscara do Rato Mickey, um jovem pintor autista, um anjo negro (ou a sua sombra) e dezenas de outros personagens cruzam-se com Bartolomeu, entre um crepúsculo e o seguinte, nas ruas de uma cidade em convulsão: Luanda, 2020.

Quetzal Editores

Será uma opinião telegrama. Adorei. Agualusa nunca me deixa de espantar.

catálogo de sombras por josé eduardo agualusa

Outra obra que não desaponta. Estou, realmente, a adorar ler as obras deste escritor.

Este singelo livro de contos é poesia em estado puro. Ao virar de cada página somos bafejados por diabólicos/harmoniosos sussurros.

Maravilha!


Ainda só houve um escritor que de tanto ler histórias dele me cansei.