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de rosca!

Há dias em que seria tão bom, mas mesmo bom, ser possível trocar de cabeça.

crise de gota

Sofri no passado domingo a primeira crise de gota – porra!

Podia ser uma crise de amnésica, uma crise de sorte, uma crise ambiental, um crise cubana, em última recurso uma crise de estupidez, mas não, não teve de ser uma crise de gota. Uma cena que não é motivo de orgulho para ninguém. Acordar com dores enormes no dedão do pé direito, assistir ao seu crescimento, à sua deformação foi inesquecível.

Na unidade de saúde a que me desloquei para perceber o que se passava tive de passar por uma máquina que detecta, quase automaticamente, a temperatura corporal – colocava a testa, a mão direita, a mão esquerda, as palmas, mas apenas passados 3 minutos é que a máquina debitou “35.3 graus” e lançou jactos de vapor desinfectante e passei à fase seguinte: sala de espera.

Estamos, realmente, num mundo em que a alienação é a ordem do dia. Dentro daquela máquina, senti-me pela primeira vez, alienado – vítima inocente ou não de uma maluquice mundial.

barbaridade

Entrei no apartamento. Sentia-se a atmosfera pesada, como se o local soubesse que ali tinha sido cometido um crime.

Antes de entrar no quatro já se ouvia a azáfama da equipa forense. Apesar de ter visitado muitos cenários de crimes hediondos nunca deixo de ficar chocado com a capacidade humana para a crueldade. O que deparava perante os meus pés era o crime dos crimes. Uma bíblia foi desventrada por um punhal. Deu para perceber que proporcionou luta: diversas páginas estavam rasgadas, ainda coladas ao miolo, outras páginas encontravam-se espalhadas pelo chão – barbaridade.

doutor sono de stephen king

Uma tribo de gente chamada o Nó Verdadeiro viaja à procura de sustento pelas autoestradas da América. Parecem inofensivos e são, sobretudo, velhos. Mas, tal como Dan Torrance bem sabe, e Abra Stone não tarda a descobrir, os membros do Nó Verdadeiro são quase imortais e vivem do «vapor» produzido pelas crianças com o «brilho» quando são lentamente torturadas até à morte. Assombrado pelos residentes do Hotel Overlook, onde passou um ano horrível da sua infância, Dan anda há décadas à deriva, tentando libertar-se do legado de desespero, alcoolismo e violência deixado pelo seu pai. Por fim, instala-se numa cidade de New Hampshire, numa comunidade de Alcoólicos Anónimos que o apoia e num trabalho num lar, onde o «brilho» que lhe resta oferece um derradeiro conforto aos moribundos. Com o auxílio de um gato presciente, torna-se o «Doutor Sono». E depois Dan conhece a evanescente Abra Stone, e é o espetacular dom dela, o brilho mais vivo que ele já viu, que dá novo alento aos fantasmas de Dan e o impulsiona para uma guerra épica entre o bem e o mal para salvar Abra e a sua alma.

Wook

Adorei a leitura da sequela The Shining. Stephen King no seu melhor.

Doutor Sono é uma leitura que assusta e diverte – delirante.


Tradução de Ana Lourenço e Maria João Lourenço

Na esquina uma miniatura da personagem Altaïr Ibn La’ahad da saga Assassin’s Creed.

lol, camouflage 11.0 – spicy

Wearing a turban, his body covered with sandalwood ashes and painted with dye, his face decorated with an outline of a black beard, precariously wrapped in a ragged saffron robe, fastened on a piece of rope is a loincloth that pretends to hide his nakedness, with sacred beads and sequins around his neck, a gold chain looped on his right ankle, which makes him appear to be a young sadhu although he does not have any tilaka on his forehead, he walks through Rishikesh towards Haridwar.
A smile of pure satisfaction radiates from his face as his senses embrace the colors, smells and flavors of the spice stands that surround him.
Sitting near the bank of the Ganges River, wearing the shade of a tree, after having crossed the Laxman Jhula Bridge, he realizes how magnificent the smells of Rishikesh are and is proud to have chosen this pilgrimage route to the Maha Kumbha Mela. ‘It is incredible how in a crowd one can better perceive healthy solitude’ is the thought that arises before the undulating mystique of the Ganges River. It is this refuge that he needed and also the absorption of millennial energies.
It is almost sunset. The young sadhu rises and as he leaves behind the Ganges the aquatic magic is diluted harmoniously in the bustle of the metropolis and he feels like the link that unites the two landscapes. His readings taught him that there may be no chaos in chaos, as there may be no order in order, but these maxims begin to be broken when he is surrounded by a group of tourists who had hitherto been photographing the exterior of Trayambakeshwar.
‘A HOLY MAN!’ they shouted.
‘Holy? Where?’ he questions himself, but as he is pointed out by cell phones, he suspects that they think he is the saint, ‘crazy people!’

