Artigos

momentos…

O típico americano não é o exportado pelas séries televisivas Friends ou outras que tais. Será o típico americano um boçal no seu melhor e no seu pior – talvez?

Independentemente disso Trump é o expoente máximo do tosco. Nos EUA ele é o rei dos boçais. O expoente máximo da grossaria com honras televisivas nos noticiários e fonte inesgotável de piadas nos inúmeros talk shows nocturnos.

Ontem numa amostra de quatro foi feita uma sondagem e o resultado foi unânime; não o vemos a perder a reeleição. O caos vai vencer.

E o Obama foi um bom Presidente perguntaram-me. Se olharmos para a sua presidência e retiramos da equação a sua simpatia e educação, a verdade é que com ele pouco mudou nos EUA. Por exemplo “O Muro” de Trump que tanto choca foi reforçado em algumas partes e aumentado noutras pela administração Obama, mas o sorriso dele era fantástico.

E eis quando a mais nova diz — é como nos pinguins de Madagáscar “É só sorrir e acenar, rapazes! sorrir e acenar!”


Outro momento anómalo neste meu porta VIII.

apropriação

São as cores, os fazeres, os dizeres – tanta confusão, tanta discussão.

Certo dia, certa conversa mais ou menos assim, quando se fez perguntas sobre a raça.

Respondi que sou de uma raça filha-da-puta, mesmo filha-da-puta!

‘Que merda de resposta é essa?’

‘Há dias que me sinto vermelho por dentro e verde por fora. Nesses dias sou da raça melancia’ – continuei. ‘O pior é quando me sei amarelo por dentro e branco por fora. Podia-se pensar que seria da raça ovo, mas a verdade é que não me vejo a sair pelo cu de uma galinha.’

the institute by stephen king

In the middle of the night, in a house on a quiet street in suburban Minneapolis, intruders silently murder Luke Ellis’s parents and load him into a black SUV. The operation takes less than two minutes. Luke will wake up at The Institute, in a room that looks just like his own, except there’s no window. And outside his door are other doors, behind which are other kids with special talents—telekinesis and telepathy—who got to this place the same way Luke did: Kalisha, Nick, George, Iris, and ten-year-old Avery Dixon. They are all in Front Half. Others, Luke learns, graduated to Back Half, “like the roach motel,” Kalisha says. “You check in, but you don’t check out.”

Book Depository

“The Institute” de Stephen King venceu todas as provas. É uma história assustadora (assistimos ao verdadeiro mal); comovente e bastante credível e mais que viciante. Adorei.

doutor sono de stephen king

Uma tribo de gente chamada o Nó Verdadeiro viaja à procura de sustento pelas autoestradas da América. Parecem inofensivos e são, sobretudo, velhos. Mas, tal como Dan Torrance bem sabe, e Abra Stone não tarda a descobrir, os membros do Nó Verdadeiro são quase imortais e vivem do «vapor» produzido pelas crianças com o «brilho» quando são lentamente torturadas até à morte. Assombrado pelos residentes do Hotel Overlook, onde passou um ano horrível da sua infância, Dan anda há décadas à deriva, tentando libertar-se do legado de desespero, alcoolismo e violência deixado pelo seu pai. Por fim, instala-se numa cidade de New Hampshire, numa comunidade de Alcoólicos Anónimos que o apoia e num trabalho num lar, onde o «brilho» que lhe resta oferece um derradeiro conforto aos moribundos. Com o auxílio de um gato presciente, torna-se o «Doutor Sono». E depois Dan conhece a evanescente Abra Stone, e é o espetacular dom dela, o brilho mais vivo que ele já viu, que dá novo alento aos fantasmas de Dan e o impulsiona para uma guerra épica entre o bem e o mal para salvar Abra e a sua alma.

Wook

Adorei a leitura da sequela The Shining. Stephen King no seu melhor.

Doutor Sono é uma leitura que assusta e diverte – delirante.


Tradução de Ana Lourenço e Maria João Lourenço

Na esquina uma miniatura da personagem Altaïr Ibn La’ahad da saga Assassin’s Creed.

no serás nadie de alberto gonzález ortiz

Se em El Amargo Despertar Alberto González Ortiz temos um livro mais fácil de ler, apesar de nos apresentar um mundo apocalíptico, com No Serás Nadie o autor vai muito mais longe. Deixamos de ter uma leitura, digamos despreocupada, e passamos a ter um livro cebola – cheio de camadas e mais camadas. E quando pensamos que na última camada tudo fica resolvido – não – ainda levamos na cabeça com uma caixa de pandora.

