Artigos

01 a 10, as perguntas

01. Qual a origem do seu nome?
— Os meus pais copiaram o meu nome de um saco de plástico.

02. Qual a última vez em que chorou?
— Hoje, após perder uma corrida contra um caracol.

03. Qual é a sua carne favorita?
— Carne morta.

04. Ainda tem as suas amígdalas?
— Sim, num frasco.

05. Acha que é forte?
— Sou forte e pesado. Pesadamente forte.

06. Qual a primeiro coisa que repara nas pessoas?
— A sombra.

07. Futebol ou basebol?
— Xadrez.

08. Cheiro favorito?
— Um livro aberto.

09. Filmes de terror ou filmes com finais felizes?
— Bons filmes.

10. Dia favorito da semana?
— Todos os dias são santos dias.

2 metros

— Meu… por que não usas máscara quando sais de casa?
— Só a uso quando percebo que terei pessoas num raio de dois metros – medido a olho, claro. Até agora só me cruzei com gatos, cães e outros animais que tais.
— A sério?
— Viste que consegui fazer uma rima com ais. Lindo. Mesmo lindoooo!
— Houve lá, não estás comigo desde que deixas a tua casa?
— E?
— E? Então não sou uma pessoa e não estou a menos de dois metros?
— Ah! Ah! Vejamos. Sinceramente. Ah! Nunca te vi muito bem como uma pessoa. Para mim és mais um rato, uma lesma. Uma perturbação na força.
— És doente. Sabias?
— Nem te respondo caracol, mas coloco um máscara – satisfeito? Tens aí uma que me emprestes?
— Uma máscara não se empresta e não, não tenho mais máscaras.
— Então temos de nos afastar dois metros.
— E coomooo se estamos num carrrrroooo.
— Que violência man. Simples.
Parei o carro e pedi educadamente ao caracol que abandonasse a viatura. Fê-lo a exibir uma cara de radiante espanto a raiar a estupidez.
— Satisfeito? — não me respondeu. Não entendo aquelas pessoas que nunca estão satisfeitas.

algumas considerações

The Witcher (a série) – o que não me aborrece muito é terem massacrado uma grande parte da história original; o que, realmente, não suporto é um enredo inconsistente, fracos diálogos, a merda do politicamente correcto (a cena da inclusão) e com isso matar Triss Merigold; e desde quando anões são apenas pessoas pequenas e elfos apenas “tipos” de orelhas ponteagudas?

O que compensa? O facto de Henry Cavill conseguir, convencer sem muito esforço, ser Geralt de Rivia (ele leva a série às costas); as cenas de batalha – a do primeiro episódio está exactamente como imaginava Geralt a lutar.

Em resumo: os livros de Andrzej Sapkowski são fantásticos e com eles mergulhamos com facilidade no universo The Witcher, com a série isso não acontece.

seis matadouros

Comecei a ler Matadouro Cinco de Kurt Vonnegut e perguntaram-me qual o tema do livro. Respondi naturalmente que era sobre um tipo que tinha seis matadouros, mas que era no matadouro cinco que aconteciam coisas altamente maradas.
— Que coisas? — questionaram novamente.
— Coisas altamente maradas!
— Maradas como?
— Altamente claro!
— Mas que coisas porra?
— Outra vez? Maradas! Altamente maradas!
— Marado és tu.
— Compra o livro para ficares marado com as coisas altamente maradas.

dialogues – did you eat chocolate?

— Did you eat chocolate?
— How do you know?
— Your breath smells like chocolate.
— Oh! Yes, I did.
— You were not even able to deny it.
— Do you want me to be a liar? You’re the one who buys the chocolate. You’re luring me.
— Yes, It’s true that I buy the chocolate, but I’m thin. And besides, it was hidden.
— Hidden? What a great hiding place, in front of the crackers. Conclusion, I am fat and greedy. And the fact that you’re thin gives you the right to eat the chocolate by yourself? And all this revolt because of 100 grams of chocolate – you insult me.
— Insults? Are not you fat?
— Of course I’m not fat, I’m overweight.
— That’s right … and you were not greedy about eating aaaaall the chocolate?
— Of course not, I was an opportunist. Opportunity makes a glutton.
— You’re right, you’re not fat or greedy… you’re a dick. Jeez!
— I do not say no to that. When are you going to buy and hide more chocolate?
— Turn off the light and sleep.

auto-glorificação de likes?

Não vou a qualquer rede social que utilizo e/ou utilizava desde o inicio deste mês. O motivo é menos o cansaço e mais o não ter nada de interessante a dizer. Fico sempre com a obrigação de efectuar um like, um comentário.

E afinal o que vou dizer? Que estou a ler um novo livro. Colocar uma foto de comida? Uma foto de moi numa composição marada?

Não será um narcisismo elevado à décima potência? Uma auto-glorificação de likes? É-me, actualmente, indiferente.

Sinto o vício a despontar debaixo da unha. Aquele necessidade abrasadora de ir lá fazer nada, alguma coisa, mas a ausência de reciprocidade, a deselegância recorrente bastou-me; talvez.

Escrevo aqui, claro que sim – sempre. Escrevo para mim. Aqui sinto-me interessante.

le scat noir #224

Além de ter uma história incluída, que é mais outro diálogo absurdo (“how to win a conversation“), enfim umas breves linhas, ao melhor estilo telegrama e, um desenho, “deadpool“, tenho, igualmente, neste excelente número uma referência ao lançamento do meu livro Sons of Man.

É sempre um prazer colaborar para este revista e ter o meu nome lado a lado com artistas tão loucos: saudavelmente.