auto-glorificação de likes?

Não vou a qualquer rede social que utilizo e/ou utilizava desde o inicio deste mês. O motivo é menos o cansaço e mais o não ter nada de interessante a dizer. Fico sempre com a obrigação de efectuar um like, um comentário.

E afinal o que vou dizer? Que estou a ler um novo livro. Colocar uma foto de comida? Uma foto de moi numa composição marada?

Não será um narcisismo elevado à décima potência? Uma auto-glorificação de likes? É-me, actualmente, indiferente.

Sinto o vício a despontar debaixo da unha. Aquele necessidade abrasadora de ir lá fazer nada, alguma coisa, mas a ausência de reciprocidade, a deselegância recorrente bastou-me; talvez.

Escrevo aqui, claro que sim – sempre. Escrevo para mim. Aqui sinto-me interessante.

uma explicação

Um destes dias tentei explicar a alguém e ao meu mim como funciona a minha mente, cabeça, cérebro, massa cinzenta, como diria Poirot, ao tentar relaxar para dormir ou apenas relaxar pelo relaxar.

Pensa no zapping. Clicas num botão percebes umas imagens, uns sons durante três ou cinco segundos. Clicas novamente. Outras imagens e outros sons. Três, cinco segundos. Zip. Novas imagens e sons. Zap. Imagens e sons; mais Zip e Zap. Entretanto passaram três minutos e foram vistas imensas imagens e ouvidos outros tantos sons. O que foi retido nada de nada – zero. E zero foi, igualmente, o relaxamento, ao não conseguir utilizar uma imagem/som que me fizesse descomprimir e adormecer ou esvaziar, simplesmente, o pensamento.

Acho que o mar é o meu único facilitador de relaxamento. Adoro vê-lo, sentir o seu cheiro, a sua espuma, o seu sabor salgado. Gostava de ter uma cama virada para o mar. Será o meu obscuro desejo?

Complicado? Vou tentar outro exemplo. Pode ser?

Imagina o motor de um Outerlimits 50′ Catamaran a trabalhar em ralenti. Os seus 2.500 cavalos adormecidos, em rom-rom rom-rom rom-rom. A lancha está calma. Aconchegada pelo mar. Aí carregas no acelerador, o motor ruge – vroooommm! Largas o pedal rom-rom rom-rom rom-rom. Vroooommm! Rom-rom rom-rom rom-rom. Vroooommm! E nesta subida constante das rotações o teu cérebro nunca chega a descansar. Quando menos esperas é-te arrancado um vroooommm!

Percebeste agora?

#brexit

O casamento é um momento glorioso para o casal. Convidam amigos, inimigos, ex-amantes, amantes. Os noivos consideram que esse dia é o dia mais maravilhoso. O dia com mais impacto nas suas vidas. Mentira. O dia mais influente é o do divórcio. Vejam se a saída do UK da EU não tem mais reverberação do que a entrada.

#brexit

a varanda do frangipani de mia couto

A ler calmamente esta obra maravilhosa de Mia Couto.


upDATE_2017.07.06
Terminei ontem esta obra. Adorei este livro. Adorei. Adoreiiiiiiiiiiiii

com as mãos nos bolsos

Isto está de mal a pior de tal forma que ontem me senti aborrecido. Eu aborrecido é uma novidade. Sem vontade para ler, escrever já não o faço há meses, para ver um filme e/ou uma série. Sem vontade para tudo e para nada.
E quando este sentimento nauseabundo se hospeda em mim leva-me a formatar alguns comportamentos, atitudes. Limpar o disco mental. Começar do zero. Desaparecer do contacto real e virtual. Assim, terminei a conta no Flickr que tinha desde 2006 ou 1996?? Não acedo ao Facebook e ao Twitter desde o início do mês e removi essas contas do telemóvel.
Tenho na mesa-de-cabeceira uma pilha de livros que fui, ontem, colocando de parte – zero vontade, total aborrecimento. A partir de certo momento parei de procurar. Stop obsessão.

Sei que o apetite irá despertar a qualquer momento e aí estarei numa curva ascendente – voraz!

