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as crónicas da companhia negra

As Crónicas da Companhia Negra em inglês

Durante incontáveis gerações, a Companhia Negra, a mais famosa e temida irmandade de mercenários, serviu grandes senhores. Mas os dias de glória há muito que ficaram para trás. A trabalhar para o governador de uma ilha insignificante, estes veteranos limitam-se a fazer aquilo para que são pagos, enterrando com os seus mortos o desencanto que os atormenta. Entretanto, depois de séculos de enclausuramento, a Senhora ressurgiu. Alguns acreditam que ela é a única que mantém o mundo a salvo de um mal maior. Outros, temem que ela seja a encarnação desse mesmo mal. Quando surge a profecia de que, algures, nasceu uma jovem que irá livrar o mundo da Senhora e dos seus exércitos impiedosos, a Companhia Negra terá de escolher um lado. E assim começa uma das sagas de fantasia mais originais e disruptivas de sempre.

Saída de Emergência

  1. The Black Company (05.1984) – 1.º Books of The North
  2. Shadows Linger (10.1984) – 2.º Books of The North
  3. The White Rose (04.1985) – 3.º Books of The North
  4. Shadow Games (06.1989) – 1.º Books of The South
  5. The Silver Spike (09.1989) – spin-off
  6. Dreams of Steel (04.1990) – 2.º Books of The South
  7. Bleak Seasons (04.1996) – 1.º Glittering Stone
  8. She Is the Darkness (09.1997) – 2.º Glittering Stone
  9. Water Sleeps (03.1999) – 3.º Glittering Stone
  10. Soldiers Live (07.2000) – 4.º Glittering Stone
  11. Port of Shadows (09.2018) [1]
  12. A Pitiless Rain (a conclusão da saga, sem data ainda determinada)

As Crónicas da Companhia Negra pela Saída de Emergência – Glen Cook, finalmentee!

1. A Companhia Negra
2. As Sombras Eternas 
3. A Rosa Branca


[1] Port of Shadows é o décimo primeiro romance da série Black Company, e cronologicamente ocorre entre The Black Company e Shadows Linger.

Finalmente a verdadeira fantasia está a ser editada em Portugal. Grande novidade. Já devia ter resmungado mais cedo.

seca de neal shusterman e jarrod shusterman

A seca já dura há muito tempo na Califórnia. E a vida da população tornou-se uma interminável lista de proibições: proibido regar a relva, proibido encher a piscina, proibido lavar o carro ou tomar duches longos. Até que as torneiras secam de vez. E é assim que, de repente, o tranquilo bairro onde Alyssa Morrow vive se transforma numa zona de guerra, onde vizinhos e famílias, outrora solidários, se digladiam em busca de água.

Saída de Emergência

Comprei este livro menos pela actualidade do tema e mais para saber como os autores iam tratar a adorada dualidade homo homini lupus (o homem é o lobo do homem de Hobbes) vs bom selvagem.
Neste caso concreto a “psicologia de escassez e pensamento de privação”. [1]

De um lado o pessimismo de Hobbes, do outro lado o optimismo
Jean-Jacques Rousseau. Na história as personagens, jovens adultos, não chegam a balancear-se entre os dois pólos – agem sempre pela bitola da sobrevivência e do bem comum. Nunca são verdadeiramente maus.

Ocorrem casos do homem ser lobo do homem, mas são tão isolados que comprovam o optimismo dos autores. O homem é bom por natureza, agindo contra as normais sociais apenas para sobreviver.

Mesmo sendo um livro, digamos que optimista, os autores exploram bem a natureza humana e a sobrevivência. Mas gostava de ter sido fornecido mais factos sobre a falta de água, o que estava a ocorrer, por exemplo, em outras zonas do país.

Gostei da forma como a história é contada pelas perspectivas das personagens principais: Alyssa, Kelton, Garrett e Jacqui. E o mecanismo funcionou bem. Criou sempre uma sensação de desespero e paranóia.

O final da história não é forçado. É um livro que nos faz acima de tudo reflectir sobre a precariedade da nossa sobrevivência como raça.


[1] página 138

um estranho numa terra estranha de robert a. heinlein

Lido em 1986 e fiquei mais do apaixonado pelo livro. Foi um marco nas minhas leituras de ficção científica.

Relida desta feita a versão integral e as sensações, confusões, indagações, crepitações, lacerações e outras tantas aliterações causadas resultaram numa leitura fantástica.


Tradução de Jorge Candeias

mais frescos do que sardinhas

Nesta semana que acaba recebi:

de sempre!

