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em linha directa

Tenho uma colega sentada à minha frente. Linha directa quatro metros. Tapada por um monitor de 19”. Sentada não a vejo (é pequena). Mas ouço-a – irritantemente. O som que emite é um grasnar e um zurrar demoniacamente combinados. Se isso já não pernicioso per si ainda se dedica a trautear as músicas que passam na rádio. Uma vaca a caminho do matadouro consegue ser menos dramática. Hoje, não sei como, está a ser mais colérica. Não sei quanto tempo mais aguento. Atirei-lhe um agrafo que ficou abafado na enorme peruca a que chama cabelo. Arremessei uma régua de dez centímetros que colidiu contra o monitor. Nem se mexeu. Nada de grave. Peguei no meu teclado QWERT e sem qualquer sobressalto enfiei-o à velocidade da escuridão no lado esquerdo da sua cara. Ela começou a sangrar da boca. Gemeu uns gemidos nauseabundos. Pumba e carreguei-lhe novamente com o teclado. Calou-se. E desfalecida encontrou o chão. Do teclado saltou apenas a tecla F1 que ficou languidamente pousada ao lado da sua cara. Sentei-me na cadeira vazia. E de olhos fechados esperei. Sosseguei. Esperei.

o homem que escrevia azulejos de álvaro laborinho lúcio

A Cidade e a Montanha vigiam-se mutuamente, num jogo de espelhos e de contrários, numa geometria de centros e periferias, num enredo de poderes e de ocultações, onde muitas são as maneiras de viver a clandestinidade e muitas são as clandestinidades: escondidas, distantes; umas, vividas; outras, à vista de todos. Dois homens, Marcel e Norberto, atravessam, juntos, todo o tempo de uma vida. Escolheram, para viver, a ficção, e é nela que são clandestinos. Com eles vêm encontrar-se João Francisco e Otília. Ele, violinista e professor de música, ela, a sua jovem neta, ambos na busca incessante do sublime, também eles recusados pela realidade. Um homem que escrevia azulejos – que reencontrou a utopia e gostava da sátira – reparou neles e pintou-os com palavras.

Quetzal Editores

Gostei do que li. Um livro que convida à reflexão de “nós e dos outros” e do conhecimento como instrumento de, digamos… redenção.

as artes

Se todos sabem o que é a sétima arte, quais são as outras?

  • 1ª Arte — Música
  • 2ª Arte — Artes Performativas
  • 3ª Arte — Pintura
  • 4ª Arte — Escultura
  • 5ª Arte — Arquitectura
  • 6ª Arte — Literatura
  • 7ª Arte — Cinema 
  • 8ª Arte — Fotografia
  • 9ª Arte — Banda Desenhada
  • 10ª Arte — Jogos de Computador
  • 11ª Arte — Arte digital 

galo com saxofone por testa

Aqui estou abraçado a uma escultura de metal realizada pelo meu Tio João, de seu nome artístico TESTA. Na minha mão o livro A Sociedade de Sonhadores Involuntários.

a começar

Quando apanho boleia para o meu local de trabalho gosto de esperar durante, cerca de, quinze minutos e aproveitar o tempo para ler. Assim estou preparado para o dia que se inicia. Se for a pé a deslocação é feita ao som da música. Momento para o pensamento divagar alegremente.

Se esta rotina se quebra será um dia maldito.

canto nómada de bruce chatwin

Canto Nómada (The Songlines) de Bruce Chatwin, editado pela Quetzal Editores na colecção Terra Incógnita, foi uma leitura deslumbrante.

Será que a linguagem começou como música?

Tradução de José Luís Luna

no interior: “as mulheres do meu pai”

Vinheta no interior do livro “As Mulheres do Meu Pai” de José Eduardo Agualusa editado pela Quetzal.

retrato do carteiro joseph roulin por vincent van gogh

No livro “A Morte do Comendador” o autor fala de pintura e de música, não fosse Haruki Murakami um melómano assumido. A páginas tantas fala-se do Retrato do Carteiro Joseph Roulin pintado por Vincent van Gogh e aqui está ele.

embondeiro

Embondeiro cantado por Mariza [1] e escrito por José Eduardo Agualusa.


[1] É tão grande e resistente como embondeiro

na canção “Quem me Dera”

senza un perché

Non c’è niente di meglio che stare in silenzio
E pensare al meglio
Ha un’estate leggera che qui ancora ancora non c’è
E tutta la vita
Gira infinita
Senza un perché
E tutto viene dal niente
Niente rimane senza di te
E tutta la vita gira infinita
Senza un perché
E tutto viene dal niente e niente rimane senza di te

Lei non parla mai
Lei non dice mai niente

Senza un perché, Nada