[… an excerpt …]

lol, camouflage 8.0 – the steps

lol goes up the stairs … 1, 2, 3, 4, 34 … He is 10 meters above the ground – verticality. Once he reaches the platform he travels its six meters of length. Inhales, exhales, inhales, sighs. He turns his back. lol is standing perched on the edge of the platform. He takes a deep breath. He boosts himself and jumps. And so we see him travelling in seconds the distance to the water with his legs bent, glued to his chest and his arms holding his shins. At the last moment he opens himself up in such a disorderly manner that the aim of entering the liquid in blue at a 90 degree angle falls apart. He plummets (a perfect “belly-flop”) into the water in a cross position: arms open, legs open – X marks the SPLASH!

[… an excerpt …]

a transformação

Hoje pela madrugada dentro estava com os pés completamente gelados e o resto do corpo a tremer que nem decrépitas bandeiras de Portugal penduradas nas varandas ao sabor do vento. Quando o frio começou a subir pelas canelas e a alastrar pelos membros inferiores temi pela saúde do meu pénis e dos meus exuberantes testículos.
Estaria a transformar-me em vampiro? Claro que no clássico vampiro que pede licença para entrar em casa e não aquele que come vegetais ou anda à luz do dia. Um dos motivos que me leva a adorar os vampiros é esta refinada educação. O vosso deus, por exemplo, está em todo o lado e nem pediu permissão para estar neste preciso momento a ler o que estou a escrever por cima dos meus ombros.
Esta ideia romântica de transformação foi afastada pela resposta da minha mais-que-tudo, após ter bocejado um arrepiado “Estou cheio de frio e a tremer. O que se passa?”. “Olha que eu estou cheia de calor.” foram as suas palavras jocosamente apunhaladas nos meus ouvidos.

Assustei-me.

Estaria a minha energia vital a ser sugada? Passados estes anos todos seria a minha companheira de cama uma real Sil? Uma parasita cibernética do planeta “estou-realmente-lixado-da-cabeça“?
“Agora é que não me safo”, sussurrei para a minha almofada.
Senti uma mão a penetrar-me nas costas, a subir até ao pescoço e a dizer “Estás cheio de febre.” A mão e corpo saiu da cama e foi para a cozinha preparar qualquer poção diabólica ao melhor estilo de chá de Santo Daime. Soube isto quando me foi oferecido um copo de líquido branco e efervescente com um irritado “toma isto e vê se me deixas dormir”. Bebi calado e bem caladinho. Não me lembro de adormecer.

Acordei. A fêmea alfa já não estava na cama. Teria sido tudo um pesadelo?

a festa das colheitas 2012

No post 30ª Feira de Artesanato de Barcelos 2012 referi:

exceptuando um stand do qual não registei o nome – culpa minha.

ora bem descobri o stand na Festa das Colheitas 2012 de Vila Verde e desta vez tirei fotografias. O stand em questão é pois da jovem artesã Joana Fernandes, natural de Cabanelas, que revela os seus trabalhos de artesanato feitos em cortiça.

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joana fernandes

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Tive oportunidade de ver algumas peças criadas no 2º Encontro Inter-Regional de Cortes em Madeira com Motosserra.

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trabalhos em madeira

Em excelente companhia beneficiamos de um excelente jantar na tasca da Igreja de Esqueiros (sim ajudei uma igreja, tal e qual, a comida foi boa…) e servido por imensos São Pedros.

esqueiros

ementa esqueiros

Ataquei delicadamente umas papas de sarrabulho e optei pela alheira com grelos, regada com um decente Alvarinho, para completar o menu. A companhia foi agradável e a discussão sobre o tamanho da alheira foi muito teológica.

A primeira verdadeira surpresa da noite ocorreu depois de tomar um café quando actuou o artista da noite, desconhecido para mim e para os meus amigos. Acho que a C.J. ainda está em choque pela musicalidade do artista e pela performance em palco da Sofia 1 e Sofia 2. Nenhum de nós se recorda de ter ouvido algo semelhante para bem ou para o mal. Consegui filmar alguns segundos. A emoção, a dor de barriga, o inexplicável sangramento auditivo obrigou-me a abandonar o recinto da feira e trazer a reboque os meus sofridos amigos.