Hoje chegou uma nova remessa de livros. Novidades para breve ou talvez não.

adormecer ao estilo piloto de testes

Hoje utilizei todas as técnicas conhecidas pela humanidade para adormecer e dormir e outras tantas mais desenvolvidas por mim.

Engoli um comprimido. Apaguei a luz e afaguei a cabeça na almofada de padrão florido – ainda primavera. Fechei os olhos. Iniciei a preparação para o relaxamento. Pensei… pensei que estava debaixo de uma palmeira embutida na areia que traçava uma elegante sombra sobre uma cadeira de praia na qual moi estava refastelado a ler um livro enquanto era embalado pelo som e cheiro da brisa marinha. Já sentia o cérebro a abrir as portas para Morfeu. Ah! a doce sensação de desprendimento invadia o quarto… bem-vinda!

Tudo corria bem. O vento desfraldava as velas com constância. A viagem antevia-se prometedora até pensar o quanto seria divertido se de repente a água do mar congelasse (não impliquem com a impossibilidade científica; estava a preparar um sonho, ou, melhor dizendo, o preâmbulo de um sonho) e todas as pessoas seriam fatiadas pelo gelo: as que estavam a banho, a surfar, a arrancar mexilhões; enfim todas as pessoas envolvidas com o mar de qualquer forma. Sangue, entranhas por todo e qualquer lado, crianças a chorar – desespero total. Resultado, acordei sem estar a dormir. O que se passou com o comprimido para não actuar dentro do tempo regulamentar: dez segundos, o limite para castrar pensamentos parasitas.

Acendi a luz e olhei para dentro do copo para confirmar se continha água. Estava vazio. Confirmei que tinha bebido a água, mas fiquei na dúvida se a acompanhei com o comprimido. Deveria arriscar tomar outro? Assumindo que o meu organismo já tinha absorvido um. Decidi-me pelo não. Não porque tinha receio do que me poderia acontecer com a toma de dois comprimidos, mas sim porque não me apetecia ir à cozinha encher o copo com água. E se afinal o problema não estava na medicação, mas na minha cabeça. O que se passa comigo? foi a segunda questão que coloquei. Sou realmente um máximo a colocar questões.

Duas questões. Zero respostas. Ganhou o inquisidor. Insónia foi a ordem do dia. Encerrada a sessão.

a explicação para abanar a cabeça

Sinto que estou em depressão há mais de sessenta dias. Quando este sintoma se manifesta a vontade de dormir ocorre a toda a hora e em qualquer lugar. O que é compreensível tendo em conta que não consigo adormecer nas horas ditas normais: das 00h00 às 08h00. No entanto para ser verdadeiro a narrar os factos terei de dizer que adormeço, mas não consigo dormir – absurdo eu sei. É o que acontece quando se sofre de ansiedade ao quadrado, pânico ao cubo, em suma quando se vive atrelado a um transtorno obsessivo compulsivo.

“Adormecer e não dormir” como posso explicar isso? Tenho duas teorias perfeitamente válidas.
Primeira teoria: tenho 6 fases do sono. O que faz de mim um caso clínico único. Okay. Esta teoria não tem fundamento. Afinal só tenho uma teoria válida.
Segunda teoria: tenho um superego freudiano altamente marado que não aceita o absurdo – certo/errado – do onírico. Explicando. Adormeço a maior parte das vezes rapidamente e acordo mal os meus neurónios percebem que no sonho alguma situação não está de acordo com o usual. Tipo: estou a voar e isso está incorrecto, por isso o meu cérebro como que acorda e tenta corrigir esse erro ou estou a correr muito lentamente, nunca alcançando o objecto do meu desejo. Sim, nem a dormir consigo me conciliar com o paradoxo de Aquiles e a tartaruga. E, como tal, passo o resto da noite a forçar um sonho aceitável no qual sou um ninja, alguém com o poder de atravessar paredes ou estou a ser bajulado por um milhão de ursos de peluche vivinhos da silva – são energizados por pilhas Duracell. Entre este acordar/sonhar/forçar acabo por nunca conseguir dormir em perfeita sintonia com o colchão. Como dá para perceber esta teoria é a que mais pernas tem para avançar.

