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a rainha ginga de josé eduardo agualusa

O novo romance de José Eduardo Agualusa, A Rainha Ginga, conta a vida fantástica de Dona Ana de Sousa, a Rainha Ginga (1583-1663), cujo título real em quimbundo, “Ngola”, deu origem ao nome português para aquela região de África.
É a história de uma relação de amor e de combate permanente entre Angola e Portugal, narrada por um padre pernambucano que atravessou o mar e recorda personagens maravilhosos e esquecidos da nossa história – tendo como elemento central a Rainha Ginga e o seu significado cultural, religioso, étnico e sexual para o mundo de hoje.  

Quetzal Editores

A Rainha Ginga é o ponte de partida e o ponto de chegada de todas histórias narradas por Francisco José da Santa Cruz, um padre Pernambucano. Ginga deslumbra com a sua postura e nesse seu andar contagia pessoas fascinantes que se cruzam e entrecruzam entre Portugal-Brasil-Angola.

Nos dias antigos, acrescentou, os africanos olhavam para o mar e o que viam era o fim. O mar era um parede, não uma estrada. Agora, os africanos olham para o mar e veem um trilho aberto aos portugueses, mas interdito para eles. No futuro, assegurou-me, aquele será um mar africano. O caminho a partir do qual os africanos inventarão o mundo

página 16

A Rainha Ginga é muito mais do que o coração desta obra é todo um universo:

O Paraíso deixara de ser para mim algo abstrato e remoto. O Inferno também. O Paraíso era ela e o ar que ela respirava, e o Inferno a ausência dela. A toda a volta só havia demónios.

página 68

Outro fantástico e muito sólido livro de José Eduardo Agualusa. A Rainha Ginga oferece uma leitura fácil e muito agradável.

campo maféfico terrestre

Até 1054 considerava-se que a terra estava rodeada por um campo magnético com os seus pólos próximos aos pólos geográficos da Terra. O facto de a localização dos pólos não ser estática, chegando a oscilar vários quilómetros por anos era motivo de confusão para os teólogos cientistas.

Esta teoria foi refutada em Abril de 1054 quando o Papa Leão IX sofreu um mortal ataque de coração causado pela súbita aparição – puf – do Diabo Balão nos seus aposentos.

O Diabo Balão (único diabo avistado até à data) foi capturado e interrogado ad nauseam.

Ficou-se, finalmente,  a saber a razão das forças maléficas nunca terem sido bem sucedidas a conquistar a terra. Atacar a terra significa subir das profundezas do inferno. Ora ascender é algo “bom”. Significa elevação (sentimento incompatível com o mal), por isso as forças do mal têm de descer. Contudo, e tendo em conta que a terra é redonda se descerem em demasia começarão a subir de outro lado. O lugar ideal, válido para qualquer diabo é o centro.

[para mais informação pode ser consultado o artigo sobre a definição da circunferência na geometria euclidiana]

Nestas subidas e descidas é criado o Campo Maléfico Terrestre. Ironicamente são os diabos nas suas movimentações que protegem a terra das partículas carregadas do vento solar. Ainda não se saber a razão do Diabo Balão ter conseguido ascender à terra. A teoria geralmente aceite é ele ter aproveitado a ruptura causada na Igreja pelo Grande Cisma do Oriente.

estação das chuvas de josé eduardo agualusa

Biografia romanceada de Lídia do Carmo Ferreira, poetisa e historiadora angolana, misteriosamente desaparecida em Luanda, em 1992, após o recomeço da guerra civil, transporta-nos desde o início do século até aos nossos dias através de um cenário violento e inquietante. Um jornalista (o narrador) tenta descobrir o que aconteceu a Lídia, reconstruindo o seu passado e recuperando a história proibida do movimento nacionalista angolano; pouco a pouco, enquanto a loucura se apropria do mundo, compreende que o destino de Lídia já não se distingue do seu.

Quetzal Editores

Obra dolorosa da José Eduardo Agualusa.

As diversas personagens do livro são apanhadas no turbilhão do movimento nacionalista angolano e acompanham a violência que ele produz. E se o objectivo do livro não é responder ao que origina a violência é fácil compreender que para uns é a sobrevivência, para outros a fuga de uma vida no inferno, para outros a família, a ganância e até a ilusão.

Estação das Chuvas perturba e choca o leitor. Mas a narração é bem equilibrada. Nos momentos em que o autor escreve sobre a vida de Lídia do Carmo Ferreira temos uma narrativa lúcida (poética). Quando narra episódios relacionados com a guerra civil é-nos apresentada realistamente a loucura da guerra e do ódio..

o paraíso e outros infernos de josé eduardo agualusa

Este livro de devaneios, fragmentos, reflexões não deixa de ser muito interessante.

