A escritora Charlotte Alter ao falar sobre o seu livro “The Ones We’ve Been Waiting For” no The Late Show Setphen Colbert, emitido em 26.02.2020, exibido ontem na Sic Radical, consegue sem qualquer dificuldade revelar um grande grau de estupidez quando afirma o seguinte:
Harry Potter foi um fenómeno cultural sem precedentes. Literalmente sem precedents na história da literatura humana. Mais pessoas consumiram Harry Potter no tempo em que foi criado do que em Dickens, Shakespeare ou qualquer outra grande obra de literatura que se possa imaginar.
Vamos comparar o mundo como o era em 1920, data de publicação do livro “Este Lado do Paraíso” de F. Scott Fitzgerald, cuja primeira edição esgotou em poucos dias, ou como o era no século XIX com Dickens, que com o seu “Oliver Twist” alcançou fama a nível mundial, ou com Alexandre Dumas: o seu “Os Três Mosqueteiros” já tinha em 1846 três edições em inglês.
Será que Charlotte Alter consegue perceber a diferença da nossa aldeia global, termo de Herbert Marshall McLuhan, com a informação a alcançar qualquer lugar, esquina do planeta em segundos, com a forma como a informação circulava no século XIX ou até durante muito tempo no decorrer do século XX? Acho que não.
Estamos, realmente, a falar de coisas diferentes.