seca de neal shusterman e jarrod shusterman

A seca já dura há muito tempo na Califórnia. E a vida da população tornou-se uma interminável lista de proibições: proibido regar a relva, proibido encher a piscina, proibido lavar o carro ou tomar duches longos. Até que as torneiras secam de vez. E é assim que, de repente, o tranquilo bairro onde Alyssa Morrow vive se transforma numa zona de guerra, onde vizinhos e famílias, outrora solidários, se digladiam em busca de água.
Saída de Emergência
Comprei este livro menos pela actualidade do tema e mais para saber como os autores iam tratar a adorada dualidade homo homini lupus (o homem é o lobo do homem de Hobbes) vs bom selvagem.
Neste caso concreto a “psicologia de escassez e pensamento de privação”. [1]
De um lado o pessimismo de Hobbes, do outro lado o optimismo
Jean-Jacques Rousseau. Na história as personagens, jovens adultos, não chegam a balancear-se entre os dois pólos – agem sempre pela bitola da sobrevivência e do bem comum. Nunca são verdadeiramente maus.
Ocorrem casos do homem ser lobo do homem, mas são tão isolados que comprovam o optimismo dos autores. O homem é bom por natureza, agindo contra as normais sociais apenas para sobreviver.
Mesmo sendo um livro, digamos que optimista, os autores exploram bem a natureza humana e a sobrevivência. Mas gostava de ter sido fornecido mais factos sobre a falta de água, o que estava a ocorrer, por exemplo, em outras zonas do país.
Gostei da forma como a história é contada pelas perspectivas das personagens principais: Alyssa, Kelton, Garrett e Jacqui. E o mecanismo funcionou bem. Criou sempre uma sensação de desespero e paranóia.
O final da história não é forçado. É um livro que nos faz acima de tudo reflectir sobre a precariedade da nossa sobrevivência como raça.
[1] página 138
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