Valeu a pena sentir José Eduardo Agualusa de outra maneira.

josé eduardo agualusa

Depois de ter lido “A Teoria Geral do Esquecimento”, por José Eduardo Agualusa, fiquei de tal forma fascinado pela sua escrita que tenha decidido começar a ler o resto da sua obra pela ordem de obtenção de cada título – pois claro.

Na seguinte lista não coloquei as suas obras de literatura infantil, “Estranhões e Bizarrocos”, ” A Girafa que Comia Estrelas”, “Um Pai em Nascimento”; “Lisboa Africana” grande reportagem sobre a comunidade africana de Lisboa, em parceria com Fernando Semedo (texto) e Elza Rocha (fotografia).


Acho que nesta lista não falta nada. A corrigir se necessário.


A existir links é a prova provada de que já li a obra.

[1] Os contos deste livro inicialmente publicados pela editora Vega foram reunidos no livro “A Feira dos Assombrados” publicado pela Quetzal. Todas as histórias partilham o Dondo como ponto comum.

honey bee

‘Honey bee do you want make love?’
‘Hell NO! I don’t want to spend more time around the stove.’
‘Ah! What! So…’
‘I want sex, wild sex…’

what the giants were saying by david rix

What the Giants Were Saying is accompanied here by the shorter work that inspired it, Red Fire, a piece that pushes the boundaries of extreme horror into a visionary and surreal world of love and pain, great white moths and tattooed skin, and above all, into the world of story itself.

Eibonvale Press

What the Giants Were Saying, with a perfect set up and with a great structure, is a strange story about domination and guilty, about dreams and fear, about pain, about hell and anguish, about refuge: no salvation, no cure. What the Giants Were Saying is a trip in your mind. Is deep, complex and multi-layered. Lots to take in, lots to read again and enjoy.

David Rix takes things to the extreme. It’s delightful how the story constantly establishes new points without ever getting monotonous. It gets hard to believe that the ending will be able to explain everything and I start speculate about that there can only be one possible conclusion for all the events – no conclusion at all.

To me the biggest achievement of the book is, that it’s never creepy just for the sake of freaking the reader out; every line has its purpose. Nonetheless, it is a very disturbing, but also compelling and mesmerized, book.

beau présent: elizabeth hollingworth

The sixteenth (03.09.2014) is a Beau Présent that I made for Elizabeth Hollingworth.

A girl,
a tango – latino night!
I gaze to a gaol!
I belong to her – an oblation.

I allow all:
to be beaten
to be eaten
to be a bait
to wait…

And waiting I hear
the hell.
I breathe the boiling air.
Breathing the lethal eternal
I hibernate.

In a rainbow lagoon
I battle an orange whale
to negotiate a birth.

We both agree:
the hell and I.

Hanging to the blowing
I grow…
higher
and
higher

‘Hello, again,
belle Elizabeth!’

An angel
with a brilliant bronze hair.
A heroine
in an elegant green bolero.

I not hate her when
I reborn
again
and
again… and again…
to bathing in her blaze halo.

To be together… a lethal reboot,
a genial waltz.

beau présent: adele whittle

The fourteenth (22.08.2014) is a Beau Présent that I made for Adele Whittle.

I wait
the late tide.
I wait
the white tail.

Adele Hi!
Hi! Adele.

Adele
halted awhile.

I tell
“The White Whale” tale.

Adele laid,
idle… awed.

The late dew tie Adele.
… wet Adele!
… lewd Adele!
I halted… the tale.

Adele waited.
I waited a wild idea…
I wail.

The late dew
led the tale lilt and
we…
we lit the ideal idea.
A hell idea.
Ah, the heat!

a porta dos infernos

A Porta dos Infernos por Laurent Gaudé (edição pela Porto Editora) foi lido no decorrer do dia de ontem. É um daqueles livros que tinha para ler e que era preterido em relação a outros.

Já sabia antes de o começar a ler que ia gostar dele, não sabia que seria uma leitura vertiginosa. A Porta dos Infernos é um livro sobre a morte, o desespero, o esquecimento, a fragilidade dos sentimentos, mas acima de tudo sobre a importância da vida. Não me deixou indiferente; é um livro muito bem escrito e profundamente perturbador.

O Pintor de Batalhas por Arturo Pérez-Reverte foi outros dos livros que me conseguiu abalar – no bom sentido. Contudo A Porta dos Infernos é uma leitura mais sufocante.

E estas palavras ditas por Schmidt no filme “About Schmidt” podem quase explicar um pouco do que foi lido.

Relatively soon, I will die. Maybe in 20 years, maybe tomorrow, it doesn’t matter. Once I am dead and everyone who knew me dies too, it will be as though I never existed. What difference has my life made to anyone. None that I can think of. None at all.

About Schmidt