No Serás Nadie faz-nos pensar… verdadeiramente. Aqui el amargo despertar é realmente amargo. Acabaram-se os passeios na praia.

lol, camouflage 8.1 – ishmael

The ship raced fast and the Jolly Roger waved proudly. Kissed by a steady wind the “Black” galleon caressed the waves sensuously – elegant. The buccaneers, led by Black Dog, knew that they would find good fortune as soon as they left the Bristol Harbor behind. Black Dog always had an ace up his sleeve, but this time he had the full deck. Black Dog obtained from Walter Raleigh, his great friend still imprisoned in the Tower of London for having seduced a handmaid of Queen Elizabeth I, the indication that El Dorado was located in the area of Guyana; in the tropical rain forest that extends from the mouth of the Orinoco to the Amazon: a better tip than this, impossible. Black Dog did not need great encouragement to aim to confirm firsthand the confidential information. If this proved to be true, Walter Raleigh would be a great friend; if it were false, Raleigh would not go through the shame of having been deceived. There are currently not many friends, true friends, like Black Dog: right? A golden friendship!
They landed on Tortuga for a light decompression and refueling. When they spotted Barbados, Black Dog ordered the crew to assemble on the deck. From the top of the castle, he told them they were going in search of the mythical El Dorado. His companions of fortune shouted sonorous “Hurrahs” and in joy sang the song:
‘Fifteen men on the dead man’s chest
Yo-ho-ho, and a bottle of rum!
Drink and the devil had done for the rest
Yo-ho-ho, and a bottle of rum!’

[… an excerpt …]

obscurum nocturnus por diogo carvalho

Já (re)li esta aventura diversas vezes e na última leitura descobri um pormenor que até então tinha-me passado despercebido. Tiago está a ler, no carro conduzido por David Gois, o Fanalbum “Cabo Connection” de, naturalmente, Diogo Carvalho.

cabo connection

cabo connection

Quanto ao livro…
É implacavelmente agradável.
Sem a necessidade de criar um barulhento e grandioso cenário apocalíptico, mas antes com uma atmosfera calma e subtil Diogo Carvalho tem a chave perfeita para uma história imprevisível, emocionante. Não sendo apenas um livro de horror, é romântico (até), cheio de acção, aventura e com uma sensação de road trip, a verdade é que nos transporta delicadamente ao medo.

Mesmo para quem não gosta de horror aconselho uma boa espreitadela. É fantástico. Para quem adora horror é a cereja no topo do bolo.

É um livro que qualquer zombie que se preze gostaria de ler.

sepulturas dos pais de david soares e andré coelho

Primeira nota:
a nível gráfico é um livro ímpar; Mário Freitas encarregado da edição, da paginação e da legendagem está de parabéns – a Kingpin Books pode se orgulhar de ter editado um livro invejável.

Outra notas:
André Coelho responsável pelos desenhos conseguiu criar uma atmosfera negra, onírica, sensual. Existem pranchas verdadeiramente espectaculares.
As seis pranchas em que Borges nos oferece um solilóquio têm uma perfeita combinação de texto e imagem e a última das seis pranchas é uma doce surpresa.

Em “Sepulturas dos Pais” temos um David Soares igual a si próprio: ímpar, irrepreensível, sem papas na língua – o que é o pudor? uma palavra castradora da imaginação, que David Soares não teme -, cruel na exploração da natureza humana, modelador de magia, criador de uma narrativa com melodia (o livro a ser lido em voz alta oferece outra leitura porque David Soares utiliza as palavras certas para criar um ritmo de fundo; é como estar a ler e ouvir o som das ondas). Ele, sem qualquer maquilhagem, produziu uma história em que o real não é o que parece e em que o sobrenatural é o real – doce arrepio.

André Coelho e David Soares são o par perfeito. Um com um traço negro, outro com palavras cruas (provocadoras) conseguiram em pouco (62 páginas) contar muito num livro em que a obsessão é, maravilha das maravilhas, a ordem do dia.

Adorei o livro. É disto que eu preciso.

a possibilidade de uma ilha

La Mort des pauvres

C’est la Mort qui console, hélas! et qui fait vivre;
C’est le but de la vie, et c’est le seul espoir
Qui, comme un élixir, nous monte et nous enivre,
Et nous donne le coeur de marcher jusqu’au soir;

À travers la tempête, et la neige, et le givre,
C’est la clarté vibrante à notre horizon noir
C’est l’auberge fameuse inscrite sur le livre,
Où l’on pourra manger, et dormir, et s’asseoir;

C’est un Ange qui tient dans ses doigts magnétiques
Le sommeil et le don des rêves extatiques,
Et qui refait le lit des gens pauvres et nus;

C’est la gloire des Dieux, c’est le grenier mystique,
C’est la bourse du pauvre et sa patrie antique,
C’est le portique ouvert sur les Cieux inconnus!

Charles Baudelaire

Este livro, “A Possibilidade de Uma Ilha”, por Michel Houellebecq é uma verdadeira obra de arte. Só li dois livros deste escritor e em cada um deles ele revela ser um génio.

leite vs cola

O resultado de um pouco de leite num copo com cola-cola.
Sim é verdade. Coloquei coca-cola num copo e de seguida adicionei leite. Menos de uma hora depois o que apareceu no copo foi algo de muito esquisito.