Por hoje, chega de explicação. Vou meter as mãos nos bolsos da minha pele e sonhar ou adormecer a tentar.

3 dicas mágicas

Três dicas mágicas para nos mantermos frescos:

  1. mergulhar numa piscina
  2. relaxar à chuva sem guarda-chuva
  3. com um guarda-chuva saltar para o oceano

le scat noir #224

Além de ter uma história incluída, que é mais outro diálogo absurdo (“how to win a conversation“), enfim umas breves linhas, ao melhor estilo telegrama e, um desenho, “deadpool“, tenho, igualmente, neste excelente número uma referência ao lançamento do meu livro Sons of Man.

É sempre um prazer colaborar para este revista e ter o meu nome lado a lado com artistas tão loucos: saudavelmente.

coisas de maio, 2017

As leituras de alguns fins-de-semana e não só.

Um pouco de banda desenhada:

  • Airborne 44 de Philippe Jarbinet
    Já conhecia esta série depois de ter lido na L’immanquable n°6 (06.2011) o álbum n.º 3. Apenas li o primeiro ciclo (Onde os Homens Caem e O Amanhã Será Sem Nós) desta excelente série com desenhos, textos e cores de Philippe Jarbinet. Adorei a leitura – admirável. Para o próximo fim-de-semana será lido o segundo ciclo.
  • Mulher-Maravilha: Terra Um de Grant Morrison e Yanick Paquette – da nova colecção da Levoir, Mulher-Maravilha, não me convenceu pela história, com pouco ritmo; adorei , contudo, a arte.
  • Trolls de Troy: L’or des trolls [tome 21] – como sempre é uma leitura divertida (lida nas revistas Lanfeust Mag n.193 a n.199)

Depois foi um pouco de fantasia:

  • Elric – O Príncipe dos Dragões de Michael Moorcock
  • Nove Príncipes de Âmbar de Roger Zelazny
    Descobri o mundo fantástico de Âmbar através do livro The Great Book of Amber.
    Em 2008 comecei a reler As Crónicas de Âmbar através da colecção Argonauta, que em 2001 no seu  n.º 521 editou, Nove Príncipes em Âmbar. Não terminei (a razão). Volto novamente à carga em português com a edição da Saída de Emergência.

mais leitura

  • Comboio Fantasma Para o Oriente de Paul Theroux – adorei. realmente magistral. fiquei viciado.
  • As Fabulosas Aventuras de Solomão Kane de Robert E. Howard – leitura muito agradável. Este livro, editado pela Saída de Emergência, é composto pelos contos:
    – As Caveiras nas Estrelas (Skulls in the Stars) [1929]
    – A Mão Direita do Destino (The Right Hand of Doom) [1968]
    – O Chocalhar de Ossos (Rattle of Bones) [1929]
    – A Lua de Caveiras (The Moon of Skulls) [1930]
    – As Colinas dos Mortos (Hills of the Dead) [1930]
    – Asas na Noite (Wings in the Night) [1932]
    – Os Passos no Interior (The Footfalls Within) [1931]
    e pelo poema:
    – O Regresso a Casa de Salomão Kane(Solomon Kane’s Homecoming) [1936]
  • Eu Sou a Lenda (I Am Legend) [1954].
    Editado pela Saída de Emergência, este livro com textos de Richard Matheson, além do excelente romance que lhe dá nome, ainda tem os contos:
    – Nascido de Homem e Mulher (Born of Man and Woman) [1950]
    – Presa (Prey) [1969]
    – Perto da Morte (The Near Departed) [1987]
    – Pesadelo a 20.000 Metros de Altitude (Nightmare at 20,000 Feet) [1962]
    – Os Filhos de Noé (The Children of Noah) [1957] – conto previamente lido, salvo erro, na colecção Biblioteca Hitchcock do Círculo de Leitores.
  • O Peso do Coração de Rosa Montero – adorei ler esta aventura, daí que o segundo volume conste da minha lista de desejos.