Fundação = “O Melhor Livro de Ficção Científica de Sempre”

Um Estranho Numa Terra Estranha = “O Mais Famoso Romance de Ficção Científica de Todos os Tempos”

Nada como uma boa frase publicitária.

traduções, escolhas…

“Um Estranho Numa Terra Estranha” é um livro originalmente escrito em inglês que a páginas tantas tem o seguinte texto:

IN THE VOLANT LAND OF LAPUTA, according to the journal of Lemuel Gulliver recounting his Travels into Several Remote Nations of the World, no person of importance ever listened or spoke without the help of a servant, known as a “climenole” in Laputian-or “flapper” in rough English translation, as such a Servant’s only duty was to flap the mouth and ears of his master with a dried bladder whenever, in the opinion of the servant, it was desirable for his master to speak or listen.

texto na edição original

(…) century and half before they were observed by Terran astronomers, and, secondly, Laputa itself was described in size and shape and propulsion such that the only English term that fits is “flying saucer.”

texto na edição original

A minha primeira leitura do livro “Um Estranho Numa Terra Estranha” foi a edição da Publicações Europa-América de 1982, Livros de Bolso, série Ficção Científica, traduzido por Luísa Rodrigues. Aqui a tradução do termo “flapper” não foi feita.

(…) ou flapper, na tradução inglesa (…)

página 128

Convém referir que a edição publicada pelas Publicações Europa-América não é a história completa, mas a edição que continha cerca de 160.000 palavras. A edição publicada pela Saída de Emergência é a edição completa a rondar as 220.000 palavras.

The earlier edition contained a few words over 160,000, while this one runs around 220,000 words. Robert’s manuscript copy usually contained about 250 to 300 words per page, depending on the amount of dialogue on the pages. So, taking an average of about 275 words, with the manuscript running 800 pages, we get a total of 220,000 words, perhaps a bit more.

perfácio

Ao longo da tradução de Jorge Candeias para a edição da Saída de Emergência vamos lendo:

Aprendera recentemente a falar inglês simples (…)

página 33, volume I

Secretário-Geral: Não preciso dele. Você diz que o Smith compreende o inglês.

página 67, volume I

– Aguenta aí – disse apressadamente Harshaw – O problema está na língua inglesa, não em ti.

página 172, volume I

Mas chegados à parte sobre a terra de Laputa o tradutor escolhe este caminho:

(…) ou «batedor», em tosca tradução para português (…)

página 202, volume I

(…) e uma propulsão que o único termo português que lhe corresponde é o de «disco voador».

página 204, volume I

Numa tradução espanhola de 1996 por Domingo Santos (Plaza & Janés Editores S.A.), temos:

(…) «palmeador» según su traducción aproximada al inglés (…)

Gostava de saber por que o tradutor Jorge Candeias optou pelo caminho de traduzir a palavra “inglês” para “português“.

batismo de fogo por andrzej sapkowski

Andrzej Sapkowski continua a massacrar, com uma história envolvente e viciante, o leitor.

A introdução de novas personagens, uma arqueira, anões e um vampiro, trouxe ainda mais divertimento – fascinante!

Andrzej Sapkowski não deixa de supreender. Esta saga, já no volume V, continua a marcar pontos.

é uma longa história

Ao ler o livro “Batismo de Fogo” por Andrzej Sapkowski não pude deixar de reparar neste pormenor porque ocorreu passadas que foram 3 páginas. Ora vejamos:

– Como?
– É uma longa história.

página 172

– Que problemas?
– É uma longa história.

página 177

– E qual é a sua fonte de informação, estimado Cahir, filho de Ceallach?
– É uma longa história.

página 180

Nada como deixar o leitor em suspenso. Pois!

ufa, mais uns

Aqui estão mais umas compras acabas de chegar.

Vou continuar com escritores já conhecidos:

E descobrir uns novos:

a canção de kali de dan simmons

Robert Luczak, jornalista e editor, é enviado a Calcutá para recuperar um manuscrito de uma raridade incalculável. O seu autor é um obscuro poeta indiano que morreu há quase dez anos. O manuscrito, no entanto, é mais recente, e estranhos rumores dizem que o autor ressuscitou para escrever essa obra. Aconselhado por um amigo a não aceitar a missão, Robert ignora o aviso e até leva a mulher e a filha recém-nascida. Uma decisão que o irá atormentar para o resto da vida. Calcutá é um lugar selvagem, agressivo, imundo e infinitamente estranho. Logo que chega Robert é arrastado para as entranhas da cidade e descobre que não é o único a perseguir o valioso manuscrito. O Culto de Kali – uma temível seita que conspira para invocar a Deusa da Morte e libertá-la sobre a Terra – está disposto a tudo para o encontrar: sangue, morte e até sacrifícios humanos.

Saída de Emergência

Excelente leitura. Uma história misteriosa, intensa, assombrosa, evocativa, potente, triste, heróica – ufa!

A Canção de Kali não é um livro para um leitor preguiçoso. É um livro que nos instiga a reflectir sobre o que nos torna (des)humanos.

Dan Simmons descreve a dor e o terror com uma tal precisão que se torna difícil absorver tudo de rajada – “violência é poder”.

História sombria e credível que nos irá assombrar durante muito tempo.


Tradução de João Barreiros