No geral foi uma noite muito positiva. A repetir certamente.

o raio dos maios

A minha apavorante vizinha do décimo quarto andar não se cansa de depositar surpresas encostadas à porta blindada de entrada para o meu apartamento. São donuts, pães árabes, pães ázimos, pães franceses, pães integrais, decorados ora com uma vela, um palito colorido, um stick luminoso, pêssegos paraguaios, marmelos, mas também deixa artigos não comestíveis, como um fálico candeeiro lâmpada de lava vermelha, um broche em prata e outras coisas de que já não tenho memória. Não sei o que se passa naquela cabeça. Não consigo compreender, e tenho dois dedos de testa, o que ela quer conseguir com aquelas oferendas.

Já lhe disse com a menor simpatia que tenho que deve mudar de atitude, que é uma exagerada, que o que faz não tem qualquer sentido, que se deseja ter sexo comigo isso nunca vai acontecer, não porque seja feia (também não é bonita, até tem um corpo de pedir por mais), apenas odeio saber que tenho uma amante no prédio onde habito obcecadamente possessiva.

– A sua sorte é eu ainda ser boa pessoa e isto ser saboroso – respondi-lhe, na sexta-feira passada, após dar uma última trincadela na oblação, um donut caramelizado. Viro-lhe as costas e subo em passo de corrida pelo elevador até ao meu reduto.

Passados que foram dois dias do último donut olho para o espanto dos espantos; completamente apalermado fiquei a encarar um pito amarelo, de laço vermelho ao pescoço, num cesto de vime repleto de ovos de chocolate. Pego no cartão preso à asa e leio “Big, ofereço-lhe esse inocente pito como prova do meu apreço. A sua vizinha 14C“. Aquela prenda tinha a mensagem mais clara de todas. Senti que tinha de terminar com os abusos. As dádivas atingiram outro patamar pela ausência de subtileza; de inocente não tinha nada e o pito, ou mais correctamente o frango, da oferecida, que deve ser tudo menos cândido, foi-me oferecido em vermelho.

Mal sabia que o pior estava para vir. Hoje, 30 de Abril, lá descobri refastelado no chão um cesto de verga castanho com imensas maias ou maios, enfim ramos de giestas amarelas. Fiquei assustado. Odeio rituais, até os pagãos. Iniciei um laborioso processo mental, só como eu sou capaz, e concluí que o ritual tem como objectivo último impedir a entrada do Burro, do Maio ou do Carrapato nas casas; afastar as entidades maléficas, os demónios. Chegado a esta ilação uma paz interior colou-se ao corpo. Finalmente a 14C ia deixar-me em paz. Coloco os maios e desvio a vizinha carrapata da minha porta – pensei. Grande burra acabou de dar um tiro no pé; deu, mas foi, um tiro nos dois pés e caiu de frente. O susto já era uma miragem e comecei a gargalhar todo satisfeito quando o tiimmm do elevador antecipando a abertura das portas interrompeu a quarta risada e vi lá dentro a 14C vestida de branco, coroada com flores, descalça, diáfana, a exalar fertilidade. As portas fecharam-se e o elevador desceu. Se eu fosse o Reed Richards os queixos tinham-me caído literalmente ao chão.

Que se fodessem os maios, que não eram precisos. O diabo já estava dentro de casa, dentro de mim. E o demónio em mim entrou em parafuso. Tresloucado desci, imagine-se, pelas escadas, abalroei a porta do 14C para a encontrar sentada, sensual, num trono de flores. Lancei-me a ela de arpão em riste, rasguei-lhe a parca cobertura; de costas para mim e com as mãos apoiadas nos braços da poltrona florida enfiei numa líquida vulva um sequioso pénis com tanta facilidade que quase perdi o equilíbrio não me tivesse agarrado a dois seios tesos, ausentes de artificialismos. Com a coluna a arquear a cada investida minha senti que estava a gostar da viagem de tobogã; e quando comecei a despejar 117 milhões de demónios, contagem do meu último espermograma, ri-me em deliciosos sobressaltos da imagem mental que me surgiu, assim do nada: um pito amarelo, de laço vermelho a afogar-se num taça cheia de manteiga.

Abandonei-a sufocada por suspiros, sabendo que os meus demónios irão morrer pacificamente em suave agonia em 24 horas – maios para quê.

Finalmente exorcizei-a.

o vosso exorcista: BigPole

a terrível e a mascote

A primeira foto comprova preto no autocolante o quanto a filhota adora decorar, colar, pintar. Aparentemente não é nada, concretamente é um roupeiro.

Estas duas exibem o seu peluche de eleição o temível e assustador crocodilo capaz de afastar qualquer pesadelo e matar potenciais monstros debaixo da cama.

a terrível e a mascote

a terrível e a mascote, zoom

a terrível e a mascote, margarida

a terrível e a mascote